Viva

10 Vivas para o livreiro que me disse que o livro Viúvas de Eastwick de John Updike não era sequela de qualquer outro, facto que me levou a comprá-lo.

Para minha felicidade fui verificar que este livro é a continuação, ou sequela, do livro Bruxas de Eastwick e agora não posso ler o livro porque acabei de o comprar, não posso agora comprar o outro.

A sério, muito obrigado.

Snob ou lógico?

Hoje num famigerado programa de TV alguém disse a uma das concorrentes "Não sejas snob em relação à música pop".


A frase é brilhante. Ora bem uma pessoa snob é alguém que aparenta e faz por aparentar ser melhor do que aquilo que realmente é. E eu não vejo mal nenhum em ser snob em relação a uma coisa snob. Porque a música pop de hoje é a snobice (não sei se isto existe mas vai assim) total.

E quando se diz "eu não gosto" ou "acho que é fraco" não se está a aparentar ser melhor do que nada. Está-se a expressar uma opinião. A sorte é que eu não sou a favor do wikileaks porque senão convocava já uma manifestação!!!!

Mas bem, na sequência disto li um artigo sobre esse concerto que passou por Lisboa um dia destes. Da autoria de Nuno Galopim. Podem ler o artigo na integra algures na internet. Procurem que eu não sou vosso pai.

Quanto a mim vou destacar algumas frases e comentar. Vou ser Marcelo por uma hora. Ora então:

"(...)na noite de sexta- -feira, perante um Pavilhão Atlântico cheio e rendido desde bem antes da entrada em cena da rainha da noite.(...)" - Rainha da Noite é um belo tema dos D'Arrasar, ora vejam lá aqui http://www.youtube.com/watch?v=X7COxfC8L0M
Se a Lady Gaga visse esta coreografia e soubesse quantos discos eles venderam nunca mais cá vinha. Ou se calhar vinha cá mais vezes.

"(...)não perdendo nunca a oportunidade para expressar uma atitude política, mais que uma vez trazendo a Lisboa uma mensagem de firme apoio à comunidade LGBT (lésbica, gay, bissexual e transgénero) que tem defendido desde os primeiros passos da sua carreira pública. (...)" Carreira essa que antes de ser pública se limitava a ser uma pianista de jazz. Quem diria. "Be yourself" - That's what she said! Ah! E Nuno então. Isso é política? Vá lá, o que é que aprendemos na faculdade? Eu acho que isso é mais uma questão social. A consequência da sociedade torna-se lei. A lei não é consequência da política. Ai ai ai.

"(...)Lady Gaga não deixou de mostrar porque muitos dela fizeram um ícone de absoluta referência.(...)" Tenho todo o prazer em explicar. O porque é parvoíce. Dela e dos que gostam.

"(...)Tratando os presentes como os seus "monstrinhos" e integrando a palavra Portugal em inúmeros instantes ao longo de todo o concerto(...)"
Tenho a dizer que não gosto desta parte. Há drogados que o nome carinhoso que lhes davam era monstrinhos. Se eles lêem isto vão apanhar uma overdose de desgosto. Tenho a dizer também que 90% da população diz que o país deles, Portugal, é uma porcaria. Mas bem, no concerto é maravilhoso. Já eu vivo num país chamado Portugal e o meu país é extraordinário. Sobretudo do Mondego para cima.

"(...)transportando até a dada altura uma bandeira portuguesa, Lady Gaga mostrou que quem a reduz a uma ideia de estrela para aparato visual e ponto final mais não faz senão expressar um preconceito mal informado. (...)" Fantástico. Eu quando vejo os corredores a ganharem medalhas de ouro penso "Hey, deve-se achar o maior" Mas quando eles pegam nas bandeiras dos países sobem imediatamente na minha consideração. Mas bem, não é só aparato visual, é também música igual a qualquer outra. Aliás, há várias acusações de plágio. E não creio que ela tenha feito plágio, mas só há esse tipo de acontecimentos se as coisas forem bastante parecidas. Acho que isto é bastante claro.

"(...)De facto, e ao contrário de outros grandes espectáculos de grande produção do nosso tempo, ficou claro que a Monster Ball Tour não se limita a uma ideia de monumento para encher o olho.(...)"
Só tenho a dizer. Led Zeppelin - Royal Albert Hall 1970. Só havia uma luz para cada músico. Isso é um espectáculo. Obviamente que a Monster Ball para além de encher o olho enche a paciência.

"(...)ela mesma tocando piano (com uma espantosa atitude showbiz, cruzando diálogos com a plateia com a canção que nos ia apresentando) (...)"
Ah. Que saudades. Do tempo em que eu tinha uma banda e adoptava a minha atitude showbiz. Era eu a tocar uma música e depois parava para contar a história do lobo mau, depois continuava e parava novamente para contar a história da Branca de Neve. O que faz de mim um artista bastante completo. Só que bem, eu não sou protegido do Akon e não tenho jeito para vestidos estúpidos. Desisti da música.

"(...)Lady Gaga é um ícone pop dos nossos dias e a Monster Ball é talhada à imagem e personalidade da figura que já inscreveu na história recente da cultura popular.(...)"
Gostava de entender o que é que foi inscrito. Deve ser parvoíce.

"(...)É uma diva vestida a excesso e glamour, mas também a figura magoada.(...)"
É a primeira vez que vejo alguém dizer que um soutien e umas cuecas é uma indumentária excessiva.

"(...)Do jogo de contrastes nascendo uma voz que a si chama incompreendidos e diferentes, com eles partilhando o baile que, se por um lado é festa e libertação(...)"
É engraçado que quando vi as reportagens pareciam ser o mesmo tipo de pessoas que foram ver os U2, só que ainda mais parolos e havia mais gente com mais de 30 anos.

"(...)apresentando uma colecção de criações de fazer inveja a muita passagem de modelos(...)"
Se a Chanel não estivesse morta, agora morria de vez. Comentário ridiculo. Tal como as "criações".


Enfim.

Há comentários que dizem que ela é a Rainha da Arte, mais do que rainha da pop. Eu tenho a dizer, que Mozart não é só um marco porque o nome dele acaba em art(e) é porque bem, ele compôs música fabulosa. Tal como muitos outros artistas clássicos. Tal como outros artistas pop, rock e de todos os estilos. Lady Gaga é mais um cliché. Tal como a Rihanna tem sucesso por ser protegida do Jay-Z. Tal como a Nelly Furtado por ser protegida do Timbaland. A Lady Gaga é uma protegida do Akon. Infelizmente aqui na Europa tudo pega. E a Lady Gaga passa a mensagem fabulosa de que somos todos iguais, mas agora desafio qualquer pessoa que goste dela a contar as bandas não americanas que tiveram sucesso nos Estados Unidos.
Porque somos todos iguais até certo ponto. Nos EUA há muito poucas bandas europeias a vingar. Tirando U2, Rolling Stones, Beatles, Pink Floyd e, acima de todos, Led Zeppelin, são poucas as bandas que realmente lá chegaram. O que prova que não somos todos iguais e nós, aliás, a maior parte das pessoas aqui come sempre a mesma merda com cheiros diferentes.
Eu não gosto especialmente de U2, Roling Stones e Pink Floyd, mas temos que admitir, todas elas são bandas drasticamente diferentes. E acho que é impossível todas as porcarias que saem dos EUA serem boas ao ponto de merecerem airplay internacionalmente.
Portanto não me venha dizer que Lady Gaga é diferente. É a mesma coisa disfarçada. A música pop de hoje em dia é uma fórmula esgotada. Paradoxal é que continua a vender bastante, apesar de ser uma fórmula repetida. Continua a vender bastante porque continua a haver gente que se deixa levar pela porcaria.
Lady Gaga defende aqueles que são diferentes, mas na verdade entregou-se ao público daqueles que são iguais. Caso contrário não vendia tantos discos como vendeu. E acham mesmo que as pessoas realmente diferentes gostam da música que ela faz? Se eu me for a lembrar de artistas com problemas próprios, relativos à sexualidade lembro-me por exemplo de Placebo. Agora vejam as similaridades.

Eu sei que eventualmente haverá gente que dirá que a minha opinião é má língua, mas é esta a minha opinião, sem preconceitos mal formados. Simplesmente analisando os factos que temos à nossa disposição e estabelecendo um padrão lógico de acontecimentos. Só não vê quem não quer.

Incongruências

Há coisas que me repugnam na sociedade de hoje em dia.

No youtube circula um vídeo de um casal que fazia sexo na Rua de Santa Catarina. Toda a gente sabe mas para quem nunca lá tenha passado é uma rua central da cidade do Porto onde passam todos os dias milhares de pessoas.

Posto isto uma senhora intervém junto do casal (ou bêbedos ou pedrados) no sentido que parem com aquele acto (vergonhoso). Posto isto a tipa que estava deitada no chão pôs-se a pé e ripostou como se tivesse muita razão. Em menos de nada já tinha levado uma chapada e já estavam a agarrar o cabelo uma à outra. O macho do casal pôs-se a pé preparando-se para agredir a senhora que tentou acabar com a vergonha. Nisto aparece um quarto interveniente que lhe atesta um soco que atira o macho ao chão partindo de seguida uma garrafa da qual o casal estava a beber.

Muito bem. Se lermos os comentários do youtube há gente a condenar aqueles que intervieram no sentido de acabar com a pouca vergonha. O que é fabuloso. Porque bem "coitadinhos só estavam a fazer sexo na rua". E as pessoas e crianças têm que aturar com coisas dessas? Será que hoje em dia não há limites para o respeito?

Ora, maior parte das pessoas que defendem a não violência e que as pessoas em vez de partir para a agressão poderiam ter chamado a polícia assumem-se como de Lisboa ou de localidades que não na zona norte.
Tudo bem que se podia ter chamado a polícia mas aquilo mais que um caso de polícia é um caso de civismo. E o civismo é imposto pela sociedade civil, na qual se inclui a polícia, obviamente, mas também se inclui uma coisa mais importante ainda. As pessoas.

Se as pessoas não fizerem nada as coisas vão piorar. Se ignorarmos as nossas responsabilidades civis a civilização vai desaparecer e seremos apenas um bando de animais sem qualquer regra social e sem qualquer respeito.

Já se sabe que para o bem ou para o mal as pessoas no norte são menos tolerantes com este tipo de actos. E sim, sobe mais a mostarda ao nariz as essas pessoas e agem de forma mais inconsequente e bruta. Mas uma coisa é certa, em dois minutos resolveu-se aquele problema. Em vez de esperarmos quinze, vinte ou trinta minutos que a polícia aparecesse e entretanto todas as pessoas que por ali passassem, velhos, adultos e crianças tinham que assistir ao espectáculo degradante. É uma palhaçada.

Consequentemente ontem foi realizada uma manifestação contra o encerramento do wikileaks.

Eu pessoalmente sou contra uma organização como a wikileaks. A liberdade de expressão é algo de valioso. Mas a nossa liberdade é algo de valioso também.

Este tipo de liberdade de expressão poderá acarretar riscos perigosos a curto prazo. A eventual revelação de alguma informação importante pode levar à precipitação de confrontos entre países cujas relações são periclitantes.

Depois há aquela questão de já terem sido revelados 20 000 ficheiros, mas desses quantos são realmente relevantes? Eu não consultei nenhum portanto não faço ideia mas temo que, pelas notícias relacionadas a esse site, dos 20 000 ficheiros pelo menos 10 000 deverão ser irrelevantes.

Finalmente há a questão de maior parte dos documentos serem informações confidenciais. Isso quer dizer que a wikileaks ultrapassa o limite da liberdade. A nossa liberdade acaba quando interfere com a liberdade dos outros. Eu penso que qualquer país deverá ter a liberdade de comunicar livremente dentro das suas próprias instituições.

Apesar disto tudo e de todos os argumentos que se possam dar a favor ou contra a wikileaks é estranho pensar que há pessoas que se virem um casal na rua a fazer sexo descaradamente em frente a crianças e tudo mais, não faz nada, mas se fecharem um site que pouco ou nenhum impacto tem na felicidade comum, é apenas um (mais um) instrumento jornalístico incendiário, nesse caso já fazemos alguma coisa.

Eu sei ou pelo menos suponho que as pessoas que se manifestaram a favor da manutenção do wikileaks poderão não ter nada a ver, ou nem sequer concordam com a falta de acção contra a pouca vergonha que se passou em Santa Catarina. Mas há aqui um padrão, que é bastante grave e é preciso ter noção de isso.

Hoje maior parte das pessoas se vir alguém a ser assaltado, vira a cara, não acode a vítima do assalto. Se vir alguém a ser violado, desvia o caminho, não acode a vítima de violação. Se vir alguém a ser agredido gratuitamente, faz de conta que não é nada com ele, em vez de defender aquele que basicamente está a ser espancado. Isto é preocupante.

Já as pessoas manifestarem-se a favor da manutenção de um site que pouco mais faz do que espalhar brasas (e ainda bem) são só pessoas estúpidas e sem qualquer objectividade.

Remodelações

A todos os leitores eu e a Efémera pedimos desculpa, desde já. Estamos a tentar mudar algumas coisas no nosso (e vosso) querido e adorado blog.

Portanto como não somos masters destas andanças vai levar um bocadinho. Mas prometemos que em breve poderão ver aqui novamente as fotos da Pantufinha, do Kafka, do Castor, da Kita e do Gato. E todas as outras coisas como vídeos etc voltarão a funcionar novamente.

Entretanto pode ser que apareçam novos posts, por isso vão passando.

Saudações citrinas para todos.

Aquela coisa

Hello everyone.

Aqui estou eu para falar da música mais espectacular que se pode ouvir num concerto. É aquela coisa que eu não sei bem explicar, mas esta música tem algo que definitivamente me eleva a novas galáxias de emoção. Na verdade são três músicas. Uma mais que a outra e a outra mais que a terceira. Mas todas elas me tocam bem fundo em sentimentos diferentes.

Escusado será dizer que as três músicas são dessa banda que eu nunca falei aqui antes. Os dEUS. Ora nem mais. Há muita gente que gosta deles, mas daí, apenas um décimo deles deve entender em toda a sua plenitude o que significa gostar dos dEUS e o que é que significa gostar das músicas dos dEUS.

A música que mais excita, apenas pela adrenalina do carrossel de som e esquizofrenia que contem, é a Suds & Soda. É algo naquele violino electro-maníaco-repetitivo, junto com a guitarra marcada à qual juntamos o Tom Barman a cantar quase que num hip hop subvertido num rock, junto daquela voz insistente e poderosa que grita "FRIDAY". É algo nisso tudo que caminha a olhos vistos para uma apoteose que apesar de saber que vai chegar me surpreende sempre de tão intensa que é. Seja Super Sharp ou Sabotage naquela pausa final a música ganha uma força de explosão e êxtase contido que mais nenhuma consegue ter.






Eu estive lá!



A segunda música no meu top é uma música com a qual me identifico bastante até porque foi a banda sonora do período mais feliz da minha vida :)

Começa com uma inocência semelhante àquela que sentimos quando partimos à descoberta. É um fio que puxamos com uma mão de cada vez e que traz sempre qualquer coisa nova, qualquer detalhe novo e delicioso. Na música são as guitarras, o violino ou o piano, a voz e a outra voz que aparece no refrão. É a segunda parte onde nos recriamos num jardim repleto de dentes de leão e felicidade oculta nos sentimentos que não queremos bem mostrar ainda. E volta o refrão agora cantado a dois e que acaba no início do maior splash musical de sempre. Um solo de cinco notas apenas. com uma guitarra, normalmente empunhada por um senhor que deve ser um dos melhores escritores de música de sempre e que sente esta música bem a sério quando está em palco. E ver o violino a subir. A bateria a aumentar a densidade como o pulsar de um coração que caminha para um grande momento de emoção. E a outra guitarra cada vez mais depressa e a música cada vez mais intensa, apesar de parecer impossível aumentar, ela aumenta e na minha cabeça tudo o que aparece são momentos e fotografias que nunca poderei emoldurar mas que estão bem à vista na minha cabeça e no meu coração e que significam mais que tudo para mim e com isto tudo, quando a música acaba naquele fim que se perpetua eu tenho lágrimas nos olhos. Só nesta música.







Nesta versão tal como na seguinte não estive, mas já as vi ambas três vezes. O que é fucking amazing!

Finalmente a outra música desperta em mim algo de mais selvagem. Desperta um bocado a revolta. A sample é repetitiva, mas confiem em mim. Se ouvirem aquilo ao vivo sentem a roupa a tremer com a força daquele som. Um som que não nos deixa olhar para o lado. Chama-nos. A música evolui com uma coisa de cada vez, com uma letra sobre alguém que quer impôr algo com boas maneiras. He said No More Loud Music. E quando a música nos começa a conquistar pelo seu groove e pelo seu jingar (não em ocorre palavra melhor) "I told you once I told you twice" e bum! A música rebenta a intervalos de poucos segundos. Sendo que em cada explosão há sempre algo de novo e mais forte. Ao fim de algumas explosões a banda contenta-se com por tudo no mesmo ritmo, acompanhado de loops maníacos e sinistros, enquanto alguém pergunta "You got something to say? C'mon tell me right now!" sim, eu penso nisso muitas vezes, apetece-me muita vezes perguntar a muita gente se têm problemas e às vezes faço-o e digo o mesmo, forço e tenho vontade de forçar as pessoas a terem coragem para mo dizerem na cara. E depois STOP! e alguém começa a gritar acompanhado por uma guitarra que em breve é toda uma banda num ritmo maníaco e assustador que parece um sonho mas é na verdade um puro momento de adrenalina em que nos excedemos até que a música por breves segundos volta ao ritmo compassado e poderoso em que estava antes, apenas para voltar à adrenalina com a ainda mais força. Como alguém que reforça um argumento e que não esquece o que acabou de dizer e que quer dizer. A música volta ao ritmo anterior apenas para voltar a uma versão reduzida dos gritos que a mim me soa a apenas a "Eu não esqueço! E estás avisado".

Os problemas que não são problemas, mas para alguns são problemas, porque eles próprios são problemas

Hoje em dia, seja na vida normal,seja na vida na Internet (blogs etc) há um drama de problemas.

Ah, porque... Bem eu ia dizer para aqui umas parvoíces mas hoje estou numa de ir directo ao assunto.

Vou escrever hoje o manual dos relacionamentos. Porque isto para as pessoas é muito mais difícil do que seria de esperar.

As pessoas de hoje em dia levam de forma leviana as decisões importantes no que concerne a relacionamentos. Por exemplo, namorar não é nada de sério hoje em dia. Pronto namoramos, como quem puxa de um cigarro e fuma ou como quem liga a tv. É um acto sem (aparentemente consequência). E depois passados meia dúzia de namorados começa-se a ter dúvidas. Já não sabemos bem quem é que nos satisfaz as medidas e não sabemos sequer controlar as nossas atitudes, ou conseguimos mas pensamos que não conseguimos tal é o medo que temos de voltar a falhar.

A conclusão a que se chega deste facto é. Fazendo a analogia com um desporto, tipo basquetebol. Quando se tem a bola tem-se 24 segundos para lançar ao cesto. Portanto o jogador pega na bola e passa a um que a passa a outro e o tempo vai escoando. Se a equipa não delinear bem uma jogada não vai ter nenhuma boa chance para lançar ao cesto. E então já se terão passados 10 segundos e a equipa tenta fazer nova jogada, só que esta está muito mais pressionada e tudo é questionado. Porque agora a equipa já não quer ser leviana pois isso deu mau resultado. E quando se dá por ela, dos 24 segundos já só sobram cinco e então a bola vai para alguém que ou não consegue lançar ao cesto ou então faz um mau lançamento e falha redondamente ou por uma hipótese de sorte acerta em cheio.

Acontece que na vida as coisas são parecidas. Porque quando somos novos não pensámos bem nas coisas (vá-se lá saber porquê porque hoje em dia há todas as hipóteses para já se estar a contar com isso) e então deixamos nos deslumbrar por pessoas que não são nada de especial. E à primeira tudo bem. É a descoberta.
O que acontece é que passados uns anos temos 25 ou 30 anos e damos por nós ainda a viver na casa dos pais ou sozinhos e com um currículo de namoradas/os extenso. E queremos dar um rumo à nossa vida sentimental e, muitas vezes, consequentemente à nossa vida social e económica. Só que vamos sair com aquela rapariga ou aquele rapaz e temos sensações, que por termos um currículo tão extenso assemelham-se a outras sensações que já tivemos. E daí volta o medo de passar pelas mesmas coisas que passamos. Então começámos a questionar as nossas atitudes e aquilo que devemos ou não fazer e dizer. E quando as coisas estão bem vemos uma fotografia, ou várias, e lá estão aquelas desilusões que por não termos ligado nenhuma a nós próprios deixamos que acontecessem. E é uma bola de neve. E depois dos 30 vem os 31 e por aí fora e quando as pessoas dão por si estão secretamente desesperadas com a sua posição. E chega o dia em que perdemos os medos e baixamos as guardas e vai qualquer um/uma. Tal como no basquetebol, no fim lança-se mas não se sabe bem para quê.

Por isso o que eu digo é, se são inteligentes pensem no que vos aguarda. Pensem se essa pessoa com quem gostariam de curtir vos fará bem ou mal a curto prazo. Pensem se fariam sacrifícios por causa dessa pessoa e se essa pessoa faria o mesmo por vós. Se essa pessoa se levantaria numa manhã fria para vos trazer algo ou se acederia antes ao seu egoísmo e se fariam o mesmo por essa pessoa.
Em última instância. Pensem se seria capazes de se excederem no que quer que seja para que essa pessoa possa ser mais feliz (nem que seja só um bocadinho) e pensem essencialmente se essa pessoa o faria por vós. E também não fiquem magoados porque a pessoa ao vosso lado errou, a principio podem ficar mas se gostam realmente têm de ultrapassar isso. Obviamente não estou a dizer que se levarem na cara devem ficar, mas às vezes há relações que acabam por coisas pequenos ou por uma sucessão de coisas pequenas, que é uma parvoíce.

Não é garantido que não errem, mas é melhor do que ser leviano.

É o que eu tenho a dizer e mais digo. Deixem-se de parvoíces e de lamentações. Sejam vocês próprios. Parem de fazer asneiras para depois chorarem rios sobre leite derramado. Se o fazem são estúpidos e criancinhas. Só não aprende quem não quer e 90% das pessoas hoje em dia tem uma memória de cão. Pouco tempo depois já não se lembram de nada, mas até os cães se lembram daquilo que fizeram mal e têm medo de voltar a fazer.

Great American Nude

Great American Nude é uma música que pertence ao primeiro disco dos (almighty) dEUS.

A música em si é muito boa, obviamente, contudo hoje falo de uma versão que anda por aí na internet, que é Great American Nude (Strip Mix), que penso que foi editada no cd single Via, em 1994.

Na verdade, não me apetece descrever a música, apetece-me apenas dizer que os dEUS, como sempre, são aquela banda que parece recriar as idealizações da minha imaginação. É muito impressionante como a maior parte das músicas deles ou soam ou falam de algo com que eu me identifico muito.

Esta música, começa com uma voz à qual se vão juntando sucessivas camadas. Primeiro uma voz, depois a bateria, depois a outra voz, depois um baixo e uma guitarra, depois um piano, depois um violino etc.
No início da música vejo alguém a expôr uma teoria, mas à medida que a música progride parece que cada instrumento é um convidado que se junta a uma festa que vai crescendo como uma bola de neve. Com naturalidade. Sem se forçar a ida a um caixote de luzes e sons aberrantes e monótonos. Ou a ida a um sítio onde por norma toda a gente está. Uma festa natural onde até um piano alegadamente desafinado e fora de ritmo fica bem. Onde nada fica de fora e os pormenores não se esquecem, porque os pormenores são feitos por cada um e não pela multidão. Onde cada um tem uma coisa a acrescentar e não se limita a ser o mesmo que os outros. Onde se pode cantar e gritar e inventar teorias sem ser recriminado por não sermos mais do mesmo. Em suma, a festa a que eu gostaria de ir e que não vou porque se existe ainda não cheguei perto de uma.

Esta música desperta esse sentimento. O tipo de festa que eu gostaria e teria prazer em ir. Uma festa onde toda a gente está confortável na sua própria pele. Infelizmente hoje toda a gente tenta ser aquilo que não é.

She had this thing about Aleister Crowley
It finally became an obssession
She had this thing about Aleister Crowley
Turn into a fascination

I don't mean to be rude...
Great American Nude

Burton in a salad bar sweet like a candy bar
No more sugar for a clean genius in quarantine
I mean where's the love, where's the hate
What's a smiling face and a sunburned prostate
For a man that great.
Richard there, Richard here,
Richard quoting Shakespeare,
Back and forth and back again,
To be or not to be a man.
Lizzy's getting dizzy,
she should've known it from the start
Being rich is just a lifestyle
Being alive is just a part

That's what makes a kilo heavier than a gram, mam
That's what makes a kilo heavier than a gram, mam

Pool smart, move fashion
And the crowning on a brown man
Black is butter count the shaky hands
I got a gift from my mother,
She got it for a dime
Maybe she got it from someone else
And I don't mind

But it's just a phase
When i get crazy
Can't tell the picture from a sound
I thought we would just call her
Great american Brown
Great american Brown

You see, I got it from my mother
She got it from a book
Get the gallery connected
Get the clientele to form
Save a demon for a duck

Burton in a salad bar sweet like a candy bar
No more bourbon for a clean genius in quarantine
I mean where's the love, where's the hate,
And what's a smiling face and a sunburned prostate
For a man that great.
Richard there,
Richard here,
Richard picks his final ear,
This was from my mother,
I never asked it back,
Because since I lost her boyfriend,
I tend to allow every man,
To get it to a little try.

Walk that walk,
Talk that talk,
Hey I wanna testify

Great american nude
Take American Express ?

Uma afirmação

Já aqui falei antes dos Monty Python. Contudo, sempre que penso no primeiro episódio do Monty Python Flying Circus, deparo-me com o pensamento de que, o primeiro episódio é uma verdadeira afirmação, do género "Aqui estamos nós!". O primeiro episódio é o resumo ideal do tipo de humor que os Monty Python desejavam fazer. Ainda antes do "And Now For Something Completely Different" já eles estavam a fazer e a mostrar algo de completamente diferente.

O programa começa com a invulgar entrada de um náufrago para dizer apenas "It's" seguido do genérico em que é anunciado o nome do programa. O primeiro sketch, é aquele incomum programa de mortes famosas, apresentado por um incomum apresentador. Wolfgang Amadeus Mozart. É verdade, mortes avaliadas pela sua espectacularidade com pontuação. Contudo antes do primeiro sketchs aparece um senhor a sentar numa cadeira e o som de um porco, seguido de um risco sobre um porco desenhado num quadro. ????????????????????????

É isto que eu acho fabuloso nos Monty Python. Porquê? Um porco? O que é certo é que a piada torna-se recorrente no programa introduzindo mais tarde o sketch do professor de italiano a ensinar italiano a italianos. Cartoons altamente "Old Fashion" de Terry Gilliam, entrevistas a realizadores que não gostam de ser tratados por diminutivos. Um compositor conhecido por dois barracões. Um viking que está no programa só para dizer "Jackson". Picasso a pintar numa bicicleta em competição com os mais variados artistas plásticos. Mais cartoons e dois generais a organizar as suas tropas num mapa, onde as tropas estavam sinalizadas com porcos (?). Entrando no último sketch sobre a piada mais engraçada do mundo, que era também mortal, transformando a guerra numa piada, bastante nonsense por sinal.

Deixo aqui dois vídeos com o primeiro episódio da série, para poderem apreciar e ler (ver) a afirmação dos Monty Python.

São apenas os maiores comediantes de todos os tempos.

Parte 1


Parte 2

dEUS é...

Ideal Crash.






A recordação de tardes de verão quentes, cá dentro. A recordação de uma energia constante, de uma vontade de dançar, de conhecer, vontade de ir ao ar e permanecer, permanecer onde ainda permaneço. Vontade de me evadir nesta música, de absorver cada notazinha, cada tempo, cada verso dentro de mim e não largar! Ouvi esta música TODOS os dias, a música e o disco, mas esta música foi das primeiras a encantar-me, com toda a sua inocência, com toda a sua verdade e diversão, a emoção que uma música a sério pode transmitir, e hoje traz-me a alegria de (não só continuar a ouvi-la e a apreciar cada bocadinho) me ter apaixonado ao som desta música, desta banda, e deste disco em particular, que me fez companhia sem igual, e que hoje marca, e me traz todos os sons, os cheiros, as sensações e a alegria que me é tão especial.

Tenho muita sorte. A banda sonora do início da relação que me irá durar para a vida não tem igual. E vai sempre ser para mim algo de inexplicável e de muito mágico, da simplicidade das coisas pequenas.
dEUS é a música que ilustra as horas que passo, dEUS é tudo aquilo que eu penso e sinto cantado, dEUS é as minhas convicções em versos, dEUS é a minha alegria em lembranças e é a melhor música para andar na rua, por comboios e por parques dez centímetros acima do chão, em dias de verão e com a segurança da sua mão! (e para todos os outros dias)

Stay by my side, it's sexy
The way that we talk about stuff
The way that we laugh with love
The way that we're falling off

Stay by my side. I want you
Continue the theme that's us
Even though it's only lust
The painkiller side of this life.

cRASH, you're life been sucking cause you wanna mess around
Can anybody down you with a cRASH
Another way of saying that you like to make it up as you move along. If it's a lot,
Show 'em what you got!
cRASH you're gonna go to hell with a certain inclination
Try and make it sell and then you cRASH,
You're gonna have to take yourself out of circulation into something else
If it's a lot, show them what you got
Right now I need my hands, to cover this shit up
I need my eyes to see where I'm going, and I need someone...

My Ideal Crash *my ideal love*

Crise. Onde?

Abre-se um jornal. Crise. Vê-se TV. Crise. Vai-se à Internet. Crise. Vai-se a um hotel fazer uma marcação para uma reserva. Já não há vagas.

É de facto paradoxal que a crise instalada não abrande muito o consumo. Dá-me a impressão que as pessoas sabem muito bem queixar-se.

Ai isto! Ai aquilo! Vamos fazer um fim de semana prolongado? Ai... Espera, para isso tenho ali uma poupança. Ou então podemos simplesmente pedir emprestado, a quem quer de seja, vamos e pagamos depois, com um dinheiro que eu prevejo ganhar na Árvore das Patacas.

A verdade é que, por todo o lado, continuam a ser
construídos centros comerciais, que são verdadeiros paraísos do consumismo. Se há uma contracção no consumo, é de prever que haja uma contracção na oferta. Penso que, logicamente, se há menos consumo, nem todas as marcas vão conseguir vender. Mas bem, Portugal é algo de paradoxal. Porque em Portugal continua-se a gastar muito dinheiro em coisas supérfluas.

Portanto, havendo menos dinheiro era de
supor que houvessem menos pessoas a encher hotéis a cada fim de semana prolongado. Mas o que é certo, pelo menos em relação aos hotéis que eu conheço, é que estão cheios, ou quase. Não consigo encontrar explicação para isso.

Penso que em Portugal há uma acomodação das classes. Onde as pessoas têm e querem mais, contudo parece-me que, pelo menos em relação ao estado, isso está estrangular a gestão de dinheiro de Portugal. Senão veja-se este caso.

Para ser mais cómico vou colar aqui parte da notícia

"Magistrados vão ficar sem subsídio de renda

Juízes e procuradores que residam na área da comarca ficam sem o complemento de ordenado. Para os que moram fora, o Governo quer reduzir verba em 20%. O actual valor do subsídio é um pouco mais de 700 euros/mês"

Portanto. A notícia em si é escrita de uma maneira bastante estúpida. A começar pelo título que induz qualquer um em erro. Pois não são todos os magistrados. E depois eu no meu trabalho não recebo subsídio de renda. Tal como a esmagadora maioria dos trabalhadores.
Neste caso é, de certa forma, bom que o Estado dê um subsídio de renda para quem tem de mudar de residência para exercer a profissão. Mas 700€ dá para alugar dois apartamentos, ou um excelente
apartamento. Ainda sobra dinheiro para pagar água, luz, telefone etc. Serviços que todos os portugueses são obrigados a pagar do seu bolso. Mas como a notícia diz, o subsídio é de apenas 700€. Coitados. Para além de ganharem salários superiores a 2000€ (em início de carreira) é muito pouco. Não sei como conseguem viver.

Sendo a redução de 20%, o subsidio ficará perto de 550€. Não é nada. Isso para um
juíz nem dá para comprar um pão. Pelo menos segundo os juízes, que já planeiam formas de luta. O que eu na minha opinião acho bastante ridículo. Ah, e na reforma eles continuam a receber o subsídio.

A crise de Portugal, e respondendo à pergunta do título do
Post, está nas classes que agem corporativamente. Que não deixam que qualquer reforma vá avante. Porque mexe nos seus direitos adquiridos, apesar de absurdos (como o caso deste subsídio). O Estado deveria ser mais autoritário. O que tem de ser, tem de ser e ponto final. Obviamente, cabe às pessoas defenderem-se quando as medidas forem injustas. Porém, o Estado tem que poupar nas suas próprias despesas. E se isso implica diminuição de certos serviços, tem obrigatoriamente de implicar uma rentabilização de recursos. Há gente a mais em certos sítios e gente a menos noutros. E o Estado não pode mover essas pessoas, porque elas se recusam. Então contrata-se mais. Sem necessidade absolutamente nenhuma. O Estado não devia permitir esse tipo de coisas. Eu se tenho uma empresa movo as pessoas consoante me dá mais jeito. Claro que não vou tirar alguém do Algarve e colocar essa pessoa em Valença do Minho, a não ser que ela queira. Mas há quem vá de Coimbra para o Porto, do Porto para Lisboa etc etc. Contudo o nosso Estado não pode fazer isso. Ou melhor, pode, mas se o fizesse o país parava com a indignação dos funcionários públicos.

Às vezes a minha mãe conta-me que nos anos setenta, quando os trabalhadores dos
têxteis iam reivindicar pelas péssimas condições de trabalho e salariais, os trabalhadores da função pública respondiam acusando os manifestantes (trabalhadores do sector privado) de serem comunistas e reaccionários. Só que na altura lutava-se por algo justo. Agora luta-se apenas pela irracionalidade de querer ter sempre o mesmo ou mais e não abdicar de nada. Por muito estúpido que possa ser.

Enfim. A crise em Portugal, está no corporativismo. Quando se ataca os
juízes, os professores aplaudem, quando se ataca os professores, os médicos aplaudem, quando se ataca os enfermeiros, os juízes aplaudem e por ai fora. É a política de olhar para o nosso umbigo, que enquanto não acabar coloca Portugal num ciclo muito vicioso e muito pouco eficiente.

Portanto, não venham afirmar que o problema está nas governações que nos últimos 20 anos têm sido todas iguais, com o Estado a não ter autoridade nos seus agentes e não
rentabilizando os recursos humanos que tem, essencialmente. O problema está aí. Enquanto o Estado não se rentabilizar a si própria vai consumir tudo o que está à volta.
E também não venham dizer que é preciso cortar nos serviços sociais. Alguns é, mas a maior parte pode ser mantida. O Estado Português, gasta 8% do produto interno bruto em Educação e outro tanto em Saúde. E ambos funcionam mal. Há países na Europa em que funciona bem e gastam apenas 8% no total das duas coisas.

Concluindo. Há mais de 10 anos que a política e a comunicação social estão a atirar areia aos olhos dos portugueses dizendo que a governação é má. Porque quem está lá é que tem de lidar com o estado das coisas e tomar as decisões e, segundo esse ponto de vista, vais estar sempre mal, mesmo que as decisões fossem à
raíz do problema. O que interessa é criticar e deitar abaixo para que o próximo seja outro partido que vai fazer o mesmo, porque não pode fazer diferente.

Bem-vindos à geração precoce (sarcasmo)

A juventude de hoje em dia é muito precoce. Começam a mexer em telemóveis cedo, começam a fumar mais cedo, começam a beber (cough, cough. A apanhar bebedeiras) mais cedo, trabalham com computadores mais cedo, acedem à internet mais cedo. etc etc. E então pergunto-me.


PORQUE É QUE CRESCEM TÃO TARDE?


Sim, a juventude de hoje, numa extensão dos 15 aos 30 anos, cresce muito mal.

A mim dá-me vontade de vomitar, ver pessoas com 25, 28, 30 anos, ainda na universidade. Dá-me vontade de vomitar naqueles casos em que por pura inércia, alunos se mantêm a arrastar num curso que nunca mais acabam. Pessoas (se souberem de um termo mais apropriado digam) que veem os pais, os padrinhos, os avós e outros benfeitores a pagar propinas atrás de propinas e acham perfeitamente normal. E o problema é que não são uns anormais isolados, são cada vez mais. De certeza que por aí algures há pessoas que entram na universidade e encontram lá tios, encalhados na universidade.


- Vozes do outro lado do monitor "Mas espera, encalhados não! Quem eu? Eu que estou batidinho em todas as festas de curso e o diabo a sete (mas que me farto de protestar contras as propinas porque não tenho dinheiro)? Eu que vou a todos os festivais da minha universidade e gasto dinheiro a planear as praxes (outra coisa muito interessante) do ano que vem (mas não tenho dinheiro para comprar um manual)? Que apesar de mal sucedido escolarmente sou bem sucedido no mundo alternativo dos veteranos da minha Universidade? Isso não é estar encalhado, é viver! Tu deves ser é um frustrado, é o que é!"


Eu por acaso para além da vontade de vomitar, às vezes fico frustrado, porque afinal há pessoas que ficam presas num loop. Levantar, maquilhar se for menina, sair tomar um café com aquele, falar de coisa nenhuma com outro, faltar às aulas, ou chegar tarde ao trabalho, apesar de irmos de carro e ser só a cinco minutos a pé. Acabar as aulas ou o trabalho, voltar a casa, falar mal daquele e mais de não sei quem, disparar uns filetes para o ar de uma coisa que não percebo nada, alegar que estou cansado por isso vou sair e beber mais um copo (muito mais relaxante do que um banho, um sono ou até ler um livro). E no dia a seguir, exactamente a mesma coisa. E a geração que era precoce, afinal fica encurralada no seu próprio comodismo, num círculo vicioso.


Obviamente há excepções. Há quem aos trinta anos esteja na universidade a completar um mestrado ou um doutoramento, louvores a essas pessoas que têm um projecto de vida. Há quem aos trinta anos já tenha uma casa e filhos até e uma vida estável. Até antes dos trinta. Há pessoas que sabem o que querem. Que não andam a comer sono e que fazem pela vida.


Mas a maioria das pessoas hoje em dia não passa de uns rebeldes que faltam às aulas ou que se estão nas tintas para o trabalho, mas que todos os dias perdem horas com a nerdice de actualizar o Facebook. O mundo está repleto de pessoas que fazem opções na vida, sem saber bem porquê. E eu penso no que é que essas pessoas andam aqui a fazer.


Hoje em dia, há imensos recursos que nos fazem expandir as nossas opções, perceber o que queremos e porque queremos, o que gostamos e o que não gostamos.


Ao invés toda a gente gosta da mesma merda de música (podia enunciar mas comi há pouco) e da mesma merda de livros (idem) e toda a gente diz "Oh que intenso! Que lindo!" omitindo o facto de esse livro ser o mesmo que leram da outra vez mas as personagens mudaram de nome e fizeram as férias num sítio diferente. E se leem bons livros saem-se com coisas do género "É tão profundo!", porque para essas pessoas é tudo igual, se lhes déssemos um livro de reclamações também era muito intenso, especialmente nas folhas amarelas. Até digo mais, se eu fosse dono da Colhogar elaborava uma edição especial todos os meses. Papel higénico em livro e tenho a certeza que era um best seller. Intenso como o café e preenchido como um sudoku fácil. E se ele fizesse do género, autor do mês - Nicholas Sparks (ou Stephenie Meyer, ou Christopher Paolini, ou Dan Brown etc), até eu comprava. Teria todo o prazer em usar esses textos.


Até porque agora é tudo intenso. Vai-se a um facebook ou outra porcaria do género e é uma torrente de "adoro-te", "amo-te", "és muito importante para mim", "Nunca me deixes" ou ainda "Os meus dias são mais brilhantes desde que te conheci". É um jorrar de emoções incompreensivel. Porque uma coisa é eu virar-me para a minha namorada e dizer "Gosto muito de ti". Outra coisa é "Gostei muito da tarde de hoje (em que fumamos uma erva e bebemos umas cervejas, para além do que foi a primeira vez que estivemos juntos) és muito especial. Adoro-te" Isso é apenas dissimulação e acentuação dos sentimentos, que muitas vezes não foram bem esses. Hoje em dia, não há simpatias, ou somos amigos para sempre ou não nos conhecemos. Mas se já troquei um olá com alguém, esse alguém é imediatamente meu amigo. Do peito!


Mas bem, tudo para dizer que as pessoas quantos mais mecanismos de informação têm e mais horizontes veem expandir mais ficam para trás, quando devia ser ao contrário. Era suposto ser bom termos mais hipoteses e mais oportunidades, mas parece que não.


Isto é um desabafo que faço de coisas que me incomodam, não por mim, mas pelas pessoas em questão que continuam a desperdiçar tempo, que nunca mais vão poder recuperar. Ainda hoje no comboio uma mãe e a sua criança viajavam e por duas vezes a criança pediu água e por duas vezes a mãe pegou na água, mas a criança nem uma vez bebeu porque das duas vezes a mamã recebeu umas sms's no telemóvel e então esqueceu-se de lhe dar a água. Enfim.


Esta letra é de uma música que eu gosto muito. Chama-se Is A Robot e hoje em dia a maior parte das pessoas parece estar programada para reagir de forma igual aos estímulos, por isso gosto bastante da letra. A música é dos "almighty" dEUS!


Air of a temptress

Buxom and bright

We're not missing anything

At least not tonight



Chimera of charm

Innocent of hardship

Luxurious qualm

In a self-darkened daytrip

And then I'll take you home
Where we live and where we roam
Is a robot zone

We don't really care
If the world is a mess
We are programmed to the grid
Of pleasure and bliss

But arrows or drifters
We all just pretend
That we will not succumb
To the ultimate trend

And then I'll take you home
Where we live and where we roam
Is a robot zone

We like the attention
But we hate to be judged
As we proudly parade
Where we see others trudge

We are slaves to addictions
That have no effect
And with loving precision
Isn't it love we dissect

And then I'll take you home
Where we live and where we roam
On the bed and on the phone
Don't stop, cause every place you've known
Is a robot zone

Oh My God That's Absurd!

Hoje estava a ir para casa e iniciou-se uma conversa sobre esse fenómeno da música Lady Gaga (para todos aqueles que estejam a ler e possam gostar, sabe-se lá porquê, eu estou a ser irónico relativamente ao fenomenal).

A curiosidade é que imediatamente fiquei com uma dor de barriga que só se resolveu com uma ida à casa de banho. É caso para dizer que estava a falar no diabo e ele apareceu!

O absurdo é algo que atrai uns e afasta outros de coisas em particular. Há músicas em que há coisas absurdas assim como na comédia e outras coisas. Mas essencialmente nestes dois.

Na comédia há bastantes grupos que usam do absurdo para executar as suas peças. Já aqui falei dos Monty Python onde havia uma certa dose de absurdez. Contudo não baste chegar lá e dizer uma série de parvoíces e pronto toda a gente se ri. Por exemplo, no vídeo presente no nosso blog do sketch”Dirty Fork” dos Monty Python. É absurdo um cliente queixar-se de um garfo sujo e toda a gente menos o cliente fazer um escândalo. Normalmente seria o cliente a fazer um grande “filme” porque é inadmíssivel um grafo sujo estar numa mesa de um restaurante. No entanto ali é ao contrário e isso é absurdo.

Por exemplo eu acho muita graça. Mas muita gente é capaz de ver e dizer “Que parvoíce! Qual é a piada de um quadro destes. Matou-se por causa do garfo sujo, estúpido”. E por um lado até compreendo o que essas pessoas querem dizer porque aquilo é de facto bastante estúpido. Não tem ponta por onde se lhe pegue se olharmos com uma certa distância. O que é certo é que para mim tem piada e acaba por ter uma certa lógica. É a piada de inverter os papéis e ver o absurdo da situação. Porque se no sketch Dirty Fork eles acabam por morrer por causa do garfo, o que é certo é que há clientes que quase morrem por causa de um garfo sujo e por outra imperfeição qualquer do local onde estejam a ser servidos. E fazem um escândalo e ameaçam gratuitamente com uma reclamação no best seller “Livro de Reclamações”.

Voltando ao assunto, o que é certo é que uns acham graça e outros não e às vezes fico a pensar porquê. Porque é que para uns é e para outros não é, porque aquilo para mim tem tanta piada, e agora não me refiro única e exclusivamente ao sketch do garfo sujo, que se eu mostrar alguem e me disser que não tem piada e que é ridiculamente estúpido, fico com vontade de esganar a pessoa em questão e dizer “Como é que é possível não gostares disto!”.

A mesma coisa se passa com a música. Há coisas que não cabem na cabeça de ninguém e que pouquíssima gente no seu perfeito juízo publicaria.

Quem alguma vez faria uma música rock bem feita que lá no meio tem umas vozes estridentes que aparecem do nada a dizer “Queen Of The Niiiight”. Poucas pessoas, no entanto eu até gosto bastante dessa música. Acho que é um grande escape do estereótipo.

Porque se ligarmos o rádio (numa rádio, note-se) apanhamos o que queremos e não queremos de músicas sem nada de novo e com uma certa sensação de "deja vu" até. E se é certo que a maior parte das músicas que passam na rádio ficam no ouvido, o que é uma virtude, também é certo que regra geral são bastante irritantes, pelo menos para mim, porque é aquela musiquinha que já ouvimos milhões de vezes só com uma letra diferente. E quando se ouve algo, aparentemente absurdo, torna-se um escape espectacular. Essas músicas para mim acabam por ser uma afirmação do género “Nós somos a banda X e estamos aqui e fazemos coisas diferentes”. E não se confunda esta frase com aquelas pessoas que dizem e teimam que são diferentes, porque esses afirmam-se pelas coisas que dizem e no caso das bandas a que me refiro eles afirmam-se pelo que fazem sem nunca terem necessidade de afirmar o óbvio.

Isto são apenas pensamentos que me vêm à cabeça quando penso no porquê de certas pessoas gostarem ou não de algo em concreto.

Há também um certo tipo de absurdo que me irrita. Por exemplo, a Lady Gaga irrita-me sobremaneira. Porque os videos e os vestidos são de facto diferentes mas não há qualquer ponta de bom gosto. Porque colocar um chapéu que parece um telefone é de facto diferente. Não há dúvidas. Mas qual é o objectivo? Porque se ela tivesse aquele chapéu e servisse-lhe de telefone a sério ainda aceitava mas assim é apenas e só ridiculo. Acho que reduz-se a uma tentativa de se fazer notar. Contudo tenho a certeza que é um daqueles fenómenos que daqui a uns tempos ainda poderá lançar 'discos' mas ninguém se vai lembrar. Ou passa pela cabeça de alguem dizer que a Beyoncé é uma das melhores e mais originais artistas de sempre? Não, e não é por ter ganho uns quantos grammys que vai ser mais relembrada que outros.

Porque no fundo o que fica na história são normalmente aqueles que fizeram a diferença de uma forma ou de outra. Os Led Zeppelin ficaram para a história porque re-inventaram tudo o que havia sido feito no rock e tornaram-se nos percussores do hard rock actual e até mesmo do heavy metal.

Os dEUS foram a primeira banda independente da europa a ter destaque e assinar numa major porque de facto a música deles era independente e diferente de tudo o resto. Não era independente apenas de nome como muitas, ou melhor, como a maioria das bandas auto intituladas de 'indie'.

Os Monty Python revolucionaram a forma de fazer humor porque quebraram convenções e pré-concepcções sobre aquilo que deveria de ser uma peça de comédia.

Tolkien é relembrado porque do nada criou um mundo fabuloso e credível, apesar de todo ele imaginário e depois disso conte-se as obras de fantasia literária que houveram, não questionando a qualidade de nenhuma em particular.

E provavelmente estes fizeram a diferença por algo que era aparentemente absurdo, pelos meos logicamente, mas que no fundo tem uma intenção e na verdade têm uma beleza inigualável. As coisas que marcam a diferença no tempo acabam sempre por ter uma razão de ser lógica e perceptivel.

Quanto a outros fenómenos não se encontra explicação e não há explicação, e normalmente essa falta de razão para ser como é, coincide com a falta de personalidade do material em questão. Normalmente também a falta de personalidade determina a futuro, isto é, coisas sem personalidade e sem grande lógica acabam por ser completamente esquecidas durante algum tempo e farão parte daquele rol de coisas estúpidas que daqui a uns anos vamos ao youtube ver para nos rirmos por ser tão estúpido e por naquele tempo (hoje) ser considerado tão revolucionário.

A preparação de um campeonato do mundo com os Monty Python

Tenho assistido atentamente à preparação de um campeonato. É realmente muito complicado conciliar tudo, desde alimentação a transportes, passando por logística, actualização de informações online etc etc. Na verdade, ao fim de uma semana já está tudo mais ou menos a rolar bem e a funcionar realmente bem. Isto porque nas primeiras noites é directa atrás de directa porque não se consegue atinar, diga-se de passagem, com as coisas. É pena é que o campeonato do mundo em questão só dure uma semana. Quando está lançado acaba. É uma pena. Mas para ser sincero não me importa muito. Aliás, não me importa nada.

And now for something completely different!

Há coisas fabulosas que vão acontecendo ao longo dos tempos. Uma das coisas que mais me fascina são aquelas reuniões fortuitas de pessoas que até se conhecem, mas na verdade nunca imaginaram fazer algo a sério juntos. Como por exemplo, os Led Zeppelin. Quatro tipos, dois deles já se conheciam e os outros dois também já se conheciam mas não conheciam os dois primeiros. Acontece que as pessoas em questão eram, provavelmente, um dos melhores guitarristas de sempre, um dos melhores baixistas de sempre, um dos melhores vocalistas de sempre e um dos melhores bateristas de sempre. Cheios de ideias e deram no que deram, naquela que é provávelmente a banda mais grandiosa de sempre. Isto nos finais de 1960.

Também nos fins de 1960 aconteceu uma coisa semelhante. Mas com estudantes de várias universidades. Nomes: John Cleese, Michael Palin, Graham Chapman, Eric Idle, Terry Jones e Terry Gilliam.

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A BBC decidiu juntar este grupo para a realização de um programa que viria a chamar-se “Monty Python's Flying Circus”. Mais tarde os mesmos seis escreveram, realizaram e actuaram em “Holy Grail”, “A Vida de Brian” e “The Meaning Of Life”.

Não me apetece fazer agora uma biogafia deles. Apetece-me sim dizer que acho este grupo de comediantes o mais fabuloso de sempre. Com duas duplas de escritores, John Cleese e Graham Chapman, Michael Palin e Terry Jones. Eric Idle escrevia sozinho e Terry Gilliam fazia animações para o programa.

Da colaboração entre John Cleese e Graham Chapman sairam sketchs em que reinava a a ironia e o rigor. Exemplificando com o sketch Dead Parrot as palavras parecem escohidas ao pormenor. Por exemplo, segundo John Cleese, a espécie do papagaio era 'Norwegian Blue', por expresso pedido de Graham Chapman pois segundo ele isso dava um tom mais frio e mais lúcido a um sketch, já de si, demasiado estúpido para ser verdade. Eric Idle diz que John Cleese é um escritor detalhado. Para ele não bastava dizer “Um Sr. entra e diz Olá”, John Cleese tinha de especificar o aspecto, a roupa, a classe social etc etc etc. As sessões de escrita entre Cleese e Chapman consistiam em John Cleese a atirar ideias e Graham Chapman a riscar ou a aprovar as ideias adicionando aqui e ali alguns toques que intensificavam a cena. Basicamente, John Cleese sentado à mesa a escrever e Graham Chapman sentado a beber whisky e a fumar charutos incessantemente.


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Terry Jones e Michael Palin faziam contraponto um com o outro. Michael Palin escrevia frequentemente sobre a inversão dos papéis do dia a dia. Como em The Bycicle Repairman, em que toda a gente era o super homem e o herói era um reparador de bicicletas. Ou o Homicidal Barber que no fim queria ser lenhador e ao cantar a Lumberjack Song acaba por revelar que gostaria de vestir soutien. Por seu lado Terry Jones era um apreciador do humor físico. Do género Charlie Chaplin, se bem que num programa focado em ter audiências não fosse muito possível em enveredar por esse tipo de humor. É possível ver em Undressing In Public essa influência do humor físico, consistindo num homem que tenta despir-se na praia mas em todo o lado que o tenta fazer está alguém a olhar, não interessa para onde ele vá.

Eric Idle escrevia maioritariamente sozinho, não por ser anti social, mas sim por se sentir melhor dessa maneira, embora ele próprio diga que o facto de escrever sozinho provocava muitas vezes dificuldade em fazer passar os seus textos nas reuniões de grupo pois as animações de Terry Gilliam eram garantidas e os restantes escreviam em parelhas, contando desde logo com dois votos a favor, por assim dizer. Contudo, e felizmente, é possível ver o talento de escrita de Idle. Sendo formado em Inglês os textos de Idle frequentemente enveredavam por jogos de palavras. Por exemplo, o sketch do homem que dizia as palavras todas ao contrário, ou então aquele em que num programa se reuniam três homens com um handicap estranho. Um só dizia o início das palavras, outro, só dizia o meio das palavras e o terceiro só dizia o fim das palavras. Fascinante.

Terry Gilliam usava a sua bem típica técnica de animação à base de recortes e com ajuda de algum texto recreava verdadeiras cenas de 'nonsense' a raspar, por vezes, no escandaloso. Na verdade não há muito que se possa dizer, porque o efeito é essencialmente visual e, dessa forma, ver é a melhor opção pois de outra forma é muito difícil explicar as animações. Posso apenas dizer que são fora-de-série.

Esta mescla de ideias trouxe-nos o melhor e mais espectacular produto de comédia de sempre. E de sempre porquê? Porque um campeonato do mundo dá muito trabalho a organizar. Esta é que é a verdade. Também porque é um estrondo estar a ver um programa que aparentemente não faz qualquer sentido, mas que ao mesmo tempo é divertido. Isto é, apesar de ser estupidez só por ser, no fundo há alguma coisa que nos liga a realidade. Por exemplo, no meio dos super homens um reparador de bicicletas é que é o herói, porquê, porque é diferente. Salvar o mundo?! Para quê? Reparar bicicletas é que é heróico. Do mesmo modo que no meio dos betinhos, fumar é que é espectáculo, e no meio daqueles que fumam já não é nada de especial, contudo é muito especial se fumar charros. Da mesma maneira que de nada adianta ter mil ferreiros a fazer um móvel. Um marceneiro no meio deles seria o herói.

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Outro sketch, o dos cabeleireiros alpinistas. É fashion ir ao Everest, pois então, vamos e levamos o salão de cabeleireiros atrás de nós, porque está bem que ir ao Everest é giro, agora ir para o meio dos himalaias sem me pentear? Nem pensar!

O skecth do Papagaio Morto é um espelho ideal daquelas pessoas que nos querem enganar com truques baratos. “O papagaio? Morto? Por estar de pernas para o ar não quer dizer que esteja morto, Ele está é a dormir!”

Ou a ironia do sketch “Dirty Fork” em que num restaurante o cliente queixa-se, educadamente e sem estrilho, do garfo sujo e o empregado, gerente e cozinheiro fazem uma cena daquelas por vezes se veem mas protagonizadas pelo cliente. Neste caso eram os próprios funcionários a fazer a cena, pois o cliente até era por demais compreensivo.

Outra coisa fascinante no Flying Circus é, a certa altura, o ritmo que o programa tem, sempre a mudar de cena, para a frente, para trás, ainda mais para trás depois mais para a frente que nunca e sempre a mudar sempre a fazer rir. Até às lágrimas.

Hoje em dia, e desde então, a influência indelével da grande maioria dos humoristas de hoje em dia é Monty Python. Sem dúvida. Portugueses ou estrangeiros. Gato Fedorento recorre hoje em dia o nonsense com sketchs a raspar na colagem de ideias dos Monty Python. A tradução de Flying Circus em Portugal foi “Os Malucos do Circo”. Certamente estarão recordados de um programa que passou até à exaustão na Sic chamada “Os Malucos Do Riso”. Não que se compare a qualidade, mas o nome é colado.

Monty Python abriu um novo horizonte na comédia. Tudo é passível de ser “comediado” ou ridicularizado. Até a Família Real o era, e estamos a falar dos anos 70, não dos dias hoje em que não há respeito. Para além de que os Monty Python não escreviam uma parvoice por ser parvoice ou nonsense. Escreviam sim coisas que tinham lógica. Nota-se que há horas de trabalho gasto naqueles textos e naquelas actuações. Não se tratava de uma pessoa vestida de Bispo Inquisidor a fazer uma voz estúpida. Trata-se de um Bispo Inquisidor, com a voz certa para tornar a cena ridícula mas sem perder a maldade que havia na Inquisição. Há pormenor e detalhe. Há aqueles que para mim são os quatro melhores actores de comédia de sempre Cleese, Chapman, Palin e Idle. Observem algumas das actuações deles. Textos longos e complexos ditos de uma só vez. Actuações desconcertantes como se estivessem a falar da coisa mais séria do mundo.

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Tudo é inesperado mas não o é porque sim. É porque há todo um trabalho e toda uma lógica por detrás das coisas. É por isso que Monty Python permanece, e acredito que vai permanecer, como o grupo que abriu todas as portas à comédia de hoje em dia. Convém realçar que não há muitos grupos que se oiçam falar antes dos Monty Python. Houveram sem dúvida sitcoms em que até alguns elementos dos Monty Python participaram, mas a explosão daquilo que em Portugal até se conhece como “Britcom” foi com eles. É desde então que há inúmeras séries telivisivas em todo o mundo a fazer sucesso. “Allo Allo!”, “Blackadder”, “Faulty Towers” (protagonizado por John Cleese) e mais recentemente “O Espectaculo de Catherine Tate”, “The Office”, “Extras” e até “Little Britain”. Foi assim que nasceu o advento daquilo que aqui em Portugal se conhece como “Humor Britânico”. E atenção! Não menosprezo nenhuma das séries que referi. Blackadder III é provavelmente a segunda melhor sitcom que eu já vi. E de Little Britain já falei e aprecio bastante.

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Monty Python's Flying Circus viria a acabar consequente da prematura saída de Cleese que argumentou não sentir estar a fazer algo de original e sentir que estava a repetir ideias. Os restantes ainda iniciaram a quarta série em 73 mas viriam a cancelar metade da série de doze. Reuniram-se mais tarde para um espectaculo ao vivo, registado e editado em dvd. E reuniram-se também para a realização dos filmes, sendo que a Vida de Brian permanece, ainda hoje mais de trinta anos mais tarde, como o melhor filme de comédia de sempre. Graham Chapman viria a falecer precocemente em 1989 deitando por terra todos os rumores de reunião do grupo que estava separado desde 1983, altura da realização do filme “The Meaning Of Life”.

Ainda hoje se fala de uma eventual reunião. Eric Idle diz que os Monty Python estão a negociar com o agente de Chapman, São Pedro, para ver se é possível a reunião.

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Eric Idle que de resto é o dinamizador principal da informação sobre os Monty Python, bem como as reedições do material existente. É também responsavel pelo site oficial do grupo.

Terry Jones realizou alguns filmes menores em Inglaterra e dedicou-se à encenação de peças de teatro.

Terry Gilliam é agora realizador de cinema autor de filmes como “Os Irmãos Grimm”, “Brazil” e “O Imaginário de Doctor Parnassus” que está para estrear em breve.

John Cleese participou em Faulty Towers. Mais recentemente editou um livro sobre vinhos e protagonizou o Dr. Q nos últimos filmes de 007.

Michael Palin viajou por todo o mundo e fez uma série de documentários sobre os sitíos mais fascinantes do planeta. Um dos documentários era centrado em recrear a viagem de Mr. Phylleas Fogg à volta do mundo, do livro “A Volta Ao Mundo em 80 Dias” de Júlio Verne.

Eric Idle, dedicou-se ao cultivar dos Monty Python na geração contemporânea, com as edições dos Personal Bests e a reedição completa de todas as séries de Flying Circus. Escreveu um livro chamado “O Caminho Para Marte” e vive em Los Angeles.

Bem tudo isto para dizer que Monty Python foi, provavelmente, o maior acto de comédia que aconteceu e provavelmente não volta a acontecer. Não quero parecer aqueles que dizem que agora não há nada de jeito. Não sou saudosista até porque quando eu nasci já os Monty Python tinham realizado a sua última obra. Mas acho, e penso que é a verdade, que Monty Python é algo de inigualável.

P.S – Escrevi este artigo com algum nonsense em homenagem aos Monty Python, mas sei bem que não cheguei nem perto de ter um milésimo da piada dos Monty Python.

Evil Superstars - Love Is Okay

E depois de ter falado sobre o EP desta banda belga falo agora do primeiro disco de longa duração dos Evil Superstars. Contextualizando. O EP foi lançado em 1994. Na onda do sucesso que haviam sido os dEUS, que tinham sido assinados pela Island Records, também os Evil Superstars foram assinados pela Island para o lançamento do primeiro album completo. A formação continuava a ser mesma apenas com a adição de um novo guitarrista descoberto por Mauro Pawlowski. Tim Vanhamel, um jovem de 16 anos por muitos considerado nos dias de hoje como o mais prodigioso guitarrista belga.

Assim sendo a banda grava um disco, novamente totalmente composto por Pawlowski. Se eu tivesse de descrever numa palavra o disco diria “desconcertante”.

Evil Superstars

O disco começa com No More Bad People. Punk rock hardcore logo a abrir a música antes de se transformar numa ladainha de fanfarra passando por fases de rock normal e terminando numa apoteose de descoordenação e desvario. É estranho mas estas músicas exercem um certo fascínio porque tal como eu já disse sobre o Hairfacts, também neste disco continua a revelar-se a capacidade de criar ambientes com a música e criar sensações.

The Power Of Haha é uma música mais sincronizada, mais 'normal' digamos. Transporta-nos para uma nostalgia um pouco tristonha entre os Haha's alegres e a letra estranha acompanhada de uma sonoridade que nos embala em pensamentos sobre coisas passadas.

Go Home For Lunch, é uma bela música. Nesta música é possível ver algo que Mauro Pawlowski faz com mestria. Há duas linhas de guitarra completamente diferentes, mas que juntas funcionam na perfeição e é bastante interessante porque há momentos na música em que uma das linhas fica sozinha e parece que aquilo não está bem ali, mas logo que tudo recomeça dá para ver que está bem, aliás, muito bem.

A seguir vem Parasol que é uma música curta que nos transporta para algures no fundo do mar, pelo menos a mim, e que vai-se transformando em bom hard rock.

É aqui que aparece para mim a música mais desconcertante do disco. Eu poderia comparar esta música a grandes canções de grandes senhores da música, como Leonard Cohen ou John Lennon. A música em si é apenas em piano e bateria. Grande grande composição. Apenas uma coisa estranha. A letra. Parece que foi escrito por alguém extremamente afectado.

“Tons of marshmallows I sell

Still there's one that I can't tell

When you smile at me oh well

It started to snow in hell,

Three hundred miles and now

I daydream about this pirate wedding bell

I farted as hard as I can

And you smiled at me again

Your lybrary of kicks

Your indoor fireworks

Your collection of ancient wine

Tell me what's it going to be on your dumb or mine...”

Bem, eu só escrevi esta parte mais extensa da letra porque demosntra bem o tipo de letra que faz a música. A acrescentar a tudo isto a interpretação de Mauro que faz dele, para mim, um dos melhores intérpetres da música europeia. Já agora, o nome da música é Your Dumb Or Mine. Tudo isto junto torna a música muito desconcertante.

Rocking All Over sucede-se numa música com uso exaustivo de harmónicos. Bem conseguida. Seguida por Pantomiming With Your Parents que dança entre aquele pop 80's feito de uh uh's, uma secção mais calma e um momento de hard rock, também bastante bem conseguida. Depois desta música começa a parte declinante do disco. Músicas como We Need Your Head e Miss Your Disease estão alguns furos abaixo do resto do disco. Pelo meio ainda 1,000,000 Demons Can't Be Wrong (analogia a um best of the Elvis Presley chamado 50,000,000 Elvis Fans Can't Be Wrong) uma boa música com uma aura negra à sua volta.

A penúltima música do disco viria a tornar-se uma música de assinatura dos Evil Superstars. Chama-se, nada mais nada menos que, Satan Is In My Ass. Uma música que vem do inferno para dizer que afinal o demo fica chateado porque a gente não sabe que ele veste um vestido de bailarina e usa um Fez na cabeça. E ficamos também a saber nesta música que, passando a citar “Somewhere in a fortress / He hide's his mistress / I'm talking about a plankton eating robotcow in a cardboard chest”. A música é desconcertante do sinistro ao gozão. Do jazzy ao hard rock a razar o heavy metal. É o espelho do disco.

A última música é uma música em que eu imagino um tipo, vamos imaginar neste caso um estudante, que no fim do verão, no fim de todas as borgas esta sozinho numa praia, com a barba por fazer, com a camisa suja e o cabelo despenteado, apercebendo-se que o verão chegou ao fim e está sozinho sem nada de importante no fim do verão tão agitado. A música chama-se Death By Summer e não tem letra. Apenas piano e bateria.

Resumindo. Love Is Okay é um misto de sensações. Em Hairfacts os Evil Superstars resumiram em quatro músicas todo o espírito da banda. Em Love Is Okay penso que encontraram algumas dificuldades em preencher o disco todo sem enveredar por caminhos não tão bem sucedidos. Mas no geral é um bom disco que contem algumas músicas excelentes, dentro do género absurd-rock, fundado e adoptado pela banda.