Bem-vindos à geração precoce (sarcasmo)

A juventude de hoje em dia é muito precoce. Começam a mexer em telemóveis cedo, começam a fumar mais cedo, começam a beber (cough, cough. A apanhar bebedeiras) mais cedo, trabalham com computadores mais cedo, acedem à internet mais cedo. etc etc. E então pergunto-me.


PORQUE É QUE CRESCEM TÃO TARDE?


Sim, a juventude de hoje, numa extensão dos 15 aos 30 anos, cresce muito mal.

A mim dá-me vontade de vomitar, ver pessoas com 25, 28, 30 anos, ainda na universidade. Dá-me vontade de vomitar naqueles casos em que por pura inércia, alunos se mantêm a arrastar num curso que nunca mais acabam. Pessoas (se souberem de um termo mais apropriado digam) que veem os pais, os padrinhos, os avós e outros benfeitores a pagar propinas atrás de propinas e acham perfeitamente normal. E o problema é que não são uns anormais isolados, são cada vez mais. De certeza que por aí algures há pessoas que entram na universidade e encontram lá tios, encalhados na universidade.


- Vozes do outro lado do monitor "Mas espera, encalhados não! Quem eu? Eu que estou batidinho em todas as festas de curso e o diabo a sete (mas que me farto de protestar contras as propinas porque não tenho dinheiro)? Eu que vou a todos os festivais da minha universidade e gasto dinheiro a planear as praxes (outra coisa muito interessante) do ano que vem (mas não tenho dinheiro para comprar um manual)? Que apesar de mal sucedido escolarmente sou bem sucedido no mundo alternativo dos veteranos da minha Universidade? Isso não é estar encalhado, é viver! Tu deves ser é um frustrado, é o que é!"


Eu por acaso para além da vontade de vomitar, às vezes fico frustrado, porque afinal há pessoas que ficam presas num loop. Levantar, maquilhar se for menina, sair tomar um café com aquele, falar de coisa nenhuma com outro, faltar às aulas, ou chegar tarde ao trabalho, apesar de irmos de carro e ser só a cinco minutos a pé. Acabar as aulas ou o trabalho, voltar a casa, falar mal daquele e mais de não sei quem, disparar uns filetes para o ar de uma coisa que não percebo nada, alegar que estou cansado por isso vou sair e beber mais um copo (muito mais relaxante do que um banho, um sono ou até ler um livro). E no dia a seguir, exactamente a mesma coisa. E a geração que era precoce, afinal fica encurralada no seu próprio comodismo, num círculo vicioso.


Obviamente há excepções. Há quem aos trinta anos esteja na universidade a completar um mestrado ou um doutoramento, louvores a essas pessoas que têm um projecto de vida. Há quem aos trinta anos já tenha uma casa e filhos até e uma vida estável. Até antes dos trinta. Há pessoas que sabem o que querem. Que não andam a comer sono e que fazem pela vida.


Mas a maioria das pessoas hoje em dia não passa de uns rebeldes que faltam às aulas ou que se estão nas tintas para o trabalho, mas que todos os dias perdem horas com a nerdice de actualizar o Facebook. O mundo está repleto de pessoas que fazem opções na vida, sem saber bem porquê. E eu penso no que é que essas pessoas andam aqui a fazer.


Hoje em dia, há imensos recursos que nos fazem expandir as nossas opções, perceber o que queremos e porque queremos, o que gostamos e o que não gostamos.


Ao invés toda a gente gosta da mesma merda de música (podia enunciar mas comi há pouco) e da mesma merda de livros (idem) e toda a gente diz "Oh que intenso! Que lindo!" omitindo o facto de esse livro ser o mesmo que leram da outra vez mas as personagens mudaram de nome e fizeram as férias num sítio diferente. E se leem bons livros saem-se com coisas do género "É tão profundo!", porque para essas pessoas é tudo igual, se lhes déssemos um livro de reclamações também era muito intenso, especialmente nas folhas amarelas. Até digo mais, se eu fosse dono da Colhogar elaborava uma edição especial todos os meses. Papel higénico em livro e tenho a certeza que era um best seller. Intenso como o café e preenchido como um sudoku fácil. E se ele fizesse do género, autor do mês - Nicholas Sparks (ou Stephenie Meyer, ou Christopher Paolini, ou Dan Brown etc), até eu comprava. Teria todo o prazer em usar esses textos.


Até porque agora é tudo intenso. Vai-se a um facebook ou outra porcaria do género e é uma torrente de "adoro-te", "amo-te", "és muito importante para mim", "Nunca me deixes" ou ainda "Os meus dias são mais brilhantes desde que te conheci". É um jorrar de emoções incompreensivel. Porque uma coisa é eu virar-me para a minha namorada e dizer "Gosto muito de ti". Outra coisa é "Gostei muito da tarde de hoje (em que fumamos uma erva e bebemos umas cervejas, para além do que foi a primeira vez que estivemos juntos) és muito especial. Adoro-te" Isso é apenas dissimulação e acentuação dos sentimentos, que muitas vezes não foram bem esses. Hoje em dia, não há simpatias, ou somos amigos para sempre ou não nos conhecemos. Mas se já troquei um olá com alguém, esse alguém é imediatamente meu amigo. Do peito!


Mas bem, tudo para dizer que as pessoas quantos mais mecanismos de informação têm e mais horizontes veem expandir mais ficam para trás, quando devia ser ao contrário. Era suposto ser bom termos mais hipoteses e mais oportunidades, mas parece que não.


Isto é um desabafo que faço de coisas que me incomodam, não por mim, mas pelas pessoas em questão que continuam a desperdiçar tempo, que nunca mais vão poder recuperar. Ainda hoje no comboio uma mãe e a sua criança viajavam e por duas vezes a criança pediu água e por duas vezes a mãe pegou na água, mas a criança nem uma vez bebeu porque das duas vezes a mamã recebeu umas sms's no telemóvel e então esqueceu-se de lhe dar a água. Enfim.


Esta letra é de uma música que eu gosto muito. Chama-se Is A Robot e hoje em dia a maior parte das pessoas parece estar programada para reagir de forma igual aos estímulos, por isso gosto bastante da letra. A música é dos "almighty" dEUS!


Air of a temptress

Buxom and bright

We're not missing anything

At least not tonight



Chimera of charm

Innocent of hardship

Luxurious qualm

In a self-darkened daytrip

And then I'll take you home
Where we live and where we roam
Is a robot zone

We don't really care
If the world is a mess
We are programmed to the grid
Of pleasure and bliss

But arrows or drifters
We all just pretend
That we will not succumb
To the ultimate trend

And then I'll take you home
Where we live and where we roam
Is a robot zone

We like the attention
But we hate to be judged
As we proudly parade
Where we see others trudge

We are slaves to addictions
That have no effect
And with loving precision
Isn't it love we dissect

And then I'll take you home
Where we live and where we roam
On the bed and on the phone
Don't stop, cause every place you've known
Is a robot zone

Oh My God That's Absurd!

Hoje estava a ir para casa e iniciou-se uma conversa sobre esse fenómeno da música Lady Gaga (para todos aqueles que estejam a ler e possam gostar, sabe-se lá porquê, eu estou a ser irónico relativamente ao fenomenal).

A curiosidade é que imediatamente fiquei com uma dor de barriga que só se resolveu com uma ida à casa de banho. É caso para dizer que estava a falar no diabo e ele apareceu!

O absurdo é algo que atrai uns e afasta outros de coisas em particular. Há músicas em que há coisas absurdas assim como na comédia e outras coisas. Mas essencialmente nestes dois.

Na comédia há bastantes grupos que usam do absurdo para executar as suas peças. Já aqui falei dos Monty Python onde havia uma certa dose de absurdez. Contudo não baste chegar lá e dizer uma série de parvoíces e pronto toda a gente se ri. Por exemplo, no vídeo presente no nosso blog do sketch”Dirty Fork” dos Monty Python. É absurdo um cliente queixar-se de um garfo sujo e toda a gente menos o cliente fazer um escândalo. Normalmente seria o cliente a fazer um grande “filme” porque é inadmíssivel um grafo sujo estar numa mesa de um restaurante. No entanto ali é ao contrário e isso é absurdo.

Por exemplo eu acho muita graça. Mas muita gente é capaz de ver e dizer “Que parvoíce! Qual é a piada de um quadro destes. Matou-se por causa do garfo sujo, estúpido”. E por um lado até compreendo o que essas pessoas querem dizer porque aquilo é de facto bastante estúpido. Não tem ponta por onde se lhe pegue se olharmos com uma certa distância. O que é certo é que para mim tem piada e acaba por ter uma certa lógica. É a piada de inverter os papéis e ver o absurdo da situação. Porque se no sketch Dirty Fork eles acabam por morrer por causa do garfo, o que é certo é que há clientes que quase morrem por causa de um garfo sujo e por outra imperfeição qualquer do local onde estejam a ser servidos. E fazem um escândalo e ameaçam gratuitamente com uma reclamação no best seller “Livro de Reclamações”.

Voltando ao assunto, o que é certo é que uns acham graça e outros não e às vezes fico a pensar porquê. Porque é que para uns é e para outros não é, porque aquilo para mim tem tanta piada, e agora não me refiro única e exclusivamente ao sketch do garfo sujo, que se eu mostrar alguem e me disser que não tem piada e que é ridiculamente estúpido, fico com vontade de esganar a pessoa em questão e dizer “Como é que é possível não gostares disto!”.

A mesma coisa se passa com a música. Há coisas que não cabem na cabeça de ninguém e que pouquíssima gente no seu perfeito juízo publicaria.

Quem alguma vez faria uma música rock bem feita que lá no meio tem umas vozes estridentes que aparecem do nada a dizer “Queen Of The Niiiight”. Poucas pessoas, no entanto eu até gosto bastante dessa música. Acho que é um grande escape do estereótipo.

Porque se ligarmos o rádio (numa rádio, note-se) apanhamos o que queremos e não queremos de músicas sem nada de novo e com uma certa sensação de "deja vu" até. E se é certo que a maior parte das músicas que passam na rádio ficam no ouvido, o que é uma virtude, também é certo que regra geral são bastante irritantes, pelo menos para mim, porque é aquela musiquinha que já ouvimos milhões de vezes só com uma letra diferente. E quando se ouve algo, aparentemente absurdo, torna-se um escape espectacular. Essas músicas para mim acabam por ser uma afirmação do género “Nós somos a banda X e estamos aqui e fazemos coisas diferentes”. E não se confunda esta frase com aquelas pessoas que dizem e teimam que são diferentes, porque esses afirmam-se pelas coisas que dizem e no caso das bandas a que me refiro eles afirmam-se pelo que fazem sem nunca terem necessidade de afirmar o óbvio.

Isto são apenas pensamentos que me vêm à cabeça quando penso no porquê de certas pessoas gostarem ou não de algo em concreto.

Há também um certo tipo de absurdo que me irrita. Por exemplo, a Lady Gaga irrita-me sobremaneira. Porque os videos e os vestidos são de facto diferentes mas não há qualquer ponta de bom gosto. Porque colocar um chapéu que parece um telefone é de facto diferente. Não há dúvidas. Mas qual é o objectivo? Porque se ela tivesse aquele chapéu e servisse-lhe de telefone a sério ainda aceitava mas assim é apenas e só ridiculo. Acho que reduz-se a uma tentativa de se fazer notar. Contudo tenho a certeza que é um daqueles fenómenos que daqui a uns tempos ainda poderá lançar 'discos' mas ninguém se vai lembrar. Ou passa pela cabeça de alguem dizer que a Beyoncé é uma das melhores e mais originais artistas de sempre? Não, e não é por ter ganho uns quantos grammys que vai ser mais relembrada que outros.

Porque no fundo o que fica na história são normalmente aqueles que fizeram a diferença de uma forma ou de outra. Os Led Zeppelin ficaram para a história porque re-inventaram tudo o que havia sido feito no rock e tornaram-se nos percussores do hard rock actual e até mesmo do heavy metal.

Os dEUS foram a primeira banda independente da europa a ter destaque e assinar numa major porque de facto a música deles era independente e diferente de tudo o resto. Não era independente apenas de nome como muitas, ou melhor, como a maioria das bandas auto intituladas de 'indie'.

Os Monty Python revolucionaram a forma de fazer humor porque quebraram convenções e pré-concepcções sobre aquilo que deveria de ser uma peça de comédia.

Tolkien é relembrado porque do nada criou um mundo fabuloso e credível, apesar de todo ele imaginário e depois disso conte-se as obras de fantasia literária que houveram, não questionando a qualidade de nenhuma em particular.

E provavelmente estes fizeram a diferença por algo que era aparentemente absurdo, pelos meos logicamente, mas que no fundo tem uma intenção e na verdade têm uma beleza inigualável. As coisas que marcam a diferença no tempo acabam sempre por ter uma razão de ser lógica e perceptivel.

Quanto a outros fenómenos não se encontra explicação e não há explicação, e normalmente essa falta de razão para ser como é, coincide com a falta de personalidade do material em questão. Normalmente também a falta de personalidade determina a futuro, isto é, coisas sem personalidade e sem grande lógica acabam por ser completamente esquecidas durante algum tempo e farão parte daquele rol de coisas estúpidas que daqui a uns anos vamos ao youtube ver para nos rirmos por ser tão estúpido e por naquele tempo (hoje) ser considerado tão revolucionário.