Hoje venho falar de um filme. Não por ser um filme. Não pelo seu valor artístico (que por acaso, na minha opinião, é acima da média) mas sim pelo seu significado. E aconselho bastante a visualização deste filme.


Ben X é um filme acerca de um jovem autista que é vítima de bullying. Não vou entrar muito mais na descrição do filme porque o que eu gostaria mesmo era que vissem o filme (baseado em factos reais).
O meu ponto neste post é manifestar o meu desgosto pela raça humana. Como é que é possível existir tanta crueldade para com alguém apenas porque esse alguém aparenta fragilidade? 

Eu já fui gozado por outras pessoas (não na extensão do Ben X, muito felizmente), principalmente na escola, e na verdade apesar de saber os motivos por detrás disso a verdade é que não sei os verdadeiros motivos. Qual é a crueldade que motiva crianças, jovens e adultos a espezinharem alguém enquanto, muitas vezes, fingem-se amigos “do peito”. 

Não estamos aqui a falar de alguém que fez coisas más a ser punido por isso. Estamos a falar de pessoas, supostamente, normais. Iguais a nós. Só que, muitas vezes, são pessoas que gostam de estar no seu cantinho a pensar nas suas coisas (que era o meu caso, por exemplo) e isso é motivo para bandalhos invadirem o nosso espaço com dissimulações e acções que nos levam à humilhação.
Na minha experiência do assunto, o melhor a fazer é queixar-nos a alguém. Mas a verdade é que muita gente opta por refugiar-se ainda mais. No que quer que seja. E é complicado. Quando uma pessoa é vítima de bullying ouve sempre dois tipos de conselho. Ou ouvem “não leves a sério” ou então “dá-lhes porrada”. Nenhuma das duas está certa, mas nenhuma das duas está errada também. Os sintomas de uma sociedade podre como a de hoje em dia, revelam-se nestes casos pequenos (na escala global). Uma sociedade em que, muitas vezes, pode ver alguém a ser espancado e não faz nada. A base da sociedade podre está na imensa falta de respeito mútuo. Na imensa falta de compreensão das diferenças. “Todos diferentes, mas todos iguais” era o lema no meu tempo, relativamente às várias raças. Mas, no fundo, porque é que achamos que vamos respeitar outras raças quando nem os da nossa própria conseguimos respeitar? 

Se eu fosse enumerar razões pelas quais já vi pessoas a serem gozadas isto daria uma lista muito estúpida. Já vi pessoas serem gozadas pelo seu sotaque, por terem o nariz torto, por serem demasiado altas, por serem gorduchas, por serem caladas (o meu caso), por serem de opinião oposta (o meu caso), por usarem uma certa roupa etc etc. Na prática tudo coisas irrelevantes e estúpidas. Na maior parte delas nem se trata de uma escolha consciente das pessoas. Condições físicas são inevitáveis. E ser-se calado é tão irritante como falar-se muito, no entanto não se vê ninguém a gozar com as pessoas que falam muito. Porque essas pessoas não parecem tão fracas.

E é por isto que eu, apesar de saber as razões de ser gozado, ao mesmo tempo não as sei.
O que eu sei é que na maior parte das vezes as vítimas são os que aparentam ser os mais fracos. Pura e simplesmente. É mais fácil para esses orcs pegarem com os mais fracos. É “sucesso garantido”. Por isso é que, francamente, me enoja esta sociedade. Porque temos professores nas escolas que se estão bem nas tintas para estes problemas (sim eu sei que há deles que se preocupam). Temos funcionárias que dormem em serviço nos corredores. Temos pais que defendem os filhos que na verdade são uns valentes cabrões, mas os pais não querem nem permitem que alguém, sem serem eles, chame a atenção de um filho deles. 

Da mesma maneira que os professores não admitem que um pai lhes diga como fazerem o seu trabalho.

Porque temos uma sociedade que às vítimas dizem para não levarem a peito, e aos perpetradores concedem benevolência no julgamento (é preciso averiguar com atenção blá blá blá).
Se um filho meu fosse vítima de maus tratos psicológicos constantes, não sei quanto tempo ficaria sem entrar em modo psicopata e tenta fazer justiça com as próprias mãos. Mais uma vez, não é certo, mas também não é errado.

Por vezes, através das circunstâncias normais da vida, já é difícil fazer sentido daquilo que é a nossa existência. Nunca considerei suicidar-me mas mentiria se dissesse que nunca pensei no acto e nas suas consequências. Mas nestas situações, é um pouco difícil para mim não compreender a vontade de pôr um fim à vida. 

Para mim próprio é muito difícil compreender esta realidade. Bullying é um estrangeirismo utilizado de forma bastante vaga e gratuita hoje em dia. Acabou por se tornar num substantivo quase abstracto, para dar nome a um fenómeno, que, na verdade, ninguém quer enfrentar seriamente. Ninguém quer acabar com ele. Os pais das crianças que o fazem foram eles próprios, em tempos, bullys. São eles próprios muitas vezes que instalam nos filhos sensações de superioridade que os fazem achar que podem fazer tudo à sua vontade. Como é que se resolve o problema assim? Nem com mortes. Um morto não é mais que uma quantidade. É como dizer 50kg. Ou 30 litros. Um morto é apenas um saco, uma mortalha, um caixão e um buraco no chão, adornado com belas flores e pedras bonitas. É só um número. Que causa choque, mas que é esquecido quase imediatamente pela população em geral.
As coisas só vão mudar, quando a sociedade mudar.
Enquanto ela não muda, e apesar de ser obrigado, eu não quero fazer parte desta sociedade.

Until then, Include me out.

Where have I seen this before?
When will I feel it again?
Somebody opened a door
I'm afraid to walk in
Imagination stands still
I read it in open book
Read it in open book

Oh man, I read it in books of laughter
Oh man, I read it in books of pain

What are you talking to me
Cause I'm not really there
Like a spirit that's free
I'm as light as the air

Oh man, as light as the air and floating
Oh man, as light as the air and floating

Take me on
Where the fire winds blow
Or where a fallen leaf stays
for days
on your shoulder

Cause all I need
Is to find my own
And that summering drone
Illicit and golden

Oh lord where have is seen this before
Oh lord when will I feel it again

Read it in every move
Read it in every game
Read it in what you do
Read it in everything

Oh man, as light as the air and floating
Oh man, as light as the air and floating
Take me on
Where the fire winds blow
Cause when time stands still
I wait until
It's over
And all I need
Is to find my own
And that summering drone
Illicit and golden

Include Me Out, dEUS