É engraçado pensar nas evoluções que se dão em diferentes pessoas. No meu caso é também um ponto frequente de reflexão.
Quando olho para a vida dos meus pares (amigos e pessoas que são mais ou menos da minha idade e que conheço minimamente) reparo numa tendência quase unânime. Quando éramos jovens havia uma série de pontos coincidentes entre a maior parte dos meus pares dos quais apontarei apenas dois pontos, nomeadamente, convicções políticas e música.
Maior parte deles era politicamente de esquerda (legalização de marijuana, legalização do aborto, igualdade, etc., etc.) ouviam música bastante "forte" (Placebo, Rage Against the Machine, Led Zeppelin, Black Sabbath). Bandas com sonoridades fortes e por vezes com mensagens "anti-establishment". Havia um sentimento alargado de "Fuck the rules" ou "Fuck the police", revolução etc.
Por minha parte eu era a antítese disto. Apesar de talvez vir do ambiente socialmente mais desfavorecido (não pobre, mas com menos benefícios) eu era um centrista orgulhoso. Forte defensor da União Europeia e das democracias europeias no limite de me alistar na Juventude Socialista. Pois bem, politicamente as minhas visões eram extremamente moderadas.
Musicalmente ouvia pop-rock, Bon Jovi, U2, Coldplay, a certa altura etc. O total oposto dos meus pares.
Contudo, o tempo passa e as pessoas mudam. E é curioso como.
Os meus pares, hoje em dia, já não querem revolução. Agora querem é "estabilidade". Agora são centristas que nem um governo de esquerda aceitam (ou aceitam mas com muitas dores). Agora quando há um ataque em França já põem a bandeira de França no seu Facebook. Já não são preocupados pela desconfiança dos nossos governantes. São aquilo a que muita gente chama de acomodados. Não quer dizer que estejam acomodados à sua vida profissional, mas sim acomodados à sua situação social e política sem qualquer desejo de saber o que se passa e de contrariar e apontar o que dantes achavam errado.
Musicalmente os seus gostos são um distante exemplo do que eram antes. Muitos já estão naquela fase da vida em que acham música brasileira (do género Tom Jobim etc.) interessante. Longe dos gritos de agressão da juventude. Nada tenho contra a música brasileira, atenção, é apenas um exemplo.
Agora eu sinto que caminho num sentido oposto. Hoje em dia os meus ideais políticos andam nos limiares da anarquia e das suas variadas opções. Desprezo a "superioridade" da sociedade ocidental e da nossa concepção de excepcionalismo na qual a nossa sociedade é que é evoluída e perfeita e para além de qualquer reparo. Uma explicação para a minha mudança tem a ver com acesso à informação. Claro que se só seguimos as notícias na TV nos anos 2000 é fácil ficar com a percepção que eu tinha das coisas. Adicionalmente é fácil ser-se revoltado, como os meus pares, porque basicamente fumar charros era proibido então aliam-se à facção que defende a legalização disso.
Musicalmente agora sou eu que oiço Black Sabbath, Led Zeppelin, Rage Against the Machine etc. Hoje sou eu que me junto aos gritos da revolta. Hoje sou eu que quase avalio o que gosto mais pelas convicções do que pela música propriamente dita.
Curioso não é, como a evolução segue em direcções opostas?
Quando olho para a vida dos meus pares (amigos e pessoas que são mais ou menos da minha idade e que conheço minimamente) reparo numa tendência quase unânime. Quando éramos jovens havia uma série de pontos coincidentes entre a maior parte dos meus pares dos quais apontarei apenas dois pontos, nomeadamente, convicções políticas e música.
Maior parte deles era politicamente de esquerda (legalização de marijuana, legalização do aborto, igualdade, etc., etc.) ouviam música bastante "forte" (Placebo, Rage Against the Machine, Led Zeppelin, Black Sabbath). Bandas com sonoridades fortes e por vezes com mensagens "anti-establishment". Havia um sentimento alargado de "Fuck the rules" ou "Fuck the police", revolução etc.
Por minha parte eu era a antítese disto. Apesar de talvez vir do ambiente socialmente mais desfavorecido (não pobre, mas com menos benefícios) eu era um centrista orgulhoso. Forte defensor da União Europeia e das democracias europeias no limite de me alistar na Juventude Socialista. Pois bem, politicamente as minhas visões eram extremamente moderadas.
Musicalmente ouvia pop-rock, Bon Jovi, U2, Coldplay, a certa altura etc. O total oposto dos meus pares.
Contudo, o tempo passa e as pessoas mudam. E é curioso como.
Os meus pares, hoje em dia, já não querem revolução. Agora querem é "estabilidade". Agora são centristas que nem um governo de esquerda aceitam (ou aceitam mas com muitas dores). Agora quando há um ataque em França já põem a bandeira de França no seu Facebook. Já não são preocupados pela desconfiança dos nossos governantes. São aquilo a que muita gente chama de acomodados. Não quer dizer que estejam acomodados à sua vida profissional, mas sim acomodados à sua situação social e política sem qualquer desejo de saber o que se passa e de contrariar e apontar o que dantes achavam errado.
Musicalmente os seus gostos são um distante exemplo do que eram antes. Muitos já estão naquela fase da vida em que acham música brasileira (do género Tom Jobim etc.) interessante. Longe dos gritos de agressão da juventude. Nada tenho contra a música brasileira, atenção, é apenas um exemplo.
Agora eu sinto que caminho num sentido oposto. Hoje em dia os meus ideais políticos andam nos limiares da anarquia e das suas variadas opções. Desprezo a "superioridade" da sociedade ocidental e da nossa concepção de excepcionalismo na qual a nossa sociedade é que é evoluída e perfeita e para além de qualquer reparo. Uma explicação para a minha mudança tem a ver com acesso à informação. Claro que se só seguimos as notícias na TV nos anos 2000 é fácil ficar com a percepção que eu tinha das coisas. Adicionalmente é fácil ser-se revoltado, como os meus pares, porque basicamente fumar charros era proibido então aliam-se à facção que defende a legalização disso.
Musicalmente agora sou eu que oiço Black Sabbath, Led Zeppelin, Rage Against the Machine etc. Hoje sou eu que me junto aos gritos da revolta. Hoje sou eu que quase avalio o que gosto mais pelas convicções do que pela música propriamente dita.
Curioso não é, como a evolução segue em direcções opostas?