Olá, a quem quer que leia isto. (Acho que ninguém, mas não quero que me acusem de ser mal educado!)

Hoje falo do segundo disco da curta carreira dos Raconteurs. Banda formada por Brendan Benson, Jack White, Jack Lawrence e Patrick Keeler.

Primeiro os membros. Jack White, guitarrista e vocalista da banda, nem vou dizer muito mais senão que é o lider dos White Stripes, productor dos seus próprios projectos e quem não o conhece é melhor conhecer porque estão a perder o trabalho de uma pessoa que certamente será uma lenda daqui a uns anos.
Brendan Benson é um autor a solo com alguns trabalhos lançados, é guitarrista e vocalista. Patrick Keeler e Jack Lawrence, baterista e baixista, respectivamente, são ambos de uma banda de jazz chamada Greenhorns.

O disco insere-se num estilo rock/country bastante leve e agradável. Todas as músicas foram escritas em colaboração entre Brendan Benson e Jack White.
Um dos detalhes que mais me agrada nesta banda é o cuidado de composição. Nenhum pormenor da música é deixado ao acaso e todas as músicas dão a sensação de estarem completas e na melhor forma possivel. Este pormenor, deve-se, a meu entender, muito à combinação de processo criativo entre Benson e White, White mais explosivo e Benson mais requintado.
Outra coisa que me agrada bastante é a uniformidade do disco. Não há altos e baixos, há sim um nível que se mantém durante todo o disco. Desde a primeira faixa à última faixa encontra-se um trabalho homogéneo. Note-se que com isto não quero dizer que as músicas são todas parecidas.

No álbum destaco a Consolers of the Lonely, primeira música do disco e também a que dá o nome ao mesmo. Uma música rock, com um tom divertido e com um fim espectacular com Jack White a mostrar que os grandes solos não são só os complicados. You Don't Undestand Me, uma balada com uma letra no mínimo incomum para uma música romântica "Why don't you turn it around, it might be easier to please me", sintomático.
Old Enough e Top Yourself, uma mistura futurista de guitarras acústicas num estilo country com uma música rock. As letras são bastante engraçadas e revelam uma visão que normalmente não se contempla em muitas bandas. Enfatizamos a riqueza e a diferença de lirismo em relação a outras músicas do género na Top Yourself com os versos iniciais "How you're gonna top yourself when there is nobody else, How you're gonna do it by yourself cause I’m not gonna be here to help you". Deveras inesperado!

Many Shades of Black, é uma música grandiosa por toda a carga emotiva que a acompanha. Mais uma vez a letra é inversa ao normal, usualmente em musicas românticas ouvimos o citar da dor e do mal estar pelo fim da relação, nesta é mais assim: "Everybody sees and everyone agrees that you and I were wrong and it's been that way too long, So take it as it comes and be thankful when it's done, there's so many ways to act, and there's many shades of black".
Continuando, outra das pérolas do disco é Rich Kids Blues, uma música perfeita e bastante tocante que vai num crescendo até ao final exfusiante.
No final, Carolina Drama, uma música que retrata uma história, segundo eu apurei, recorrente no estado da Carolina do Norte, de uma mescla de relações proibidas e violência doméstica. Se quiserem saber o final da história, perguntem ao senhor do leite. Interpretação espectacular de Jack White.

Estas são as que destaco, mas obviamente as restantes são também de óptima qualidade. A mistura das vozes e alternância das mesmas entre Benson e White confere um colorido enorme ás músicas. A mesma mistura se pode observar na guitarra com dois estilos totalmente diferentes mas que combinam de forma bastante interessante neste disco. Nota também para Jack Lawrence que toca baixo e proporciona um som bastante forte, às vezes quase como uma guitarra. Patrick Keeler, toca bateria e quase que livremente, não alinhando nas linhas comuns de bateria rock, o que é natural dado ser um baterista de jazz.

Se puderem ouçam.