Neste fim de semana tive de trabalhar numa festa, daquelas festas que não gosto e em que as pessoas se vestem especialmente para a ocasião como se de um casamento se tratasse. Misturas de djs recheadas de clichês etc etc.

Apesar de ser tudo, na minha opinião, bastante deprimente, as pessoas divertem-se muito, sabe-se lá porquê. Vi pessoas em êxtase e a dizer "Oh, isto está fabulástico" e uma afluente excessiva de seres ao mesmo lugar, tendo em conta que não se passou nada que não se tenha passado em um milhão de festas pelo país fora na mesma noite.

Chegando ao título do post, fiquei com a sensação de que as pessoas se deixam inebriar demasiado por estes momentos de convívio (?) social e ficam deliciadas e completamente atrapalhadas de tanta espectacularidade (eu sei, é estúpido, mas as pessoas são assim). E fico a pensar, se estas pessoas ficam tão maravilhadas com uma merda de uma festa inútil que nunca mais ninguém na sociedade se vai lembrar e que eventualmente desaperacerá perdida nas páginas do Face(vaca)book, é muito natural que fiquem extremamente deprimidas com a vida miserável que levam no dia seguinte em que acordam sóbrios para mais um dia de inutilidade.

São pessoas que só lêem merda. Ouvem merda. Pensam merda e jorram merda por todos os poros e orifícios "on a daily basis".

Há uma pessoa que admiro especialmente que diz bastantes vezes "Not get too high, not get too low" isto realtivamente ao estado psicológico. E é verdade e aplica-se a tudo.

Devemos ser centrados e fasear as nossas emoções. Isto é, há coisas que eventualmente podem ser espectaculares. Por exemplo, se eu pudesse abrir o meu frigorífico e entrar e quando saísse estivesse em los Angeles e fosse 25 de Junho 1972 e eu pudesse ir ver o concerto dos Led Zeppelin no LA Forum, certamente iria delirar e seria um momento alto da minha vida. Ou quando fui ver as minhas bandas favoritas. Isso foram ocasiões memoráveis. Ou quando conheci a minha Cerejinha e comecei a namorar com ela. Andei a planar centímetros acima do chão durante semanas. Foi um momento único.

Agora ir a uma festa, onde estão imensas pessoas para ver djs relativamente desconhecidos a põr música que passa em qualquer discoteca... É que nem sequer era o David Guetta (que por muito merdoso que possa ser, sempre é mais conhecido e era natural que o viessem ver, porque como eu disse as pessoas só ouvem merda e quanto a isso não há nada a fazer).

E depois a euforia à volta de uma coisa que acabou em bebedeira e sem forma de voltar a casa para algumas pessoas. É isso que vão contar aos vossos netos?

Neto: Avô conta-me uma estória.
Avô: Um dia fui a uma festa que se chamava...Hmm... Bem não interessa. Estava lá muita gente conhecida...Hmm...E havia muitas luzes e uns Djs muito bons que eram...Hmm...Não me lembro e então no fim tropecei e entornei o copo. (gargalhada)
Neto: (corta os pulsos)

E depois da euforia sobre uma coisa insignificante é natural (dada a desregulação de emoções que para ali vai) que quando se deparam com a vida do dia-a-dia fiquem deprimidos, porque não sabem relativizar as coisas. Ou é tudo muito espectacular ou é tudo horrível. Ou então vêem-se ao espelho e é tudo uma merda (não resisti).

Anyway, escrever isto e ouvir When the levee breaks ao mesmo tempo é um bocado desconcertante, por isso peço desculpa se o texto não fizer lá muito sentido.

Mas deixo aqui um vídeo sobre relativização das coisas.