Nunca fui muito de manter diários de leitura.

Não tenho nem paciência nem persistência para manter um diário de leitura nem para ter um perfil de goodreads, como muita gente tem.

Assim sendo, e dado que hoje me apetece falar dos livros que li este ano, que me lembro, venho aqui deixar este post.

Ora então cá vai, sendo que certamente me esquecerei de alguns. Vou começar pelo último que li, desfrutem.






Polikuchka - Tolstoi

Este acabei de ler anteontem. Gostei bastante. Tolstoi é um escritor que me envolve bastante bem nas suas obras. É um conto e é bastante leve e fácil de ler. Se há coisa que não compreendo é algumas pessoas que dizem que a escrita de Tolstoi é muito pesada. Se calhar na Guerra e Paz (que ainda não li) até é, mas em livros como este, Felicidade Familiar, Hussardos, A Morte de Ivan Ilitch ou a Sonata de Kreutzer o estilo é bastante fácil de ler. Talvez o ambiente seja pouco positivo e até um bocado negro em alguns, mas o estilo não é assim tão pesado. Não é pesado de todo, diria.

Calígula e o Equívoco - Albert Camus

Li este livro porque estava a passar férias na casa da minha querida namorada e não queria começar a ler um livro que se arrastasse depois do fim das férias. (essa foi a mesma razão pela qual peguei no Polikuchka para ler, de resto) Já sei que depois das férias o meu ritmo de leitura abranda e, por isso, se pegasse num livro muito grande iria dar um avanço nas férias e depois do fim delas iria arrastar até o acabar.
De qualquer das formas, são duas peças de teatro no mesmo cumprimento de onda de O Estrangeiro. O absurdo continua em evidência, contudo, não achei que as peças fossem assim tão dramáticas (no sentido teatral) nem achei que mostrassem assim tão explicitamente o absurdo da vida. Tudo bem, que ele está lá, mas não parece o assunto central, por assim dizer. Talvez o maior defeito é que quando lemos as primeiras páginas o final já se torna demasiado previsível.

Billy Budd - Herman Melville

Escolhi aqui mais um livro curto. Já tentei ler o Moby Dick e acabei por desistir a meio. Decidi dar segunda chance num livro muito mais pequeno, em que Herman Melville conta mais uma história acerca de marinheiros.
Eu gosto da escrita de Melville. Há algo de suis generis na forma de ele escrever que me agrada. Não sei se são as analogias que ele volta e meia usa para descrever algo, ou se será a sensação de oralidade no livro. Isto é, muitas vezes é como se ele nos estivesse a contar a história de boca numa taberna qualquer e até de certa forma ao sabor daquilo que a memória lhe traz.

1Q84 - Haruki Murakami

Li este livro em inglês porque obviamente a tradução em português é a maior palhaçada e estupidez que já vi em termos de traduções para português. Em cima de uma tradução medíocre acrescentem a tempestade convulsiva de notas extemporâneas e descabidas, gentileza da nossa querida Maria não sei quê (desculpem lá, mas fico tão ultrajado que nem me apetece ir procurar o nome da senhora. Já sei que irei dar a um certo clube de fans que masturba o ego da senhora e agora não me apetece).
Eu li os três livros em inglês e não vi uma única nota (NENHUMA). Folheei o livro na fnac em português e encontrei notas que até me fizeram tremer as pernas.
De qualquer das formas, a edição que eu li é uma belíssima edição em capa dura em que vêm os três livros juntos, portanto para mim o 1Q84 livros um, dois e três, são para mim apenas um, apesar de vir mencionada no livro a separação entre livros.
Demorei bastante tempo para o ler e isso acabou por prejudicar a apreciação do livro. Achei que, ao contrário de outros livros dele, nada de espantoso acontece e a narrativa segue um caminho calmo e, diria mesmo até, previsível. As personagens são muito boas, como de costume nos livros dele, e a história tem muito de surreal. A escrita, bem, é a escrita de Murakami, que só lendo é que se poderá explicar. Penso que a minha impressão do livro poderia ser melhor se o tivesse lido num menor espaço de tempo, mas bem, talvez numa próxima.

Pole to Pole - Michael Palin

O meu Python favorito também faz documentários de viagens. Esta é uma viagem feita em 1991 desde o Polo Norte até ao Polo Sul e é um belo documento ao estado do mundo nessa altura. A viagem é feita junto à linha de 30º de longitude, que atravessa a maior parte em terra. Para chegar de um ponto ao outro é utilizado essencialmente transportes públicos, terrestres sempre que possível e marítimos ou aéreos nas restantes ocasiões.
Gosto neste livro do mesmo que gostei quando li Nova Europa. É a simplicidade com que a viagem se faz e o facto de na maior parte das vezes Palin comunicar com as pessoas e não com as grandes personalidades ou com presidentes das localidades onde passa. Normalmente acaba por falar com um artesão ou motorista ou feirante e, dessa forma, é possível ter uma perspectiva bastante simples e realista da verdadeira realidade em cada um dos lugares. O livro não é muito grande, mas quando lido as terras europeias atravessadas no início parecem muito distantes quando nos aproximamos do fim. A travessia de África é um documento acerca do estado de abandono desse continente, que muita gente gosta de ignorar. Li em inglês, dado que nem sequer existe edição deste livro em português.

E bem, hoje fico por aqui, talvez amanhã continue, dado que ainda li mais alguns livros este ano.