Este tipo de comportamento exibido por esta jurada do vídeo é o tipo de comportamento que mais raiva me provoca seja onde for e parece que é daqueles mais comuns.
Esta jurada acusa uma pessoa de falta de originalidade, esquecendo-se que ela própria é um poço de falta de originalidade. E que o seu marido, que supostamente teve a sua identidade roubada pelo concorrente, é ainda mais um caso de originalidade espectacular. No sentido de ser igual a centenas de outros.
Incrivelmente este é dos tipos de comportamento mais frequentes e que mais me tocam nos nervos e me deixam a pensar porque é que o ser humano, apesar de ser racional, é o ser mais estúpido à face da terra.
O que não falta é gente a vangloriar-se de ser melhor que não sei quem e não sei quem mais. Porque eu sou pela liberdade. Je suis fucking Charlie. Eu defenderei a tua liberdade com uma convicção Voltairiana. Até que o teu ponto não me agrade e nessa altura tentarei calar-te por todos os meios possíveis. Utilizarei falácias, subversões, farei perguntas que pouco têm a ver com assunto em discussão e guiarei a conversa noutro sentido. Farei uso da minha autoridade e da tua fragilidade para que te obrigar a submeter aos meus desejos mesquinhos e idiotas.
Este é o retrato da humanidade.
A sociedade ocidental, e a portuguesa em particular que é a que me é mais próxima, é uma palhaçada diária. Desde políticos, da esquerda até à direita, a jornalistas que extrapolam informação sem verificar absolutamente nada, comentadores que falam como se o que eles dizem fosse o santo graal da informação a última gota de sabedoria. Professores completamente cegados por uma ideologia bairrista e tacanha. Com visões deformadas e deturpadas da realidade. Professores de história que dizem que o Código Da Vinci é um livro relevante em termos de teoria histórica, apesar de ser um romance e apesar de ser o maior monte de merda que existe em termos literários. Juntamente com o Crepúsculo. Juntamente com as 50 merdas de Grey. Mas nós, o povinho, adoramos estas coisas. Descrevem tão bem os nossos desejos mais escondidos. Reflectem tão bem as emoções do ser humano. Idiotice.
A juventude de hoje a quem tudo é dado de mão beijada. Queres estudar? Estuda. Vai para uma universidade e faz as três escolhas. Escolhe um que tenha uma média baixinha para teres a certeza que entras e depois escolhe mais dois á sorte, sempre de olho na média, para teres escolha. Deixa de lado a necessidade de conhecimento. Quem é que precisa disso? Só aqueles que tem a mania que são superiores é que precisam disso para se exibirem. Eu? Quero é a vida louca. Quero curtir e ir para uma praia morrer numa onda. Quero ir para cima de uma parede e saltar até ela cair e depois ficar soterrado. Quero ser um coitadinho. Quero ser um idiota que vive dos despojos da sociedade e dos rendimentos dos meus pais. Não tenho dinheiro para livros para o meu curso professora. Gastei tudo nos jantares deste mês e no meu estúpido traje. Não é lindo? Já comprei a colher e o chapéu para todos assinarem para me lembrar para sempre deste dia fantástico em que me licenciei num curso acerca do qual pouco sei e pouco me interessa. Mas sou licenciado e tenho direito a queixar-me de não ter emprego. Porque sou uma merda naquilo que aprendi, supostamente, e agora ninguém me dá emprego. Desculpa pai, gastaste três mil euros para nada. Gasta mais uns milhares para me manteres aqui em casa enquanto eu sirvo a inutilidade com aplicação.
E quando encontrar um trabalho, graças a uma cunha de um amigo de não sei das quantas, irei aplicar-me imenso. Na primeira semana esgotarei o profissionalismo e daí para a frente preocupar-me-ei mais com fofocas e irrelevâncias. E preocupar-me-ei mais com fazer amizades e aplicar-me em socializar. Será muito fixe e divertido. Tal como na primária. Tal como no ciclo e na secundária. Tal como na universidade. Serei amigo de toda a gente que tem um facebook. Os que não têm e eu nunca lhes ligo, o problema é deles. Eles é que se querem afastar. Têm a mania. Não são como eu.
Um dia encontrarei uma companheira e iremos viver para uma casa. O meu pai trata disso tudo. Ele dá-me ou ajuda-me com a renda. Não há problema. Podemos ir para uma outra casa. Melhor e mais cara. Assim também posso comprar um carro novo. Sempre quis ter um. Talvez até consiga comer uma outra gaja sem tu veres. Se tu não vires não faz mal. Casamos há seis meses mas isso não quer dizer nada. Temos de variar para manter a chama acesa. A barreira dos seis meses é a mais difícil. Vou ter com os meus amigos. Fica aí sozinha. Limpa a casa e trata da minha roupa. Perde oito horas do teu descanso semanal para que eu possa ir ter com os meus amigos e beber cervejas e perder-me em bares. Até logo. Qualquer coisa liga à tua mamã. Ela vem-te ajudar. Logo à noite venho e faço-te um filho. Cuidaremos dele com todo o zelo enquanto ele estiver na tua barriga. Derreteremos o máximo de dinheiro possível para que ele tenha todas as condições. Porque o meu filho é a coisa mais importante deste mundo. Ele terá tudo de bom. Nada lhe irá faltar. Amor, a criança nasceu. Que momento lindo. Não há nada como esta sensação. Ser pai. Chama a tua mamã. A tua mamã que a leve para casa dela e que cuide lá dela. Ela sabe cuidar da criança melhor que nós e nós não temos tempo. Afinal, tu nem sequer tratas da minha roupa. Levas para a tua mãe. Fazes bem amor. A vida são dois dias. Vamos passar um fim de semana fora. Vamos comprar o maior saldo que encontrarmos na internet e vamos para lá exigir um tratamento de cinco estrelas. Porque eu sou especial. Você sabe quem é que eu sou? Bem me parecia.
Paz e liberdade. Detesto pessoas desonestas e mentirosas. Eu defendo a liberdade e a paz. Que todo o mundo viva em paz. O que é que nós fizemos para merecer tantas guerras e atentados. O que é que está de errado com essas pessoas. Esses subalternos que não sabem o seu lugar no mundo. Esses seres estranhos que têm inveja da nossa forma de viver. Têm inveja da minha liberdade e da minha paz. Da minha liberdade de ser como querem que eu seja. De ser um carneiro num rebanho. Ainda hoje vinha nas notícias a dizer que nós temos razão amor. Vamos manifestar-nos. Pela liberdade e pela paz. Pela igualdade e pela fraternidade.
Que sociedade podre. Que sociedade podre. É este o tipo de idiotice que abunda. Um bando de idiotas. Que é que vocês sabem? Citar generalidades? Viver numa bolha e acreditar em tudo aquilo que contribui para a bolha de felicidade. E quando alguém te der um ponto de vista diferente? Subverterás e encontrarás todas as desculpas necessárias para continuares a acreditar na tua rica vida. É isto que vocês chamam de vida? Uma vida de obscuridade? De regularidade excruciante disfarçada de excitação fantástica em férias e viagens sem as quais não podes passar? Mas espera. É claro. Eu é que tenho inveja. Claro. Onde estava eu com a cabeça? Que mais poderia ser? Tal e qual. I-N-V-E-J-A. Eu queria ser como tu. Choro de cada vez que estou em casa e te imagino na festa com os teus incipientes e aparvalhados amigos. Estou de mal com a vida. Sou carrancudo. Só quero ver as coisas más e pulo de alegria com a infelicidade dos outros. É claro.
Como poderia eu esperar que me compreendesses? Fraco humano de cérebro subdesenvolvido. O erro é meu. Como poderia eu esperar que o animal mais egoísta do planeta me entendesse? Esta é a derradeira parvoíce.
Calar-me-ei, então.