É também bastante relevante que os Bon Jovi tenham sido uma das únicas bandas que sobreviveram ao período grunge e ao nascimento comercial do rap. Maior parte das bandas de Rock foram dispensadas pelas editoras. Nessa época os Bon Jovi estavam separados mas haveriam de voltar com Keep The Faith. Um album com muito mais personalidade que outros dois anteriores e que marcaria o regresso da banda com uma perspectiva de futuro bastante diferente do passado mas sem renegar esse mesmo passado que projectou a banda para o estrelato.
Em 2003 a banda tinha agendado um lançamento de um Greatest Hits. A banda reuniu-se e em 23 dias completou, com a ajuda de Pat Leonard, aquilo que era para ser um simples “Best Of”. A realidade é que em vez disso os Bon Jovi surgiram com uma verdadeira obra de arte.
São por muitos considerados uma daquelas bandas da carneirada que faz apenas e só mais do mesmo dentro daquela forma garantida de sucesso. Contudo This Left Feels Right, para além de ser um excelente nome para o disco, é também um disco corajoso e capaz de criar reacções em qualquer apreciador razoável de música. Doze músicas mundialmente famosas e que fazem parte da vida de muitas pessoas, por boas ou más razões. Doze músicas completamente desfeitas e refeitas sendo que em algumas só se conseguirá identificar a música pela letra. À parte de Wanted Dead or Alive e It's My Life, que contêm algumas linhas presentes nas versões originais todas as músicas foram despidas e vestidas com novas roupas. A poderosa música de estádio que Livin' On a Prayer é aparece neste disco como uma música contando uma história triste e muito mais sombria. It's My Life deixa de ser a música marcante que toda a gente ouviu na rádio para passar a ser uma música apenas com piano e harpa com uma interpretação emocionante e bastante forte de Jon Bon Jovi. Keep The Faith e Everyday, duas músicas de puro hard rock foram desmontadas e refeitas com uma perspectiva muito mais profunda e ambígua. Keep The Faith passou a ser praticamente uma oração vinda da alma.
O disco não foi muito bem recebido pelos fans e foi praticamente ignorado, como de costume, pela crítica. Jon Bon Jovi refere até que já o fez uma vez e não o voltará a fazer porque ninguém gostou. Mas a verdade é que eu pelo menos gostei. Obviamente é uma coisa muito perigosa mexer nas músicas que fazem parte do intímo das pessoas, mas a verdade é que se pensarmos que são outras músicas, que são, vamos encontrar músicas espectaculares.
Não estou aqui a querer provar nada mas sim a deixar escrita a minha admiração pela grande banda que os Bon Jovi são. Conseguiram tocar o céu, estiveram perto de acabar, voltaram melhores e souberam sempre renovar-se ao longo dos tempos com sucesso constante. A prova dessa renovação é This Left Feels Right. Poucas bandas teriam coragem de fazer o que os Bon Jovi fizeram mas ainda menos bandas se dariam ao trabalho de em 23 dias destruir e construir doze músicas para entregar algo de novo e artisticamente relevante. Mais o facto de tudo o que eles fazem estar repleto de sinceridade. Não há nada a esconder e é bom ver quarto pessoas que ao fim de vinte anos estão juntos como amigos e não como empresários que estão ali apenas para ganhar dinheiro.
Recomendo, obviamente, a audição deste disco, sem ligar ao passado da banda ou ao que as músicas eram. Simplesmente ouvir e apreciar.
Só para acabar relembra toda a gente que os Bon Jovi não são o Bon Jovi. Jon Bon Jovi é acompanhado por David Bryan no piano e Tico Torres na bateria. Sem desvirtuar nenhum dos membros da banda há que fazer homenagem ao grande guitarrista que é Richie Sambora. Há poucos guitarristas do nível dele, que é sem dúvida um dos melhores do mundo, que abdiquem de ser o centro das atenções em prol de uma banda. Sambora abdica disso mas qualquer pessoa que conheça minimamente a banda sabe que ele é grande parte daquilo que os Bon Jovi são. Este disco foi praticamente todo composto por Richie Sambora, tal como Jon Bon Jovi disse numa entrevista. Assim sendo aqui fica a minha homenagem a Richie Sambora.
Etiquetas: bon jovi, músicas, this left feels right
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