Penso que sim mas acho que não.

Parece ser este o lema de muitos políticos de hoje em dia, principalmente quando está em jogo a hipótese de poder ascender a um cargo ou a hipótese de levar para a frente a sua "donzela".

Notoriamente fala-se bastante de Fernando Nobre. Obviamente Fernando Nobre ou é extremamente hipócrita ou é extremamente ingénuo.

Porque só uma pessoa com uma destas duas personalidades, pode não ver mal nenhum, em candidatar-se como cabeça de lista de um partido, após ter afirmado a pés juntos que nunca o faria. E só uma pessoa dessas é que não vê onde está o erro de avaliação da coisa.
A isto adiciona-se a estupidez de dizer "Se não for eleito Presidente da Assembleia da Republica, renuncio"

Uma das pessoas que eu menos aprecio na política é o Sr. João de Deus Pinheiro que meia hora depois de ter sido empossado como deputado, após ter sido eleito como cabeça de lista por Braga, renunciou. Tempo recorde. É este tipo de manobra política que nem tem nada a ver com dinheiro mas tem a ver com falta de sinceridade. Eu lembro-me, aliás de se falar bem antes das eleições que se ele fosse eleito, renunciaria, mas a direcção de bancada do PSD (partido pelo qual foi eleito) não resistiu a dizer que tinha sido apanhada de surpresa. O Sr Deus Pinheiro argumentou razões pessoais.

Outra pessoa que, já me tinha dado essa impressão, mas que comprovou isso mesmo foi Carlos Abreu Amorim, personagem mais ou menos desconhecida mas que escreve alguns artigos de opinião aqui e ali e que agora aceitou ser cabeça de lista do PSD por Viana do Castelo. Veja-se a opinião que ele tinha há um ano sobre o líder do PSD Pedro Passos Coelho.

"demasiado enlaçado nos defeitos e vícios do regime para conseguir mudar"

"Escaqueirou o seu principal compromisso - não admitir uma subida de impostos - antes mesmo de ter chegado ao governo. Os políticos portugueses tinham-nos habituado a estilhaçar as suas juras eleitorais mal ascendiam ao poder, mas Passos Coelho antecipou-se" (em relação a Pedro Passos Coelho ter aprovado um PEC, imagino que deve ter ficado de baixa quando Passos Coelho aprovou o orçamento)

Mas após o convite...

"Fiquei bastante impressionado. É uma pessoa de muita confiança"

"O facto de ter sido convidado, depois das críticas que fiz, só demonstra a grandeza de Passos Coelho."

Mais ainda, não consegui encontrar um artigo que ele escreveu em que basicamente falava do dia em que soube que Sá Carneiro tinha falecido e como nunca mais se quis envolver na política. Mas bem, agora é candidato, não pelo dinheiro. Só que a mim, particularmente não me interessa o dinheiro, interessa-me sim a coerência.

"Candidato-me porque Portugal nunca esteve tão doente desde que me fiz homem. Porque não me recordo de termos sido tão mal governados como agora. Porque empobrecemos nas finanças e na economia mas, sobretudo, no orgulho que tínhamos em sermos portugueses e na mais elementar convicção quanto às nossas qualidades colectivas - desacreditamos em nós mesmos, uns dos outros e todos, em uníssono, do país." diz Carlos Abreu Amorim.

Só que Carlos Abreu Amorim esquece-se, com toda a conveniência, que se o governo em funções não queria apertar o cinto de uma vez era para não parecer que estávamos em pânico. Aliás, José Sócrates disse isso mais que uma vez. Mas para CAA é o orgulho em ser português que está em causa.
Pois tenho a dizer que pior que um governo fazer vários Pacotes de Estabilidade e Crescimento, é dizer que "o país está de Tanga", para toda a gente ouvir. Mas CAA acha que sim, isso passa uma imagem maravilhosa do país. E por isso se candidata a deputado, ostracizando a memória do grande (para os sociais democratas) Sá Carneiro. Toda a gente se preocupa com a morte de Francisco Sá Carneiro e se morreu ou foi morto. A verdade, que já foi mais ou menos documentada, é que a haver atentado foi contra Adelino Amaro da Costa que seguia no mesmo avião, mas bem, estou a desviar-me.

Quero apenas que se entenda que acho que a classe política em Portugal, não é incompetente e não creio que seja por culpa deles que o país está como está. Continuo a achar que a crise mundial de 2008 afectou-nos porque apesar de na altura estarmos em franca recuperação, continuávamos ainda vulneráveis, e as reformas que precisavam de ser feitas, e que Sócrates quis fazer como o PRACE que passava por reestruturar os quadros da administração central, nunca foram apoiadas pela oposição, talvez não houvessem tomates para isso porque ninguém quer ficar mal visto.

Não se pode num dia criticar José Sócrates porque o caso do Freeport foi, eventualmente, manipulado e depois fazer olhos fechados à completa palhaçada feita nos casos dos submarinos e o Caso Portucale, que apesar de terem sido protagonizados por personagens do PP convém dizer que essas personagens governavam num governo maioritariamente PSD.

Enfim CAA...