Pronto. Habitualmente não escrevo sobre notícias e polémicas e o diabo a sete. Mas bem, depois de ter lido isto não posso, simplesmente, deixar de mandar o meu filetezinho. Então segundo esta notícia, as cultíssimas pessoas no facebook não gostaram da promoção da Fnac, aliás, sentiram-se insultadas e ofendidas. Note-se bem que, não tendo eu facebook, não sei realmente o que foi dito, mas de acordo com a notícia do jornal, já é um caso polémico. E assim sendo, segue-se a minha posta de pescada. Quando vi a campanha da Fnac, pensei em primeiro lugar, que comparação totó. Mas depois oralizei, meus filhos, e apercebi-me então de que Maias a Meyer, é um passinho, sendo então óbvio o motivo da escolha destes dois nomes, e aliás, numa livraria, por muito que por vezes me custe, não há, supostamente, hierarquia de autores, sendo que são os dois válidos. Agora, que todos os santinhos existentes no mundo me livrem da Meyer, que já apanhei conversa suficiente sobre ela no primeiro ano da universidade (sim, leram bem) por parte dos meus colegas em trabalhos de Português e Inglês (já agora, fiz sobre Tolkien, what else? Quem me vier dizer que é para crianças que vá ver os livros e depois venha com a lengalenga habitual dos falhados - ah, é tão descritivo e pesado, nhanhanha, coitadinho de mim. De qualquer forma tratei mais sobre as variadas dicotomias presentes na obra do que sobre a história em si, só para verem como sou inteligente). No entanto, em breves passagens pela Bertrand, admito que cometi a blasfémia de ter lido algumas páginas dessa porcaria denominada nós-sabemos-o-quê da autora Meyer só para ver se seria assim tão bom como as pessoas diziam ser, ou tão medíocre como deduzi ser e muito rapidamente pude concluir que eu tinha razão, e mais, que ainda era pior do que eu alguma vez poderia ter imaginado. Para as pessoas que agora me vêm com a treta do "ah, mas não leste a "obra" toda, não pdoes realmente saber, blá blá blá" eu digo, desde quando é que um livro é só a porcaria da história? Nabokov poderia escrever sobre um cocó com patas que seria soberbamente bem escrito na mesma, santa paciência. Adiante.
Admito que também não li Os Maias completo. Mas eu tinha 16 anos e ainda era inocente sem noção dos problemas intemporais da sociedade e era tão aborrecido, não as descrições, que eram fabulosas, mas o enredo, aos meus olhos era mais uma telenovela que qualquer outra coisa. Além do mais, nessa altura andava completamente viciada em Tolkien e Murakami, e era difícil prestar atenção a outras leituras. Obviamente um dia irei reler, nem que seja para fazer justiça ao Eça, mas não garanto que vá gostar, além de que gostar daquilo que as pessoas acham que é correcto gostar não entra sequer no meu top trezentos milhões de preocupações. Mas respeito o autor pela forma de escrever, uma vez mais.
Então, eventuais leitores, agora que me redimi quanto à minha abrangência da leitura destes autores, irei prosseguir. O que eu acho estúpido, mas mesmo estúpido, assim sem ser possível sequer uma pessoa sobreviver à quantidade de parvoíce presente neste "movimento" facebookiano anti-campanha da Fnac, é que algo me diz que estas mui cultas pessoas, na sua grande maioria, presumo eu, possuindo fantásticos gostos culturais principalmente de leitura, autênticos leitores da mais requintada literatura, devem ser aqueles falhados que só lêem a porcaria presente no Top de vendas, top bestsellers, top recomendações etc. É que, nas minhas breves incursões pela blogosfera, quando as pessoas falam de livros, chego sempre e invariavelmente às mesmas conclusões: as pessoas só lêem, perdoai-me o termo, merda. Pronto, da mesma forma que quando estou na Bertrand ou na Fnac ou seja o que for, invariavelmente vejo as pessoas a pegarem em merda para a comprarem, e lerem, de seguida. Como o top bestseller. Ou a prateleira de auto-ajuda. Ou o miúdo que foi ao céu, ou as caixas de incenso, como diz o meu maravilhoso namorado, da Nora Roberts. Ou Twilight. Ou os mesmos policiais escandinavos que me parecem resumirem-se todos ao mesmo, assim em série. Pronto, acalmem-se as hordes furiosas porque esta é apenas a minha opinião, e se vêm dizer, "ah, deves pensar que lês grande coisa, tu! E os gostos não se discutem! E és uma miúda que pensa que sabe!" etc, eu digo: sim, obviamente acho que leio do melhor que existe para ler porque não vou perder tempo com porcaria. Sim, os gostos discutem-se, e educam-se. E sim, por acaso até penso que sei, afinal, para alguma coisa terão de servir os meus 16 anos escolares desde a primária até à universidade que ainda nem completa está! E quanto mais não seja, sempre posso perguntar às minhas professoras de literatura o que há de melhor para ler, e a verdade é que até agora, não me tenho desiludido. Quer dizer, para quê ler Ken Follet ou G. Martin quando posso ler Proust, Baudelaire, Tolstoi ou Dostoievski? Entre muitos outros. E sim, estou a dizer o que leio para efectivamente comprovar que leio do melhor, que há, para mim. Não tem de ser para vocês, a infelicidade é vossa.
Seja como for, sugiro à Fnac que instale nas suas lojas um detector com alarme, que funcionasse da seguintes forma:
A Maria Antonieta entra na Fnac ali da Rua de Stª Catarina. Dirige-se à secção dos livros, mais concretamente à prateleira das recomendações. Olha para o último livro de G. Martin e pensa que, depois dos últimos três mil publicados e lidos, deve ser o próximo passo literário. Agarra nele e dirige-se à próxima prateleira. Repara no livro tal escrito por J.D.Rodd, e pensa, ah, não deve ser nada de especial. Mas ao atentar na capa, chama-lhe a atenção que este nome é apenas o pseudónimo de, nada mais, nada menos que Nora Roberts, e não consegue esconder o entusiasmo quando chega a essa conclusão. "Assim sendo, acho que vou levar dois, porque eu leio tão rápido e estes livros devem ser espectaculares, depois dos quinze biliões exactamente iguais que já li, é a literatura no seu melhor". Maria Antonieta passou então pelo corredor seguinte, onde se sentiu extremamente tentada pelo top das melhores vendas, mas pensou que por este mês já chegava. Ainda viu um senhor a escolher um romance de Kawabata, mas pensou "Estas pessoas que lêem coisas desinteressantes, que aborrecimento. Bem, adiante para a caixa!". Tendo chegado à caixa, retirou o seu cartão cliente Fnac e colocou os livros em cima do balcão. Neste preciso momento, neste segundo crucial, um alarme altíssimo, que eventualmente causaria ataques cardíacos aos mais sensíveis, disparou, e Maria Antonieta sentiu-se agitada. O que será esta barulheira? A funcionária da caixa fez cessar de imediato o alarme, com dois ou três gestos simples no aparelho. As pessoas chocadas com o anterior basqueiro ficaram a ver e ouvir, em vez de dispersarem. E disse: "Pedimos imensa desculpa, cara cliente, mas este é nosso alarme anti-porcaria. Está a ver, com nomes como Eça de Queirós e Luís de Camões, Vergílio Ferreira e António Lobo Antunes na secção de literatura portuguesa é impossível ter feito esta selecção. Além do mais, imensos clássicos europeus estão nas prateleiras à espera de serem levados, como os russos A Guerra e Paz, ou Lolita, ou Os Demónios, ou então uma abordagem mais inglesa com as irmãs Brontë, ou Dickens e Virginia Woolf. Além do mais, não me diga que se esqueceu que existem As Flores do Mal, O Estrangeiro e Huis-Clos ali na secção francófona? Sem falar nas restantes centenas de bons livros, antigos e actuais, de todos os cantinhos do mundo, que merecem ser lidos ao invés dessas caixas de cereais em forma de livros? Leve Salman Rushdie, mulher, agora essa porcaria... é um insulto, sabe, é uma ofensa, não apenas ao nosso país como a todos os bons autores que existiram, e existem no mundo. É uma desvalorização de quem se arriscou a escrever certas obras, magníficas obras. É o subestimar de pessoas que puseram a escrita e subsequentes morais, muitas vezes, tidas verdadeira e genuinamente na vida real, antes de tudo e todos e tudo fizeram para deixar a sua obra. Então, Maria Antonieta, não se sente envergonhada de ter levado esses títulos, quando tem uma vasta colecção de maravilhosos mundos ao seu dispôr?" Mas Maria Antonieta era burra e nunca compreendeu. Pronto. Fim inglório do meu pseudo-conto.
Bem, fora de brincadeiras só quero mesmo dizer que contestar contra a campanha e afirmar que não tem nada a ver, é pura hipocrisia, caras pessoas, quando vocês escolhem a porcaria à boa literatura, que mesmo que queiram negar, existe, e é diferente. Se quem perde são vocês, isso é convosco, porque a vida é vossa e cada um é que decide o que quer ler. Agora vir com falsos moralismos, santa paciência. Comprem a vossa porcaria de literatura mas não sejam tão facilmente, e falsamente indignados, ao menos admitam. Porque a campanha da Fnac, comparada com os tops de vendas de livros portugueses, é das coisas mais inocentes alguma vez feitas no campo dos insultos aos verdadeiros autores e à verdadeira literatura!
Admito que também não li Os Maias completo. Mas eu tinha 16 anos e ainda era inocente sem noção dos problemas intemporais da sociedade e era tão aborrecido, não as descrições, que eram fabulosas, mas o enredo, aos meus olhos era mais uma telenovela que qualquer outra coisa. Além do mais, nessa altura andava completamente viciada em Tolkien e Murakami, e era difícil prestar atenção a outras leituras. Obviamente um dia irei reler, nem que seja para fazer justiça ao Eça, mas não garanto que vá gostar, além de que gostar daquilo que as pessoas acham que é correcto gostar não entra sequer no meu top trezentos milhões de preocupações. Mas respeito o autor pela forma de escrever, uma vez mais.
Então, eventuais leitores, agora que me redimi quanto à minha abrangência da leitura destes autores, irei prosseguir. O que eu acho estúpido, mas mesmo estúpido, assim sem ser possível sequer uma pessoa sobreviver à quantidade de parvoíce presente neste "movimento" facebookiano anti-campanha da Fnac, é que algo me diz que estas mui cultas pessoas, na sua grande maioria, presumo eu, possuindo fantásticos gostos culturais principalmente de leitura, autênticos leitores da mais requintada literatura, devem ser aqueles falhados que só lêem a porcaria presente no Top de vendas, top bestsellers, top recomendações etc. É que, nas minhas breves incursões pela blogosfera, quando as pessoas falam de livros, chego sempre e invariavelmente às mesmas conclusões: as pessoas só lêem, perdoai-me o termo, merda. Pronto, da mesma forma que quando estou na Bertrand ou na Fnac ou seja o que for, invariavelmente vejo as pessoas a pegarem em merda para a comprarem, e lerem, de seguida. Como o top bestseller. Ou a prateleira de auto-ajuda. Ou o miúdo que foi ao céu, ou as caixas de incenso, como diz o meu maravilhoso namorado, da Nora Roberts. Ou Twilight. Ou os mesmos policiais escandinavos que me parecem resumirem-se todos ao mesmo, assim em série. Pronto, acalmem-se as hordes furiosas porque esta é apenas a minha opinião, e se vêm dizer, "ah, deves pensar que lês grande coisa, tu! E os gostos não se discutem! E és uma miúda que pensa que sabe!" etc, eu digo: sim, obviamente acho que leio do melhor que existe para ler porque não vou perder tempo com porcaria. Sim, os gostos discutem-se, e educam-se. E sim, por acaso até penso que sei, afinal, para alguma coisa terão de servir os meus 16 anos escolares desde a primária até à universidade que ainda nem completa está! E quanto mais não seja, sempre posso perguntar às minhas professoras de literatura o que há de melhor para ler, e a verdade é que até agora, não me tenho desiludido. Quer dizer, para quê ler Ken Follet ou G. Martin quando posso ler Proust, Baudelaire, Tolstoi ou Dostoievski? Entre muitos outros. E sim, estou a dizer o que leio para efectivamente comprovar que leio do melhor, que há, para mim. Não tem de ser para vocês, a infelicidade é vossa.
Seja como for, sugiro à Fnac que instale nas suas lojas um detector com alarme, que funcionasse da seguintes forma:
A Maria Antonieta entra na Fnac ali da Rua de Stª Catarina. Dirige-se à secção dos livros, mais concretamente à prateleira das recomendações. Olha para o último livro de G. Martin e pensa que, depois dos últimos três mil publicados e lidos, deve ser o próximo passo literário. Agarra nele e dirige-se à próxima prateleira. Repara no livro tal escrito por J.D.Rodd, e pensa, ah, não deve ser nada de especial. Mas ao atentar na capa, chama-lhe a atenção que este nome é apenas o pseudónimo de, nada mais, nada menos que Nora Roberts, e não consegue esconder o entusiasmo quando chega a essa conclusão. "Assim sendo, acho que vou levar dois, porque eu leio tão rápido e estes livros devem ser espectaculares, depois dos quinze biliões exactamente iguais que já li, é a literatura no seu melhor". Maria Antonieta passou então pelo corredor seguinte, onde se sentiu extremamente tentada pelo top das melhores vendas, mas pensou que por este mês já chegava. Ainda viu um senhor a escolher um romance de Kawabata, mas pensou "Estas pessoas que lêem coisas desinteressantes, que aborrecimento. Bem, adiante para a caixa!". Tendo chegado à caixa, retirou o seu cartão cliente Fnac e colocou os livros em cima do balcão. Neste preciso momento, neste segundo crucial, um alarme altíssimo, que eventualmente causaria ataques cardíacos aos mais sensíveis, disparou, e Maria Antonieta sentiu-se agitada. O que será esta barulheira? A funcionária da caixa fez cessar de imediato o alarme, com dois ou três gestos simples no aparelho. As pessoas chocadas com o anterior basqueiro ficaram a ver e ouvir, em vez de dispersarem. E disse: "Pedimos imensa desculpa, cara cliente, mas este é nosso alarme anti-porcaria. Está a ver, com nomes como Eça de Queirós e Luís de Camões, Vergílio Ferreira e António Lobo Antunes na secção de literatura portuguesa é impossível ter feito esta selecção. Além do mais, imensos clássicos europeus estão nas prateleiras à espera de serem levados, como os russos A Guerra e Paz, ou Lolita, ou Os Demónios, ou então uma abordagem mais inglesa com as irmãs Brontë, ou Dickens e Virginia Woolf. Além do mais, não me diga que se esqueceu que existem As Flores do Mal, O Estrangeiro e Huis-Clos ali na secção francófona? Sem falar nas restantes centenas de bons livros, antigos e actuais, de todos os cantinhos do mundo, que merecem ser lidos ao invés dessas caixas de cereais em forma de livros? Leve Salman Rushdie, mulher, agora essa porcaria... é um insulto, sabe, é uma ofensa, não apenas ao nosso país como a todos os bons autores que existiram, e existem no mundo. É uma desvalorização de quem se arriscou a escrever certas obras, magníficas obras. É o subestimar de pessoas que puseram a escrita e subsequentes morais, muitas vezes, tidas verdadeira e genuinamente na vida real, antes de tudo e todos e tudo fizeram para deixar a sua obra. Então, Maria Antonieta, não se sente envergonhada de ter levado esses títulos, quando tem uma vasta colecção de maravilhosos mundos ao seu dispôr?" Mas Maria Antonieta era burra e nunca compreendeu. Pronto. Fim inglório do meu pseudo-conto.
Bem, fora de brincadeiras só quero mesmo dizer que contestar contra a campanha e afirmar que não tem nada a ver, é pura hipocrisia, caras pessoas, quando vocês escolhem a porcaria à boa literatura, que mesmo que queiram negar, existe, e é diferente. Se quem perde são vocês, isso é convosco, porque a vida é vossa e cada um é que decide o que quer ler. Agora vir com falsos moralismos, santa paciência. Comprem a vossa porcaria de literatura mas não sejam tão facilmente, e falsamente indignados, ao menos admitam. Porque a campanha da Fnac, comparada com os tops de vendas de livros portugueses, é das coisas mais inocentes alguma vez feitas no campo dos insultos aos verdadeiros autores e à verdadeira literatura!
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