Por várias vezes, leio que é importante ter uma opinião. É importante exprimir a opinião. É importante cultivar-nos e que não há uma opinião errada ou mal dada. Da mesma forma, que apenas existem textos bons e menos bons.

Não sei se concordo. Aliás, sei que não concordo, pois não sinto que tudo o que vem à rede seja peixe. Acho que é, a meu ver, comum o mau texto e pergunto-me se essas coisas, mal escritas e mal estruturadas, que nada trazem de novo ao mundo, merecem a sua existência.

Não me sinto mal em dizer que publicar livros do José Luís Peixoto é um desperdício da vida de uma árvore. Porque, na minha opinião, são documentos desprovidos de capacidade e de qualidade. Desprovidos, portanto, de mérito, que, supostamente, seria algo de muito importante aquando da consideração de um livro para publicação.

De qualquer das maneiras, o que me prende mais o pensamento neste momento, é a ideia de que devemos escrever e expor e partilhar as nossas ideias. Se bem que tenha este blogue razoavelmente activo, nem sempre sinto vontade de exprimir opiniões. Na verdade, cada vez menos. Sinto que hoje em dia as pessoas perderam uma coisa muito importante. A objectividade. Sinto que, cada vez mais, as pessoas avaliam as coisas subjectivamente, do seu ponto de vista e egoísta e do impacto que terá na sua bolha, a que chamam mundo.

Gostaria de dar um exemplo, mas a verdade é que nada me ocorre que não particularize alguém e não me apetece entrar na palhaçada de exemplificar este ou aquele.

Contudo, o que eu quero dizer é que há muito poucas coisas que sejam verdades absolutas. Talvez não haja nenhuma. Cada vez mais, convenço-me de que o mundo é absurdo e a existência humana é desprovida de sentido. Estou a ficar um bocado absurdista, talvez.

A verdade é que o facto de não existirem verdades absolutas, leva a que, eu ou outro qualquer, tenhamos percepções diferentes das coisas. O que, em si, não representa problema nenhum.

O problema vem, quando se falha na interpretação de alguma coisa. Quando alguém fala para mim, eu tenho de tentar perceber o que é que essa pessoa está a tentar dizer. Porém, hoje em dia, sinto que esse princípio de querer entender mudou. Sinto que, a maior parte das pessoas, interpreta consoante calha e consoante lhe dá jeito, desenquadrando a mensagem original, por vezes, mesmo distorcendo, e partem, então, para uma interpretação subjectiva a partir da qual se satisfazem ou "edificam" a sua resposta.

Obviamente, isto não se aplica a comunicações do género "Passa-me aí o pão, faz favor". Só de pensar nisso imagino alguém a pensar "Ahah, pediste-me o pão, mas eu vou passar-te é um talhe!", enquanto exibe uma expressão traquina com os dentes superiores à coelho.

Isto aplica-se à emissão de opinião. As pessoas parecem ser cada vez mais do género: "Bem-vindo, obrigado pela visita, e eventual comentário". Depois fazemos um comentário, com apreciação negativa e a reacção é de mandar calar e bloquear acesso etc.

Talvez o ideal fosse as pessoas contra argumentarem com os seus argumentos, usando as suas próprias palavras, ao invés de recorrerem ao que o outro disse para, através de distorções e interpretações subjectivas, encontrar brechas que possam tentar fragilizar.

O que ainda me aborrece mais, é que as pessoas fazem isso, mas até isso fazem mal, na maior parte das vezes. A capacidade de expressão da grande parte das pessoas parece estar, cada vez mais, desabilitada. A falta de habilidade para construir um argumento é gritante.

As pessoas deviam sentir prazer no momento em que escrevem ou falam com alguém, principalmente em caso de discordâncias, pois é nessas alturas que o nosso cérebro devia estar mais estimulado, para responder e preparar um argumento sólido colocando dificuldades ao nosso "adversário" para contrapor.

Sinto que se foge às discussões. Às boas discussões em que duas pessoas esgrimem argumentos, defendendo aquilo em que acreditam. É mais fácil virar a cara e espalhar por aí que somos estúpidos porque demos uma determinada opinião.

Enfim, nunca me preocupou o número de leitores que tenho, até porque a estatística do blogue para mim é uma mera curiosidade. Mas por vezes penso se valerá mesmo a pena continuar a escrever (aqui) ou a falar (em todos os outros lugares), porque sinto sempre que estou a correr contra um muro de parvoíce e inconsciência com o qual nada se aprende.


P.S - Eu sei que falo da falta de discussões e que a caixa de comentários deste blogue está desactivada. Contudo, quando fechei os comentários deste blogue, devia ter uns cinco comentários em cerca de cem posts. Quatro dos quais para dizer estupidez sem lógica e sem argumentação. Portanto se alguém tiver algo a dizer é só usar o mail disponibilizado neste blogue. Obrigado.