Não era para escrever nada acerca disto, mas vou escrever porque já irrita e vai continuar a irritar.

O voo MH17 que foi abatido/despenhou-se (sim, porque aparte das conclusões super rápidas dos EUA em assuntos que lhes convem, ainda não há assim tantas provas, daquelas em que se possa acreditar a 100%. Só gostava que os EUA fossem rápidos a esclarecer outras coisas, mas enfim) e desde então, como é perfeitamente natural, muitas mensagens de luto e lamentação apareceram.

Perfeitamente normal, volto a sublinhar.

O que não é perfeitamente normal é a exacerbação das mortes porque eram investigadores contra a Sida. Esta ideia de que as coisas são mais ou menos trágicas porque não sei quem ia no avião é ridícula e só serve, exactamente, para exacerbar o incidente através da sensibilidade da questão que é a Sida.

Curiosamente, muitas das pessoas que fazem este luto apalermado por investigadores que não conhecem, só porque eles eram investigadores, são muitas das mesmas pessoas que se queixam que a vida só vai mal para nós e os políticos é que estão bem, inferindo, e criticando, a ideia de que há cidadãos de primeira e cidadãos de segunda. Contudo, na hora de lamentar as mortes de um desastre aéreo, lamentam sempre mais intensamente as mortes de uns quantos que iam lá e que eram assim e assado. Aqui já é ok haver cidadãos de primeira e de segunda.

Quanto ao acidente, não devemos crer em interpretações imaturas e precipitadas, diria mais, propositadamente precipitadas, acerca de um incidente ocorrido num local onde a informação é confusa e difícil de obter. Portanto, é estranho que em menos de 24 horas um país tenha vindo a terreiro dizer que já sabia tudo o que se tinha passado com 100% de certezas.

Mas bem, cada um acredita no que quer. Apesar de este ser considerado, por algumas pessoas, o incidente mais trágico envolvendo acidentes de aviões, para mim continuo a achar o do AF447 muito mais trágico a nível humano, por todas as vertentes do acidente.