Christmas-less forever

Eu até sou uma pessoa que gosta do Natal. Passá-lo em família com as pessoas mais próximas etc. Valorizo isso bastante.

Contudo, esta diarreia publicitária que é o Natal fora de minha casa é quase insuportável.

E já nem falo das compras que as pessoas fazem. Falo mesmo é da falsidade que o Natal é. Todos somos queridos e todos nos preocupamos uns com os outros durante estes dias. Partilhar não custa nada. Os anúncios da Coca Cola. Como é que uma companhia envolvida em tantas controvérsias, que vão desde problemas ambientais a problemas de trabalho, entre outros, nos pode vir dizer o que dizem no Natal? Isto faz algum sentido? Está tudo bem porque os anúncios são bonitos, suponho...

As marcas de telecomunicações afogam-nos com don't stop me now e all together now e somos todos lindos e perfeitos e iguais. Ninguém vê nada de errado nisto? Ninguém vê que mais e mais parecemos um bando de ovelhas que vamos para onde nos mandam? Compra um telemóvel, liga-te à internet, sê fixe como as pessoas dos anúncios. Compra um telemóvel com gigas de internet e a tua vida tornar-se-á assim. Linda e perfeita e rodeada de pessoas incríveis.

É nojento. A maneira como um estilo de vida é enfiado pela goela abaixo, principalmente dos jovens, e como todos eles, hoje em dia parecem iguais. O barulho é tanto que para qualquer pessoa menos informada (95% da população, e sim é uma estatística patrocinada por mim!) é fácil perder-se e seguir só porque sim.

Sejam iguais a todos os outros. Porque se todos forem iguais todos terão o tarifário com x gigas de internet e x minutos grátis por x euros por mês. Não percas!!!

Francamente, isto irrita-me e muito. É este o futuro? É para isto que a tecnologia serve. A era da informação à velocidade da luz serve para criar pessoas alienadas a um estilo de vida idealizado por anúncios de operadoras móveis e telenovelas? Enfim...

Feliz Natal, penso, mas tentem usar estas alturas em que estão mais com a família e mais isolados um pouco para pensar um bocado. Para pensar que, apesar da mensagem de unidade, muita gente se não tiver facebook é esquecido (é o meu caso, por exemplo) por causa disso. Já não dá jeito. Somos uma anomalia que não se associa àquela lista de contactos tão útil e sem a qual nos esquecemos que existem pessoas que não têm conta oficial no facebook. Esses excluídos. Os anti-sociais, porque all together now se tiveres facebook, se não tiveres nem me lembro de ti. És um anti-social. És um peso para a sociedade. Estás a estragar aquilo que há de bom na nossa vida e ainda te queixas que nós é que não te ligamos nenhuma, quando tu é que te recusas a ter facebook. Tu é que te recusas juntar a nós e ser como nós. Mas bem, Feliz Natal.

DANCE WITH ME BABY!


Notícia que deviar ser e não foi porque Portugal!

Hoje (25/12) não apareceu nas notícias, mas uns quantos maquinistas da CP decidiram faltar porque simplesmente lhes apeteceu.

Sem aviso nem nada. Simplesmente não apareceram e os passageiros que se desenrasquem. Eu sei que é difícil imaginar que há pessoas que dependem dos comboios e de outros meios de transporte para se moverem, mas é verdade!

Como é que é possível depois virem com a lata dizerem "Deixe o carro em casa, use os transportes públicos!"

Para adicionar à vergonha hoje a CP estava a fazer uma promoção com bilhetes de ida e volta a 2€.

Depois não querem que as pessoas se queixem quando fazem greve.

Só me merece uma reacção, à falta de #unclaugh...



Exageros e porque é que Portugal está mal

1ª parte - Exageros

Estava a ver perfis de facebook, com o meu perfil falso,  de pessoas que conheço mas que não quero que sejam minhas amigas, nem as quero perto de mim pois a falta de capacidade de pensar é demasiada e pode ser contagiosa.

Anyway, estava a ver um perfil de uma tipa que acabou agora o mestrado, bem, não vou revelar que mestrado é, porque não interessa, mas foi finalizado por via de estágio e não tese/projecto. Em termos de valor, penso que fazer um projecto ou tese será sempre mais desafiante e exigente. Mas há palermas que fazem projectos, isso no fundo não quer dizer nada.
De qualquer das formas, a onda de parabéns porque acabou o mestrado era quase um tsunami. Eu tenho uma notícia para as pessoas, e eu sei que é difícil de imaginar o que vou dizer a seguir, mas é a verdade.

Um mestrado (ou doutoramento ou até pós-douturamento) não significa nada. Principalmente na área das humanidades. E não digo que não significa nada em termos de CV. Digo que não significa nada em termos de intelectualidade.

Quando era mais novo, aliás, a minha primeira entrevista de emprego, tinha dezoito anos e quando cheguei lá estava lá uma tipa que tinha um mestrado e eu pensei "uau, um mestrado...". Para mim, era como se essa rapariga reluzisse, que mente obrigatoriamente brilhante que ali estava. Mas isso é uma concepção errada. Qualquer idiota apalermado pode tirar um mestrado ou doutoramento. Basta que se aplique o suficiente no necessário.

Portanto, mestres e doutores e familiares, desçam lá dos vossos cavalinhos, porque vós continuais a ser, na maior parte, ignorantes idiotas, com pouco para oferecer ao mundo. Eu, com o meu curso de nível III, encontro poucos que mereçam qualquer tipo de reconhecimento intelectual. E ide p'ro real caralho se achais que eu sou arrogante. Whatever!

2ª parte - Porque Portugal está mal.

Prova A

Esta mestre, é uma pessoa que, testemunhei eu e vou passar a acusações claras, numa conferência com alguém de muito interesse para a área dela (e que eu fui ver por interesse próprio pois não tem interesse nenhum para a minha área) passou a conferência no facebook.
Esta mestre agora que concluiu o mestrado diz que vai ter mais tempo para socializar... Muito bem, certamente estava a pesquisar material relevante para o seu mestrado... no facebook.
Esta mestre, aquando da entrevista para o estágio, foi-lhe perguntado o que achava de certa pessoa. Note-se que esta mestre concordava com quase tudo o que essa pessoa dizia, mas na entrevista e, certamente, lembrando-se de dissidentes no discurso deu esta brilhante resposta.
"Houve quem não gostasse muito!"
O que o entrevistador adorou porque ele próprio não gostava. Este entrevistador, obviamente outro idiota, não percebeu que tinha sido enganado por outra idiota.
E isto é, basicamente, o porquê de Portugal ser o país medíocre que é.

Em Portugal as pessoas não formam opiniões. Esperam pela missa de Domingo do Cardeal Marcelo Rebelo de Sousa que lhes vai dizer o que e como é que devem opinar durante a semana. Depois esperam pelo Cónego Miguel Sousa Tavares. Depois há alguns que vêem aqueles debates absolutamente patéticos que passam no absolutamente patético Canal Q e o, também, absolutamente patético Governo Sombra e que acham que estão a ter a luz do verdadeiro pensamento livre quando no fundo são mais uns palermas a serem amestrados, todos para pensarem o mesmo por palavras diferentes, mas igualmente incipientes, sem conteúdo e sem ideias novas. É sempre o mesmo.

E depois há ainda aqueles que não querem assumir o seu próprio pensamento e colam-se a opiniões alheias de pessoas "iguais". E há ainda aqueles que em lugar de posição poderiam mudar as coisas, mas, como vêm do mesmo tipo de criação, são outras ovelhas que pensam e agem como todas as outras pessoas.

Prova B

Onde eu trabalho, há cerca de um ano, veio trabalhar uma miúda que tinha acabado de completar o seu cursinho (mais uma que as pessoas apenas dão crédito porque "ó meu deus" tirou uma licenciatura). Para ela vir trabalhar outro trabalhador foi dispensado. Que se fique desde já a saber que o dispensado era melhor que a contratada, mas bem, pormenores.

Esta trabalhadora veio para o mesmo posto que eu. E, basicamente, dos sete a desempenhar a mesma função, em turno continuo e em funções que exigem que todos trabalhem bem para que se trabalhe de forma fluida, esta era das piores. Daquelas que mais vale nem ensinar certas coisas e sermos nós, os outros que conseguimos fazer as coisas direitas, a resolver as coisas e a prever os desastres.

Esta trabalhadora, num dia de muito trabalho, teve ajuda de dois colegas que estavam de folga mas que vieram para a ajudar, porque obviamente era inconcebível que ela conseguisse dar conta do recado. Acompanhada por duas pessoas que fizeram o sacrifício para estar com ela a ajudar, a certo ponto, ela, vira-se e diz, após receber uma chamada: "Bem, esperem só um bocadinho que vou ali beber uma cerveja". Sim senhora, belíssima profissional.

De qualquer das formas, e borrada atrás de borrada, meses mais tarde o que acontece? O natural, num país normal e numa empresa normal, seria que esta pessoa fosse substituída. Certo? ERRADO! Esta pessoa foi promovida para um cargo directivo.
E o que faz esta pessoa no seu posto directivo? Pergunta tudo. "O que farias na minha situação?" "Como achas que devo proceder?" "Achas que faça assim? Fica bem?"

Pergunta tudo. E basicamente a cadeia de decisões está igual, mas a capacidade de trabalho e decisão está no escalão mais baixo, que está sobre alçada de uma pessoa incompetente que nem o trabalho mais abaixo na cadeia sabia fazer direito.

Esta pessoa, que para além de incompetente é altamente ignorante, é alguém que não anda a fazer nada neste mundo. Por um acaso qualquer aconteceu-lhe uma série de coisas e agora está acima dos outros a tomar decisões estúpidas.

Esta situação é algo que eu quero que seja visto, tal como a primeira, como algo que nada tem a ver com factores externos. Não tem a ver com o governo. Não tem a ver com os corruptos políticos. Não tem a ver com a crise internacional. Não tem a ver com impostos. Não tem a ver com nada.
Tem apenas a ver com estupidez pura e dura. E depois queixam-se que as empresas faliram. Com gestões destas... As pessoas que têm poder hoje em dia não passam de pessoas que provavelmente na escola eram considerados os nabos. Os estúpidos. E agora têm poder, mas não deixam de ser estúpidos.

Há solução para isto? Não, nem por isso. No outro dia li que para um rio se livrar de uma contaminação de chumbo naturalmente poderia demorar mais de cem anos. Para a humanidade se livrar desta ignorância extrema e repugnante, tem obrigatoriamente, de demorar muito mais.

Há pessoas boas, e talvez por essas pessoas boas valha a pena dizer a verdade como a vemos. Talvez por essas pessoas ainda haja alguma esperança e certamente há muitas pessoas boas.
O problema é que enquanto os estúpidos são extremamente estúpidos, os inteligentes nem sempre são extremamente inteligentes, sendo que há vários níveis de intelectualidade e só alguns, poucos, lá chegam e assim sendo, há um desequilíbrio difícil de ultrapassar.

O verdadeiro dono disto tudo

A Sony foi vítima de um ataque informático que revelou milhares de documentos internos que causaram grande celeuma em todo o mundo.

Inclusivé, levaram à não exibição de um filme e, pelo que vi, não se perdeu nada. (Porquê? Porque sim!!!)

O ataque foi feito pelos Guardians Of Peace (GOP) e com algumas ameaças, bastante sérias, à mistura. Enfim, leiam as noticias que faz bem.

Para mim que a Sony tenha sido atacada é-me totalmente indiferente. Como grande companhia que é a nível mundial, a Sony devia saber melhor que ninguém que estes ataques existem, frequentemente. Aliás, a PlayStation Network é um caso claríssimo de como ataques do género acontecem regularmente, e a Sony, como detentora da PSN já se deveria preparar melhor, em todos os seus campos de negócio.

http://www.aljazeera.com/news/asia-pacific/2014/12/20141220132043560905.html

Barack Obama reagiu e após ter defendido a Sony e condenado a mesma por não exibir o filme que foi retirado, disse "We will respond. We will respond proportionately and we'll respond in a place and time and manner that we choose,"

Portanto, Obama, é o dono disto tudo. Primeiro porque a Sony é uma companhia privada. Senhor Obama, se amanhã atacarem informaticamente um merceeiro do Ohio roubando-lhe todas as poupanças, o senhor Obama vai intervir pessoalmente no caso? Porque é exactamente a mesma situação. Um indivíduo lida com as suas próprias consequências. No outro dia assaltaram-me o carro, fiz queixa, mas nada se resolveu e nada se recuperou. Acredito que as autoridades fizeram o possível, mas deveria eu escrever ao Cavaco para me ajudar nesta situação? Não. Seria um disparate e se o Cavaco viesse publicamente dizer que me ajudava, então seria injusto, porque todos os dias, carros são assaltados.

Segundo, Obama diz, por outras palavras, que uma companhia privada foi atacada pela Coreia do Norte e que nós (EUA) vamos responder da maneira que eu achar mais adequada e em maneira proporcional. E toda a gente diz "ok, é justo". É justo? Isto implica duas coisas.

A primeira, se lerem o artigo cujo link está acima, a acusação é fundada em muito poucos factos e muita especulação, mas está tudo bem porque são os Estados Unidos da América.

A segunda, é que, basicamente, os EUA vão responder a um crime contra a Sony com outro crime contra a Coreia do Norte, porque a retaliação não vai ser deixar de ir jogar Monopoly com o Kim Jong. A reacção será algo de criminoso, pelo menos tão criminoso como o ataque que a Sony sofreu.

Com isto, Obama está a agir como o dono disto tudo. O dono disto tudo não é Ricardo Salgado é Barack Obama (ou qualquer outra pessoa que tenha influência nas decisões da Casa Branca).

Finalmente, porque o filme não foi exibido, muita gente está a dizer que não podemos deixar que outros países ditem o que passa ou não na tv. Um deles, David Letterman, já censurou um comediante por absolutamente nada, portanto, que moral tem ele?

Aliás, que moral tem o público norte-americano para se queixar do que quer que seja neste aspecto? Porque não se preocuparam quando o jornalista Abdulelah Haider Shaye foi detido sem razão e preso, só porque reportou um ataque americano contra uma tribo no Yemen que matou 50 pessoas, incluindo 14 mulheres e 21 crianças?
Porque não se preocuparam, quando este jornalista ia ser libertado, que o seu presidente (Obama) tenha ligado ao presidente do Yemen e expressado preocupação sobre a libertação do jornalista, fazendo com que o mesmo continuasse detido? Ah, nesse caso já é ok impedir o público do Yemen de ver certas coisas?

Acho que dá para perceber o que quero dizer.

Da privatização da TAP

O processo de privatização da TAP dá muito que falar e que entender.

Por partes.

Primeiro a greve que os funcionários e sindicatos decidiram fazer.

A minha opinião sobre isto é a seguinte. É óbvio que quando se faz uma greve o que se quer é conseguir algum impacto. E não há datas que mais impacto tenham na vida da companhia do que os escolhidos para esta greve. Só que, ao mesmo tempo, é uma greve hipócrita. Porquê?
Porque a greve, supostamente, é para defender os interesses de Portugal e dos portugueses, para manter em mãos estatais uma companhia de bandeira bem sucedida. Contudo, esta greve prejudica essencialmente esses mesmos portugueses. Essencialmente aqueles que estão emigrados e que vêm a Portugal passar o Natal perto das suas famílias. No outro dia, um comentador (Octávio Teixeira) qualquer de meia tigela, mais um, disse que não há mal, porque quem quiser viajar pode fazê-lo no dia 26. Este comentador é de meia tigela porque só uma pessoa ignorante pode acreditar que as 130 000 (informação constante no site TAP, que agora já não está por causa da requisição civil reservas previstas para esses dias poderiam ser enfiados num dia só. Enfim. Mas vamos supor que só metade diriam respeito a emigrantes. Continuaria a ser praticamente impossível enfiar nesse dia à martelada 75 000 passageiros.
Resumindo, a greve é para defender os interesses dos portugueses, mas prejudica os portugueses.

Agora, aos motivos da greve.

Eu tenho a dizer que nada vejo de mal com a privatização. Acho que a TAP é neste momento uma companhia de bandeira e que representa Portugal e garante ligações a pontos fulcrais do mundo de língua portuguesa. Graças a esta contingência (países de língua portuguesa) a TAP tem condições para no futuro se tornar uma companhia de classe mundial.
O governo diz que não pode investir na TAP, Bruxelas diz que é uma matéria delicada mas não é impossível. A questão prende-se que num mundo que corre à velocidade da luz, é fazível, para a TAP, ter de respeitar os prazos definidos pelo lento Estado Português? É concebível ter de esperar meses para poder recrutar funcionários? Não, não é!
"Mas a TAP só dá prejuízo por causa do negócio no Brasil! De outra forma seria rentável e não teria de ser recapitalizada". Isso é por um lado verdade, mas uma empresa como a TAP precisa de investimento e não de viver de lucros, que, por muito bom que seja o desempenho, são variáveis. Basta haver uma crise qualquer e lá se vão os lucros.
Provas de que a TAP precisa de investimento estão naquele período em que muitos voos foram cancelados, alegadamente por causa dos aviões que tinham sido encomendados e chegaram atrasados. Toda a gente criticou e "ai meu deus, este é estado em que está a TAP, sempre atrasada etc etc". Mas agora não interessa, preferimos os voos cancelados e os atrasos sistemáticos.

Outro ponto é a questão das ligações a pontos estratégicos para Portugal.
Primeiro ponto, o caderno de encargos para a privatização (que ainda não saiu) deverá contemplar esse ponto. Se não contemplar, aí sim estamos perante uma parvoíce.

Segundo, mesmo que o caderno de encargos não o contemple, alguém acredita que a TAP em mãos privadas irá desistir de fazer essas ligações aos PALOP que são rentáveis? Podem não haver tantos voos, mas continuarão a existir na certa. Como continuarão a existir voos para qualquer lugar para onde haja procura. É a lei do mercado, que é mais fielmente seguida por privados do que por empresas estatais.

Finalmente, e isto é algo que ninguém fala, mas vamos ver a situação de outras companhias de bandeira com interesses semelhantes aos nossos.

- British Airways - Inglês é a língua mais falada do planeta (em termos de nativos a terceira mais falada). Existe portanto uma necessidade premente de satisfazer esses destinos, assim como, para a TAP, existe a necessidade de viajar para os PALOP. A British Airways é privada desde 1987. Hoje em dia é parte da Iternational Airlines Group que resultou da fusão da British Airways  com a Iberia (companhia de bandeira de Espanha)

- Air France - Francês é outra língua relevante em termos de falantes a nível mundial. Há muitos destinos em África que interessam por antigas ligações colonialistas e questões de língua (tal como Inglaterra e Portugal) e como tal deve servir esses destinos. Esta companhia foi sendo privatizada sendo que França deixou de ter o controlo maioritário da companhia quando foi fundida com a KLM em 2004. Actualmente o governo francês tem 15.9% da companhia resultante da fusão a Air France-KLM. KLM e Air France continuam a voar com as suas distintivas marcas e são também das maiores companhias aéreas da Europa, sendo que a Air France é a que tem a maior quota do mercado europeu.

- Lufthansa - Alemão não é uma língua tão relevante como inglês e francês (ou até mesmo português) mas é a língua do mais país mais forte da Europa, economicamente falando, e, portanto, é também relevante analisar. Esta companhia foi privatizada em 1994 e hoje em dia o Estado Alemão nem uma acção da companhia tem.

Estas três companhias aéreas estão as três no top 10 das maiores da Europa e são, sem dúvida, empresas prestigiadas em todo o mundo. Todas privadas. Não pode a TAP, privatizada, aspirar a ser uma das maiores também? Pode, mas como estatal dificilmente lá chegará.

Acerca de ontem

Acerca do tema de ontem, fica aqui um link para nos ajudar a reflectir um pouco.

Se invadissem as nossas casas e as nossas cidades, o que faríamos nós?

http://www.aljazeera.com/indepth/inpictures/2014/09/pictures-erasing-palestine-201492614175356567.html

Não seria altura de a comunidade internacional reconhecer e pressionar uma solução?

Areia na cabeça

Preparados para uma viagem ao deserto intelectual?

https://www.youtube.com/watch?v=PUcX3oCa7mY

Há uns dias, quando falei de Bill Hicks, não mencionei, mas tanto este programa que o Bill Maher apresenta, como o programa the Daily Show apresentado por Jon Stewart, foram formatos imaginados com Bill Hicks como apresentador. Enfim, muitas voltas deve ele dar no túmulo.

Vamos por pontos.

- Maher vê e compreende o argumento dos palestinianos, mas não vê que tenham mais moral que Israel. Depois é apoiado pelos convidados (aparentemente, todos concordam o que torna o show muito mais interessante!!!) enquanto diz "tenho muita pena das crianças palestinianas, mas de quem é a culpa se os pais dessas crianças é que estão a disparar rockets contra Israel?

Israel há muito que fez e continua a fazer aquilo que a comunidade internacional classifica como ilegal à luz da lei internacional com a expansão e construção de illegal settlements em território palestiniano.
É fácil dizer que a culpa é de quem dispara os rockets, porque isso dá a impressão que está tudo bem até que o palestiniano lança o rocket. Mas a verdade é que há razões e motivações para esses ataques, que no fundo é como fazer uma festinha na cabeça de um crocodilo. É insignificante, embora seja um comportamento de guerra. Mas as guerras têm um motivo.
Imaginemos que Espanha mandava espanhóis construir uma cidade nova em território português, e depois povoava essa cidade com espanhóis e proclamava aquele terreno como seu. Era suposto os nossos pais ficarem quietos?
Agora transportemos a situação para o Médio-Oriente onde de um lado temos uma população sobre embargo que basicamente apenas lhes chega o suficiente para sobreviver e do outro, uma nação apoiada pelo país mais forte do mundo (EUA) e com armamento nuclear.

http://www.nytimes.com/2013/02/01/world/middleeast/un-panel-says-israeli-settlement-policy-violates-law.html

Neste artigo do NY Times fala-se sobre conclusões das Nações Unidas acerca destes settlements.
De destacar:

Israel has pursued a creeping annexation of the Palestinian territories through the creation of Jewish settlements and committed multiple violations of international law, possibly including war crimes, a United Nations panel said Thursday, calling for an immediate halt to all settlement activity and the withdrawal of all settlers.Asked if Israel’s actions constituted war crimes, Ms. Chanet replied that its offenses fell under Article 8 of the International Criminal Court statute. “Article 8 of the I.C.C. statute is the chapter of war crimes,” she said at a news conference. “That is the answer.”

E estes settlements continuam- http://www.theguardian.com/world/2014/jun/12/dfismay-israeli-illegal-settlements

Portanto, que fique claro que o que está aqui em causa não é um palestiniano que se lembrou e matou um israelita com um rocket. Foi um palestiniano, que vive em condições deploráveis, abaixo do limiar da pobreza, que viu a sua terra ser invadida e que, provavelmente, quis fazer algo para tentar mudar.
Maher pergunta se a Palestina não esperava retaliação, mas isto é apenas uma manobra de inversão. O agressor é Israel.

- Depois, Jane Harman (quem?) diz que não sei das quantas disse "Israel uses missiles to protect its citizens, and Hamas uses its citizens to protecto its missiles"

Isto é tão estúpido que nem merece resposta. Mas bem, esta idiota diz isso porque quem absorve mais mortes é a Palestina, muito naturalmente, mas então que dizer quando Israel tentou invadir a Península de Sinai e envolveu-se em guerra com o Egipto sofrendo uma pesada derrota? A diferença é que aqui agrediu um país com força, o que não acontece com a Palestina que nem um sistema económico tem, quanto mais um exército organizado e financiado. Sugestão para a Jane, livre o mundo da sua existência.

Ah e antes há este tipo a dizer que o que os palestinianos querem é eliminar todos os israelitas. É engraçado que sempre que há tréguas Israel é o primeiro a quebrá-las, mas pronto, pormenores. Falam ainda do Hamas e que eles matariam o máximo de israelitas, quando o Hamas não é um grupo armado e é um grupo político dos mais moderados e que mais concessões está disposto a fazer para que a paz seja alcançada, mas mais uma vez, pormenores.

-Israel tem a oportunidade de matar muitos mais palestinianos e não matam. Seguido de, "quando os EUA invadiram o Iraque em 1990/91 mataram muitos mais iraquianos do que os iraquianos mataram americanos, significa que estávamos errados e deveríamos ter retirado em vez de expulsar os iraquianos do Kuwait?"

Mais uma vez, há aqui tanta coisa errada.
Israel na última grande tirada de violência matou mais de 2000 palestinianos, quebrando o cessar-fogo que estava a decorrer há uns meses largos sem qualquer problema. Razão? Três israelitas foram mortos e Israel sem provas acusaram o Hamas de o ter feito. Mais tarde seria dito que não havia provas e que as suspeitas recaiam sobre um grupo palestiniano dissidente do Hamas. Mas Israel não quis saber e matou 2000 pessoas, porque sim. Ainda bem que eles poderiam matar mais e não matam!
Depois a parte do Iraque e do Kuwait é hilariante e não vou entrar por aí, apenas quero dizer que esse senhor está muito equivocado e confuso. Este senhor nem sequer percebe a política externa do seu próprio país.

- Depois passamos à masturbação de Israel e a questão é a seguinte. Porque é que Israel ganha todas as guerras? Eu acho que tem a ver com o facto de eles acreditarem na ciência. E os judeus têm mais prémios Nobel do que os Árabes.

Sei lá, os EUA vendem armas a Israel...
http://blog.amnestyusa.org/uncategorized/the-united-states-is-not-just-a-bystander-in-israel-gaza-violence/

A venda de armas dos EUA a Israel é um grande desequilibrador na questão.
Os prémios Nobel ainda têm credibilidade? Pensava que já não havia dúvidas quanto à credibilidade quando deram o prémio da paz ao Obama.

- Depois há acusações infundadas de túneis para lançar rockets contra Israel?! Devem andar a disparar aos esgotos ou qualquer coisa do género.
- Israel não vai desaparecer e os palestinianos têm que seguir em frente-

Sobre este segundo ponto tenho a dizer que os palestinianos estavam dispostos a chegar a um acordo para a paz em que se previa aquilo que se chama The Two State Solution. http://peacenow.org.il/eng/OsloSummary
Esta solução foi rejeitada por Israel e pelos EUA à última das horas em Oslo. Os palestinianos, bem ou mal, têm direito a ter o seu território. Até que Israel, ou melhor, até que os EUA mandem Israel aceitar certos termos, os palestinianos vão continuar a viver sem governo, sem economia, sem educação, sem segurança... sem nada!
Os EUA precisam de Israel para manter o controlo daquela área. Quando se falar muito do Irão e da possibilidade de haver armas nucleares no Irão, poderiam também falar que o Irão aceitou um acordo, proposto na Finlândia, em que se previa uma zona livre de armas nucleares naquela região, que englobaria Irão, mas também ...*tan tan tan* Israel. E assim os EUA nem sequer deram opinião e limitaram-se a cancelar o acordo dizendo que era uma boa ideia, mas agora não.

Portanto, há muito mais nesta história do que este saco de lixo Bill Maher quer fazer parecer. E é natural que os americanos sejam os lavados cerebrais que não vêem nada. É pena é que o resto do mundo não faça nada.

A veneração das crianças e das mamãs

A seguinte notícia relata como uma mulher se sentiu "humilhada" porque num hotel lhe pediram para pôr um pano por cima do seu bebé enquanto estava a amamentar o dito cujo.

http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=4275230

Não volta mais ao hotel e depois, sei lá porquê, diz que já teve mais duas cabaças e que não as pôde amamentar e que agora estava a conseguir amamentar a terceira e tinha de lhe acontecer isto.

Isto irrita-me muito. Porque eu sempre detestei e sempre me senti imensamente constrangido com a situação de entrar em algum sítio e de repente estar ali uma mulher com a mama de fora a dar o leite ao filho.
Há imensas atitudes que são proibidas em espaços públicos e maior parte delas nem sequer está escrita, é apenas senso comum, e alguém que tem de dar de mamar devia ter senso comum para saber que outras pessoas também podem ficar incomodadas.

O empregado, certamente e expectavelmente, deve ter sido bem educado com a senhora. Pelo que não há necessidade de misturar alhos com bugalhos e transformar isto num "titgate" sem sentido. De repente o hotel passa por ser anti-amamentação, o que é absolutamente ridículo. E que é que tem a ver o facto de ter tido duas crianças antes e não as ter conseguido amamentar? É suposto agora nos hotéis saber os traumas anteriores das pessoas para podermos passar qualquer tipo de mensagem?
Até parece que o empregado chegou lá e disse

"Põe as mamas para dentro da blusa ó porca!"

"No final estava mais calma mas não deixei de me sentir humilhada. Fui muito discreta. Hoje em dia ninguém deve fazer alguém a sentir-se desta maneira, principalmente quando uma mãe se sente pressionada a amamentar". 

Pois, mas eu já posso ser confrangido com a amamentação dos outros quando eu não quero ver. As sensibilidades só funcionam para um lado.

Mas isto é comum. Tudo o que tem a ver com crianças tem desculpa. Este ano fui acampar. Estava a mudar de roupa e, portanto, estava semi-nu, quando duas crianças decidem que é uma boa ideia começar aos murros à tenda. De dentro da tenda pedi para pararem, por favor. Depois disse para estarem quietos. E por fim saí, olhei para um deles e perguntei-lhe se estava a achar piada e se está a gozar comigo. A criança olha desafiadora e dá mais dois estrondos na janela da tenda. Saio, enfurecido, devo dizer, e digo à mãe das crianças para tomar conta das crianças porque andam a bater na minha tenda, não sei porquê, ao que a mãe responde:

"Não sabe porquê? São crianças." (com aquele ar enternecido que me mete nojo)

Ao que respondi que se são crianças devem ter mãe para cuidar deles. Essa mesma mãe procedeu de forma correcta e disse para as crianças não tocarem na nossa tenda porque tinha veneno (good parenting). 

Mas voltemos atrás, não sabe porquê, são crianças?!! Que raio de pensamento é esse?! 

Olhe, o seu filho matou a minha mulher! Não sei porquê?!

"Não sabe porquê? São crianças."

É desculpa para tudo. E temos todos que ser tolerantes e adorar as crianças que são as papoilas que embelezam o nosso planeta e o nosso espaço nunca é respeitado (aliás, raramente há pais que sabem educar as crianças). Está-se no comboio lá vem a criança e nós temos de apaparicar a criança como se quiséssemos saber, sei lá porquê.

"Não sabe porquê? São crianças."

Enfim. As crianças valem mais que tudo. Mas parafraseando Bill Hicks " No smoking on British Air. Now let me get this straight, no smoking, right, but they allow children. Little fairness, huh? "Well smoking bothers me." Well guess what?"

Mas as pessoas confundem o direito que eu penso ter ao meu espaço com "Uh odeias crianças, devias morrer". Eu não odeio crianças, simplesmente não me sinto à vontade perto delas. Não tenho direito a isso e a não ter que lidar com esse desconforto sem ser um anti-cristo?
 

No More McDonalds

A morte de Tugce Albayrak está a causar a consternação na Alemanha e onde quer que alguém tome conhecimento da história.

Não é muito comum comentar este tipo de episódios tão em cima da hora. As emoções estão em alta e por vezes é fácil deixar que a nossa opinião seja muito influenciada por essas emoções que muitas vezes nos toldam a razão.

Posto isto, é claro que é uma morte muito trágica. Albayrak tentou e conseguiu ajudar duas jovens e na sequência disso o mundo e todas as suas engrenagens deram-lhe a morte como consequência. É um trágico acontecimento do destino.
Contudo, a morte é também um pouco acidental. Creio que, apesar da atitude extremamente condenável, o agressor não teria em mente assassinar Albayrak, não com uma chapada ou soco ou empurrão. A atitude é, no entanto, de uma crueldade e insensibilidade incomensurável e digna da maior das punições.

O que me está a chocar mais no meio disto tudo é a forma relativamente intocada com que o McDonalds está a sair desta situação.

http://www.dw.de/germany-mourns-death-of-courageous-tugce/a-18101069

De acordo com as notícias, o incidente começou quando se ouviram gritos oriundos de uma casa de banho onde duas jovens estavam a ser assediadas. Os empregados do McDonalds não interviram e Tugce Albayrak interviu pondo cobro à situação.

Na sequência dos eventos trágicos que se seguiram, o McDonalds, criticado pela não intervenção dos funcionários na situação, veio a público DEFENDER a não intervenção dos seus funcionários.

Isto para mim, que trabalho em hotelaria, é absurdo e impensável. O McDonalds defende que se alguém está a ser violado na casa de banho de um dos seus restaurantes, os empregados deverão deixar a situação correr normalmente sem intervir nem incomodar, descendo a um nível cavernoso de preservação da dignidade humana.

O McDonalds, após semelhante tragédia, não vê nada de mal com o facto dos seus funcionários serem uns robots automatizados que não têm qualquer preocupação com o bem estar de quem sofre ou deixa de sofrer. Desde que o dinheiro entre na caixa e os hamburgers continuem merdosos, não há problema.

Assim sendo, a minha atitude perante esta situação é nunca mais pôr os pés num restaurante do McDonalds e farei questão de o mencionar sempre que alguém lá vá, já que o meu blog não tem expressão suficiente para conseguir que se crie um boicote universal a esta cadeia.

McDonalds, nunca mais!