A seguinte notícia relata como uma mulher se sentiu "humilhada" porque num hotel lhe pediram para pôr um pano por cima do seu bebé enquanto estava a amamentar o dito cujo.

http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=4275230

Não volta mais ao hotel e depois, sei lá porquê, diz que já teve mais duas cabaças e que não as pôde amamentar e que agora estava a conseguir amamentar a terceira e tinha de lhe acontecer isto.

Isto irrita-me muito. Porque eu sempre detestei e sempre me senti imensamente constrangido com a situação de entrar em algum sítio e de repente estar ali uma mulher com a mama de fora a dar o leite ao filho.
Há imensas atitudes que são proibidas em espaços públicos e maior parte delas nem sequer está escrita, é apenas senso comum, e alguém que tem de dar de mamar devia ter senso comum para saber que outras pessoas também podem ficar incomodadas.

O empregado, certamente e expectavelmente, deve ter sido bem educado com a senhora. Pelo que não há necessidade de misturar alhos com bugalhos e transformar isto num "titgate" sem sentido. De repente o hotel passa por ser anti-amamentação, o que é absolutamente ridículo. E que é que tem a ver o facto de ter tido duas crianças antes e não as ter conseguido amamentar? É suposto agora nos hotéis saber os traumas anteriores das pessoas para podermos passar qualquer tipo de mensagem?
Até parece que o empregado chegou lá e disse

"Põe as mamas para dentro da blusa ó porca!"

"No final estava mais calma mas não deixei de me sentir humilhada. Fui muito discreta. Hoje em dia ninguém deve fazer alguém a sentir-se desta maneira, principalmente quando uma mãe se sente pressionada a amamentar". 

Pois, mas eu já posso ser confrangido com a amamentação dos outros quando eu não quero ver. As sensibilidades só funcionam para um lado.

Mas isto é comum. Tudo o que tem a ver com crianças tem desculpa. Este ano fui acampar. Estava a mudar de roupa e, portanto, estava semi-nu, quando duas crianças decidem que é uma boa ideia começar aos murros à tenda. De dentro da tenda pedi para pararem, por favor. Depois disse para estarem quietos. E por fim saí, olhei para um deles e perguntei-lhe se estava a achar piada e se está a gozar comigo. A criança olha desafiadora e dá mais dois estrondos na janela da tenda. Saio, enfurecido, devo dizer, e digo à mãe das crianças para tomar conta das crianças porque andam a bater na minha tenda, não sei porquê, ao que a mãe responde:

"Não sabe porquê? São crianças." (com aquele ar enternecido que me mete nojo)

Ao que respondi que se são crianças devem ter mãe para cuidar deles. Essa mesma mãe procedeu de forma correcta e disse para as crianças não tocarem na nossa tenda porque tinha veneno (good parenting). 

Mas voltemos atrás, não sabe porquê, são crianças?!! Que raio de pensamento é esse?! 

Olhe, o seu filho matou a minha mulher! Não sei porquê?!

"Não sabe porquê? São crianças."

É desculpa para tudo. E temos todos que ser tolerantes e adorar as crianças que são as papoilas que embelezam o nosso planeta e o nosso espaço nunca é respeitado (aliás, raramente há pais que sabem educar as crianças). Está-se no comboio lá vem a criança e nós temos de apaparicar a criança como se quiséssemos saber, sei lá porquê.

"Não sabe porquê? São crianças."

Enfim. As crianças valem mais que tudo. Mas parafraseando Bill Hicks " No smoking on British Air. Now let me get this straight, no smoking, right, but they allow children. Little fairness, huh? "Well smoking bothers me." Well guess what?"

Mas as pessoas confundem o direito que eu penso ter ao meu espaço com "Uh odeias crianças, devias morrer". Eu não odeio crianças, simplesmente não me sinto à vontade perto delas. Não tenho direito a isso e a não ter que lidar com esse desconforto sem ser um anti-cristo?