Desde que surgiu a internet, surgiu a possibilidade de as pessoas revelarem a sua opinião sem propriamente darem a conhecer a sua identidade. Esta possibilidade levanta uma questão acerca da relação entre o anonimato e a cobardia. E é sobre esta questão que vou escrever agora.
A meu ver, há a opinião generalizada de que o anonimato se associa à cobardia.
De facto, a coisa pode assim ser vista. Temos por exemplo o nosso caso. Aparte de quem conhece os nossos gatos, dificilmente seremos identificados, pelo que eu posso ser uma pessoa próxima de vós, ou então até posso estar a viver no local mais remoto do mundo. Apenas necessito de uma conexão de internet para poder exprimir a minha opinião.
Se me perguntarem porque é que escolhi não ter um username com a minha identidade real e porque é que não revelo a minha localização exacta a minha resposta é a seguinte.
Sem pretensiosismos, a não ser que se seja alguém conhecido, é impossível ter o nosso nome real como username. Há muita gente com o meu primeiro e último nome. E a verdade é que na internet, pelo menos a meu ver, interessa criar uma entidade que se funde com a nossa identidade real. Isto é, o meu username exprime opiniões, que são as mesmas que eu próprio tenho e defendo no dia-a-dia, e exprime-as da mesma forma que eu as exprimo no dia-a-dia. Contudo, há um distanciamento, a meu ver saudável, que interessa manter e isso leva-me à segunda parte da pergunta acerca da localização. A minha localização, desconhecida (aparte do facto de estar em Portugal) é um pormenor que nada interessa para os temas aqui tratados. Por isso, qual seria o objectivo de a revelar? Nenhum. Na realidade, isso seria apenas um motivo para descarrilar eventuais discussões onde, pessoas mais mesquinhas, iriam implicar que, por eu não ser daqui ou dali, não posso falar, ou parvoíces do género.
Por exemplo, já li comentários por aí, acerca de nós, a dizer que nós não percebemos nada de literatura japonesa porque só temos livros do Murakami, referindo-se aos links presentes no topo do blog que reencaminham para imagens dos nossos livros. Ignorando o facto de, obviamente, a página estar incompleta e desactualizada. (agora que penso nisso, é mesmo preciso ser palhaço para dizer que só tem lá Murakami)
Isto para dizer que, muitas vezes, quantos mais pormenores laterais ao que realmente interessa se dá, mais possibilidades há de sermos confrontados com opiniões e argumentos falaciosos baseados em interpretações (muitas vezes dúbias) desses pormenores laterais que não dizem respeito aos assuntos que realmente interessam.
Imaginando que eu não sou de Lisboa, se eu um dia expressasse a minha opinião relativamente ao Terreiro do Paço, já sei que mais tarde ou mais cedo alguém iria pensar "Ah, não és de Lisboa, não sabes". Isto para dar um exemplo básico.
Portanto, não vejo necessidade de oferecer todos esses elementos para que a minha opinião seja válida. A minha opinião é válida, porque é fundamentada, não porque vivo aqui ou ali.
Obviamente, o anonimato pode sempre ser usado para dizermos coisas sem sermos responsabilizados. Eu posso agora dizer uma série de disparates e a minha vida "real" não iria mudar nem ser afectada por isso. E é nesta questão que as pessoas encontram a cobardia. Porque as pessoas podem usar esse anonimato para ofender e caluniar.
Sim, é verdade. Eu posso acusar as pessoas de tudo e mais alguma coisa sem que nada me aconteça. E isso é cobarde? É. Mas estas situações apenas existem porque é dada demasiada importância às mesmas. Eu já recebi comentários aqui no blog de anónimos a dizerem que eu era estúpido. Obviamente apaguei o comentário, porque a existência do mesmo, é um incentivo à estupidez. Se aqui alguem, através de um comentário anónimo, me acusasse de uma coisa qualquer sem nexo, a minha resposta seria um lol ou desprezo total.
Porém, apesar desta visão de que o anonimato é sinónimo de cobardia, eu não podia estar mais em desacordo.
O anonimato na internet, pode ter coisas más, mas para alguns (certamente para mim), não quer dizer que eu venho aqui mandar postas para o ar, porque estou anónimo. Eu levo a sério este blog e o que defendo aqui defendo em todo lado. E o facto de a entidade que assina isto ser o João X (o número, não a letra) isso não significa que não me incomoda quando a mesma é posta em causa. Aliás, incomoda-me tanto como o meu nome ser posto em causa, porque, mais uma vez, eu levo isto a sério, no sentido de exprimir a minha opinião e defendê-la coerentemente.
Há autores que assinam obras com pseudónimos. Isso quer dizer cobardia? Eu acho que não. Não consigo visualizar um autor a escrever um livro e a não querer saber do mesmo por estar assinado por um pseudónimo. Na verdade o autor do livro irá importar-se tanto com esse livro como com outros que tenha com a sua verdadeira identidade.
O João X, apesar de não ser a minha verdadeira identidade, é na verdade uma parte de mim. Uma parte de mim, pela qual, eu me importo realmente e com a qual tenho a preocupação de a manter o melhor possível.
O facto de se personificar alguém por detrás da entidade que é o João X apenas visa ter um "alvo" físico contra o qual os leitores poderiam dirigir a sua concordância ou a sua discordância. A sua alegria ou a sua raiva. E isso a meu ver, nem sequer é saudável. É muito melhor ler a opinião que eu escrevo, sem o preconceito criado pela existência de uma pessoa por trás dessa opinião. Assim podemos apenas concentrarmo-nos puramente na nossa opinião.
Em resumo, a verdade é que eu podia ter aqui o meu verdadeiro nome e a minha localização e ser anónimo na mesma. Porque, certamente, há muita gente com o meu nome na zona onde eu vivo. Mas é mais vantajoso a meu ver que não se saiba. Assim a minha opinião é apenas uma opinião. Livre de preconceitos para com o autor ou identidade do mesmo.
A meu ver, há a opinião generalizada de que o anonimato se associa à cobardia.
De facto, a coisa pode assim ser vista. Temos por exemplo o nosso caso. Aparte de quem conhece os nossos gatos, dificilmente seremos identificados, pelo que eu posso ser uma pessoa próxima de vós, ou então até posso estar a viver no local mais remoto do mundo. Apenas necessito de uma conexão de internet para poder exprimir a minha opinião.
Se me perguntarem porque é que escolhi não ter um username com a minha identidade real e porque é que não revelo a minha localização exacta a minha resposta é a seguinte.
Sem pretensiosismos, a não ser que se seja alguém conhecido, é impossível ter o nosso nome real como username. Há muita gente com o meu primeiro e último nome. E a verdade é que na internet, pelo menos a meu ver, interessa criar uma entidade que se funde com a nossa identidade real. Isto é, o meu username exprime opiniões, que são as mesmas que eu próprio tenho e defendo no dia-a-dia, e exprime-as da mesma forma que eu as exprimo no dia-a-dia. Contudo, há um distanciamento, a meu ver saudável, que interessa manter e isso leva-me à segunda parte da pergunta acerca da localização. A minha localização, desconhecida (aparte do facto de estar em Portugal) é um pormenor que nada interessa para os temas aqui tratados. Por isso, qual seria o objectivo de a revelar? Nenhum. Na realidade, isso seria apenas um motivo para descarrilar eventuais discussões onde, pessoas mais mesquinhas, iriam implicar que, por eu não ser daqui ou dali, não posso falar, ou parvoíces do género.
Por exemplo, já li comentários por aí, acerca de nós, a dizer que nós não percebemos nada de literatura japonesa porque só temos livros do Murakami, referindo-se aos links presentes no topo do blog que reencaminham para imagens dos nossos livros. Ignorando o facto de, obviamente, a página estar incompleta e desactualizada. (agora que penso nisso, é mesmo preciso ser palhaço para dizer que só tem lá Murakami)
Isto para dizer que, muitas vezes, quantos mais pormenores laterais ao que realmente interessa se dá, mais possibilidades há de sermos confrontados com opiniões e argumentos falaciosos baseados em interpretações (muitas vezes dúbias) desses pormenores laterais que não dizem respeito aos assuntos que realmente interessam.
Imaginando que eu não sou de Lisboa, se eu um dia expressasse a minha opinião relativamente ao Terreiro do Paço, já sei que mais tarde ou mais cedo alguém iria pensar "Ah, não és de Lisboa, não sabes". Isto para dar um exemplo básico.
Portanto, não vejo necessidade de oferecer todos esses elementos para que a minha opinião seja válida. A minha opinião é válida, porque é fundamentada, não porque vivo aqui ou ali.
Obviamente, o anonimato pode sempre ser usado para dizermos coisas sem sermos responsabilizados. Eu posso agora dizer uma série de disparates e a minha vida "real" não iria mudar nem ser afectada por isso. E é nesta questão que as pessoas encontram a cobardia. Porque as pessoas podem usar esse anonimato para ofender e caluniar.
Sim, é verdade. Eu posso acusar as pessoas de tudo e mais alguma coisa sem que nada me aconteça. E isso é cobarde? É. Mas estas situações apenas existem porque é dada demasiada importância às mesmas. Eu já recebi comentários aqui no blog de anónimos a dizerem que eu era estúpido. Obviamente apaguei o comentário, porque a existência do mesmo, é um incentivo à estupidez. Se aqui alguem, através de um comentário anónimo, me acusasse de uma coisa qualquer sem nexo, a minha resposta seria um lol ou desprezo total.
Porém, apesar desta visão de que o anonimato é sinónimo de cobardia, eu não podia estar mais em desacordo.
O anonimato na internet, pode ter coisas más, mas para alguns (certamente para mim), não quer dizer que eu venho aqui mandar postas para o ar, porque estou anónimo. Eu levo a sério este blog e o que defendo aqui defendo em todo lado. E o facto de a entidade que assina isto ser o João X (o número, não a letra) isso não significa que não me incomoda quando a mesma é posta em causa. Aliás, incomoda-me tanto como o meu nome ser posto em causa, porque, mais uma vez, eu levo isto a sério, no sentido de exprimir a minha opinião e defendê-la coerentemente.
Há autores que assinam obras com pseudónimos. Isso quer dizer cobardia? Eu acho que não. Não consigo visualizar um autor a escrever um livro e a não querer saber do mesmo por estar assinado por um pseudónimo. Na verdade o autor do livro irá importar-se tanto com esse livro como com outros que tenha com a sua verdadeira identidade.
O João X, apesar de não ser a minha verdadeira identidade, é na verdade uma parte de mim. Uma parte de mim, pela qual, eu me importo realmente e com a qual tenho a preocupação de a manter o melhor possível.
O facto de se personificar alguém por detrás da entidade que é o João X apenas visa ter um "alvo" físico contra o qual os leitores poderiam dirigir a sua concordância ou a sua discordância. A sua alegria ou a sua raiva. E isso a meu ver, nem sequer é saudável. É muito melhor ler a opinião que eu escrevo, sem o preconceito criado pela existência de uma pessoa por trás dessa opinião. Assim podemos apenas concentrarmo-nos puramente na nossa opinião.
Em resumo, a verdade é que eu podia ter aqui o meu verdadeiro nome e a minha localização e ser anónimo na mesma. Porque, certamente, há muita gente com o meu nome na zona onde eu vivo. Mas é mais vantajoso a meu ver que não se saiba. Assim a minha opinião é apenas uma opinião. Livre de preconceitos para com o autor ou identidade do mesmo.