E digo fantoche para não dizer coisas piores, porque de facto se há personagem que me irrita hoje em dia, é Arménio Carlos, responsável pela, "mui nobre", central sindical CGTP.

É importante a existência de sindicatos na democracia, para que se impeçam domínios "fascistas" de patrões ditadores com mais nada em mente para além do lucro próprio.

Contudo tudo o que vemos Arménio fazer é contestar medidas que, maior parte das vezes, nem sequer têm nada a ver com as condições de trabalho das pessoas, condições essas que deveriam ser a essencial bandeira de luta dos sindicatos, ainda mais em tempos de crise.

E ainda mais em tempos de crise porquê? Porque em tempos de crise e cortes e aumentos de impostos há uma tendência de explorar mais os trabalhadores que têm emprego, pois os patrões de Portugal, na generalidade são uns burros incompetentes e desinstruidos que apenas vêem a exploração dos trabalhadores  como forma de rentabilizar as suas empresas. Incluo neste rol o meu patrão que é um valente nabo.

O que acontece quando as empresas começam a declinar é que, em vez de arranjarem novas formas de rentabilizar as suas empresas, através de novas oportunidades que vão surgindo, limitam-se a baixar a cabeça e olhar para os cadernos de contabilidade para ver se as despesas correntes baixam e, a única maneira de baixar os custos é explorar os trabalhadores.
Não é o meu caso, felizmente, mas eu conheço muita gente que faz horas e não é paga. Muita gente que não teve os seus respectivos aumentos (no tempo em que ainda havia dinheiro). Muita gente que é pressionada para se despedir. Muita gente que trabalha 10, 12, 15 e 18 (DEZOITO) horas seguidas, sem tempo para comer sequer. E a lista vai por aí fora (isto, só no meu local de trabalho).

E onde está o Arménio? E toda a CGTP, nestes momentos?

A realidade, é que a CGTP é apenas uma associação corporativa com uma agenda a quem nada interessa o que se passa fora da sua corporação e fora da realidade política que envolve o PCP.

A realidade é que a CGTP ninguém nunca a vê a visitar os locais de trabalho, voluntariamente. A CGTP é uma associação que não sai do seu banquinho a não ser que um dos seus associados esteja a clamar por ajuda e, mesmo para esses, são desleixados.

A CGTP devia de, uma vez por outra, porque obviamente nem sequer hão-de ter muitos colaboradores para isso, mas deviam de passar uma vez por outra nos vários lugares onde se trabalha e avaliar as condições de trabalho em questão, porque o sindicato pode.

Mas a CGTP apenas aparece se um dos seus associados (desde que esteja com as quotas em dia, porque solidariedade não faz parte do vocabulário, nem que seja apenas para responder a uma pergunta) gritar ajuda. Só que a CGTP "resolve" o problema mas rapidamente desaparece nas sombras. Ignorando o facto de que, grande parte das pessoas que avança para queixas através do sindicato, rapidamente é vítima de assédio que força, na maior parte, essas pessoas a despedirem-se em vista de não se conseguirem aguentar o constante assédio e pressão da entidade patronal.

E onde está o Arménio? O grande amigo dos trabalhadores que só aparece a fazer discursos nas manifestações e a reforçar as ideias já veiculadas pelo Partido Comunista Português.

Está a dar entrevistas em que fala sobre o Orçamento de Estado, que pode bem ser causa de ainda mais exploração dos trabalhadores. Mas a verdade é que a exploração nem sequer é prevenida (nem sequer existe a tentativa) pela sindical que é liderada pelo Arménio.

O que mais me choca é que este ser o senhor que proclama ser o baluarte da defesa dos trabalhadores, quando na verdade, metade dos discursos que o oiço fazer é acerca de economia e não de condições de trabalho. E o maior esforço que o vejo fazer é em relação a política e não em relação ao que se passa nos locais de trabalho. E por isso, quando vejo as pessoas a definharem nos seus trabalhos porque os patrões são umas bestas esclavagistas, pergunto para mim próprio.

Onde estás tu, Arménio?