Eu não queria referir-me muito a este caso porque é um caso mórbido, de contornos macabros e que toda a gente por aí fala.

Refiro-me ao assassinato do cronista Carlos Castro em Nova Iorque. Eu muito sinceramente nunca simpatizei com o Carlos Castro, mas o que aconteceu deixou-me chocado por causa dos contornos da situação.

A gota de água foi uma notícia em que se relata que a família e amigos do (mais que) presumível assassino, vão enviar (ou já enviaram) à Oprah Winfrey, Barack Obama, José Sócrates e Cavaco Silva um pedido de apoio ao coitado que está preso.

Vamos recapitular. Ele confessou que espancou violentamente o cronista, que tentou mutilar-lhe os genitais uma primeira vez e que não conseguiu e que após uma segunda tentativa lá conseguiu. Que lhe atirou com um computador à cabeça e que lhe bateu com um portátil. Após isso foi cortar os pulsos e enfiar-se num hospital, sendo capturado e confessando o crime aos detectives.

A família pode estar muito triste, o que é muito normal e lamento. Mas não venham agora dizer que ele foi atrás de promessas vãs e que não era gay. Nada disso é explicação para o sucedido. Porque seria triste mas seria compreensível se ele estivesse a ser ameaçado ou mesmo agredido e respondesse e eventualmente matasse o tipo, isto é, seria em legítima defesa, mas não é de todo o caso. Foi um espancamento brutal e sem qualquer piedade.

Gostava que a família e amigos desse aspirante a modelo, tivessem um pingo de vergonha e pensassem que sempre que estão a invocar as suas tristezas para o defender estão a insultar a memória do morto e a dor de todos os familiares e amigos que nunca mais poderão estar com uma pessoa de quem gostavam. E gostava que parassem de tentar arranjar justificações para o óbvio. Porque nada justifica o que se passou naquele hotel.