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O absurdo é algo que atrai uns e afasta outros de coisas em particular. Há músicas em que há coisas absurdas assim como na comédia e outras coisas. Mas essencialmente nestes dois.
Na comédia há bastantes grupos que usam do absurdo para executar as suas peças. Já aqui falei dos Monty Python onde havia uma certa dose de absurdez. Contudo não baste chegar lá e dizer uma série de parvoíces e pronto toda a gente se ri. Por exemplo, no vídeo presente no nosso blog do sketch”Dirty Fork” dos Monty Python. É absurdo um cliente queixar-se de um garfo sujo e toda a gente menos o cliente fazer um escândalo. Normalmente seria o cliente a fazer um grande “filme” porque é inadmíssivel um grafo sujo estar numa mesa de um restaurante. No entanto ali é ao contrário e isso é absurdo.
Por exemplo eu acho muita graça. Mas muita gente é capaz de ver e dizer “Que parvoíce! Qual é a piada de um quadro destes. Matou-se por causa do garfo sujo, estúpido”. E por um lado até compreendo o que essas pessoas querem dizer porque aquilo é de facto bastante estúpido. Não tem ponta por onde se lhe pegue se olharmos com uma certa distância. O que é certo é que para mim tem piada e acaba por ter uma certa lógica. É a piada de inverter os papéis e ver o absurdo da situação. Porque se no sketch Dirty Fork eles acabam por morrer por causa do garfo, o que é certo é que há clientes que quase morrem por causa de um garfo sujo e por outra imperfeição qualquer do local onde estejam a ser servidos. E fazem um escândalo e ameaçam gratuitamente com uma reclamação no best seller “Livro de Reclamações”.
Voltando ao assunto, o que é certo é que uns acham graça e outros não e às vezes fico a pensar porquê. Porque é que para uns é e para outros não é, porque aquilo para mim tem tanta piada, e agora não me refiro única e exclusivamente ao sketch do garfo sujo, que se eu mostrar alguem e me disser que não tem piada e que é ridiculamente estúpido, fico com vontade de esganar a pessoa em questão e dizer “Como é que é possível não gostares disto!”.
A mesma coisa se passa com a música. Há coisas que não cabem na cabeça de ninguém e que pouquíssima gente no seu perfeito juízo publicaria.
Quem alguma vez faria uma música rock bem feita que lá no meio tem umas vozes estridentes que aparecem do nada a dizer “Queen Of The Niiiight”. Poucas pessoas, no entanto eu até gosto bastante dessa música. Acho que é um grande escape do estereótipo.
Porque se ligarmos o rádio (numa rádio, note-se) apanhamos o que queremos e não queremos de músicas sem nada de novo e com uma certa sensação de "deja vu" até. E se é certo que a maior parte das músicas que passam na rádio ficam no ouvido, o que é uma virtude, também é certo que regra geral são bastante irritantes, pelo menos para mim, porque é aquela musiquinha que já ouvimos milhões de vezes só com uma letra diferente. E quando se ouve algo, aparentemente absurdo, torna-se um escape espectacular. Essas músicas para mim acabam por ser uma afirmação do género “Nós somos a banda X e estamos aqui e fazemos coisas diferentes”. E não se confunda esta frase com aquelas pessoas que dizem e teimam que são diferentes, porque esses afirmam-se pelas coisas que dizem e no caso das bandas a que me refiro eles afirmam-se pelo que fazem sem nunca terem necessidade de afirmar o óbvio.
Isto são apenas pensamentos que me vêm à cabeça quando penso no porquê de certas pessoas gostarem ou não de algo em concreto.
Há também um certo tipo de absurdo que me irrita. Por exemplo, a Lady Gaga irrita-me sobremaneira. Porque os videos e os vestidos são de facto diferentes mas não há qualquer ponta de bom gosto. Porque colocar um chapéu que parece um telefone é de facto diferente. Não há dúvidas. Mas qual é o objectivo? Porque se ela tivesse aquele chapéu e servisse-lhe de telefone a sério ainda aceitava mas assim é apenas e só ridiculo. Acho que reduz-se a uma tentativa de se fazer notar. Contudo tenho a certeza que é um daqueles fenómenos que daqui a uns tempos ainda poderá lançar 'discos' mas ninguém se vai lembrar. Ou passa pela cabeça de alguem dizer que a Beyoncé é uma das melhores e mais originais artistas de sempre? Não, e não é por ter ganho uns quantos grammys que vai ser mais relembrada que outros.
Porque no fundo o que fica na história são normalmente aqueles que fizeram a diferença de uma forma ou de outra. Os Led Zeppelin ficaram para a história porque re-inventaram tudo o que havia sido feito no rock e tornaram-se nos percussores do hard rock actual e até mesmo do heavy metal.
Os dEUS foram a primeira banda independente da europa a ter destaque e assinar numa major porque de facto a música deles era independente e diferente de tudo o resto. Não era independente apenas de nome como muitas, ou melhor, como a maioria das bandas auto intituladas de 'indie'.
Os Monty Python revolucionaram a forma de fazer humor porque quebraram convenções e pré-concepcções sobre aquilo que deveria de ser uma peça de comédia.
Tolkien é relembrado porque do nada criou um mundo fabuloso e credível, apesar de todo ele imaginário e depois disso conte-se as obras de fantasia literária que houveram, não questionando a qualidade de nenhuma em particular.
E provavelmente estes fizeram a diferença por algo que era aparentemente absurdo, pelos meos logicamente, mas que no fundo tem uma intenção e na verdade têm uma beleza inigualável. As coisas que marcam a diferença no tempo acabam sempre por ter uma razão de ser lógica e perceptivel.
Quanto a outros fenómenos não se encontra explicação e não há explicação, e normalmente essa falta de razão para ser como é, coincide com a falta de personalidade do material em questão. Normalmente também a falta de personalidade determina a futuro, isto é, coisas sem personalidade e sem grande lógica acabam por ser completamente esquecidas durante algum tempo e farão parte daquele rol de coisas estúpidas que daqui a uns anos vamos ao youtube ver para nos rirmos por ser tão estúpido e por naquele tempo (hoje) ser considerado tão revolucionário.
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Tenho assistido atentamente à preparação de um campeonato. É realmente muito complicado conciliar tudo, desde alimentação a transportes, passando por logística, actualização de informações online etc etc. Na verdade, ao fim de uma semana já está tudo mais ou menos a rolar bem e a funcionar realmente bem. Isto porque nas primeiras noites é directa atrás de directa porque não se consegue atinar, diga-se de passagem, com as coisas. É pena é que o campeonato do mundo em questão só dure uma semana. Quando está lançado acaba. É uma pena. Mas para ser sincero não me importa muito. Aliás, não me importa nada.
And now for something completely different!
Há coisas fabulosas que vão acontecendo ao longo dos tempos. Uma das coisas que mais me fascina são aquelas reuniões fortuitas de pessoas que até se conhecem, mas na verdade nunca imaginaram fazer algo a sério juntos. Como por exemplo, os Led Zeppelin. Quatro tipos, dois deles já se conheciam e os outros dois também já se conheciam mas não conheciam os dois primeiros. Acontece que as pessoas em questão eram, provavelmente, um dos melhores guitarristas de sempre, um dos melhores baixistas de sempre, um dos melhores vocalistas de sempre e um dos melhores bateristas de sempre. Cheios de ideias e deram no que deram, naquela que é provávelmente a banda mais grandiosa de sempre. Isto nos finais de 1960.
Também nos fins de 1960 aconteceu uma coisa semelhante. Mas com estudantes de várias universidades. Nomes: John Cleese, Michael Palin, Graham Chapman, Eric Idle, Terry Jones e Terry Gilliam.
A BBC decidiu juntar este grupo para a realização de um programa que viria a chamar-se “Monty Python's Flying Circus”. Mais tarde os mesmos seis escreveram, realizaram e actuaram em “Holy Grail”, “A Vida de Brian” e “The Meaning Of Life”.
Não me apetece fazer agora uma biogafia deles. Apetece-me sim dizer que acho este grupo de comediantes o mais fabuloso de sempre. Com duas duplas de escritores, John Cleese e Graham Chapman, Michael Palin e Terry Jones. Eric Idle escrevia sozinho e Terry Gilliam fazia animações para o programa.
Da colaboração entre John Cleese e Graham Chapman sairam sketchs em que reinava a a ironia e o rigor. Exemplificando com o sketch Dead Parrot as palavras parecem escohidas ao pormenor. Por exemplo, segundo John Cleese, a espécie do papagaio era 'Norwegian Blue', por expresso pedido de Graham Chapman pois segundo ele isso dava um tom mais frio e mais lúcido a um sketch, já de si, demasiado estúpido para ser verdade. Eric Idle diz que John Cleese é um escritor detalhado. Para ele não bastava dizer “Um Sr. entra e diz Olá”, John Cleese tinha de especificar o aspecto, a roupa, a classe social etc etc etc. As sessões de escrita entre Cleese e Chapman consistiam em John Cleese a atirar ideias e Graham Chapman a riscar ou a aprovar as ideias adicionando aqui e ali alguns toques que intensificavam a cena. Basicamente, John Cleese sentado à mesa a escrever e Graham Chapman sentado a beber whisky e a fumar charutos incessantemente.
Eric Idle escrevia maioritariamente sozinho, não por ser anti social, mas sim por se sentir melhor dessa maneira, embora ele próprio diga que o facto de escrever sozinho provocava muitas vezes dificuldade em fazer passar os seus textos nas reuniões de grupo pois as animações de Terry Gilliam eram garantidas e os restantes escreviam em parelhas, contando desde logo com dois votos a favor, por assim dizer. Contudo, e felizmente, é possível ver o talento de escrita de Idle. Sendo formado em Inglês os textos de Idle frequentemente enveredavam por jogos de palavras. Por exemplo, o sketch do homem que dizia as palavras todas ao contrário, ou então aquele em que num programa se reuniam três homens com um handicap estranho. Um só dizia o início das palavras, outro, só dizia o meio das palavras e o terceiro só dizia o fim das palavras. Fascinante.
Terry Gilliam usava a sua bem típica técnica de animação à base de recortes e com ajuda de algum texto recreava verdadeiras cenas de 'nonsense' a raspar, por vezes, no escandaloso. Na verdade não há muito que se possa dizer, porque o efeito é essencialmente visual e, dessa forma, ver é a melhor opção pois de outra forma é muito difícil explicar as animações. Posso apenas dizer que são fora-de-série.
Esta mescla de ideias trouxe-nos o melhor e mais espectacular produto de comédia de sempre. E de sempre porquê? Porque um campeonato do mundo dá muito trabalho a organizar. Esta é que é a verdade. Também porque é um estrondo estar a ver um programa que aparentemente não faz qualquer sentido, mas que ao mesmo tempo é divertido. Isto é, apesar de ser estupidez só por ser, no fundo há alguma coisa que nos liga a realidade. Por exemplo, no meio dos super homens um reparador de bicicletas é que é o herói, porquê, porque é diferente. Salvar o mundo?! Para quê? Reparar bicicletas é que é heróico. Do mesmo modo que no meio dos betinhos, fumar é que é espectáculo, e no meio daqueles que fumam já não é nada de especial, contudo é muito especial se fumar charros. Da mesma maneira que de nada adianta ter mil ferreiros a fazer um móvel. Um marceneiro no meio deles seria o herói.
Outro sketch, o dos cabeleireiros alpinistas. É fashion ir ao Everest, pois então, vamos e levamos o salão de cabeleireiros atrás de nós, porque está bem que ir ao Everest é giro, agora ir para o meio dos himalaias sem me pentear? Nem pensar!
O skecth do Papagaio Morto é um espelho ideal daquelas pessoas que nos querem enganar com truques baratos. “O papagaio? Morto? Por estar de pernas para o ar não quer dizer que esteja morto, Ele está é a dormir!”
Ou a ironia do sketch “Dirty Fork” em que num restaurante o cliente queixa-se, educadamente e sem estrilho, do garfo sujo e o empregado, gerente e cozinheiro fazem uma cena daquelas por vezes se veem mas protagonizadas pelo cliente. Neste caso eram os próprios funcionários a fazer a cena, pois o cliente até era por demais compreensivo.
Outra coisa fascinante no Flying Circus é, a certa altura, o ritmo que o programa tem, sempre a mudar de cena, para a frente, para trás, ainda mais para trás depois mais para a frente que nunca e sempre a mudar sempre a fazer rir. Até às lágrimas.
Hoje em dia, e desde então, a influência indelével da grande maioria dos humoristas de hoje em dia é Monty Python. Sem dúvida. Portugueses ou estrangeiros. Gato Fedorento recorre hoje em dia o nonsense com sketchs a raspar na colagem de ideias dos Monty Python. A tradução de Flying Circus em Portugal foi “Os Malucos do Circo”. Certamente estarão recordados de um programa que passou até à exaustão na Sic chamada “Os Malucos Do Riso”. Não que se compare a qualidade, mas o nome é colado.
Monty Python abriu um novo horizonte na comédia. Tudo é passível de ser “comediado” ou ridicularizado. Até a Família Real o era, e estamos a falar dos anos 70, não dos dias hoje em que não há respeito. Para além de que os Monty Python não escreviam uma parvoice por ser parvoice ou nonsense. Escreviam sim coisas que tinham lógica. Nota-se que há horas de trabalho gasto naqueles textos e naquelas actuações. Não se tratava de uma pessoa vestida de Bispo Inquisidor a fazer uma voz estúpida. Trata-se de um Bispo Inquisidor, com a voz certa para tornar a cena ridícula mas sem perder a maldade que havia na Inquisição. Há pormenor e detalhe. Há aqueles que para mim são os quatro melhores actores de comédia de sempre Cleese, Chapman, Palin e Idle. Observem algumas das actuações deles. Textos longos e complexos ditos de uma só vez. Actuações desconcertantes como se estivessem a falar da coisa mais séria do mundo.
Tudo é inesperado mas não o é porque sim. É porque há todo um trabalho e toda uma lógica por detrás das coisas. É por isso que Monty Python permanece, e acredito que vai permanecer, como o grupo que abriu todas as portas à comédia de hoje em dia. Convém realçar que não há muitos grupos que se oiçam falar antes dos Monty Python. Houveram sem dúvida sitcoms em que até alguns elementos dos Monty Python participaram, mas a explosão daquilo que em Portugal até se conhece como “Britcom” foi com eles. É desde então que há inúmeras séries telivisivas em todo o mundo a fazer sucesso. “Allo Allo!”, “Blackadder”, “Faulty Towers” (protagonizado por John Cleese) e mais recentemente “O Espectaculo de Catherine Tate”, “The Office”, “Extras” e até “Little Britain”. Foi assim que nasceu o advento daquilo que aqui em Portugal se conhece como “Humor Britânico”. E atenção! Não menosprezo nenhuma das séries que referi. Blackadder III é provavelmente a segunda melhor sitcom que eu já vi. E de Little Britain já falei e aprecio bastante.
Monty Python's Flying Circus viria a acabar consequente da prematura saída de Cleese que argumentou não sentir estar a fazer algo de original e sentir que estava a repetir ideias. Os restantes ainda iniciaram a quarta série em 73 mas viriam a cancelar metade da série de doze. Reuniram-se mais tarde para um espectaculo ao vivo, registado e editado em dvd. E reuniram-se também para a realização dos filmes, sendo que a Vida de Brian permanece, ainda hoje mais de trinta anos mais tarde, como o melhor filme de comédia de sempre. Graham Chapman viria a falecer precocemente em 1989 deitando por terra todos os rumores de reunião do grupo que estava separado desde 1983, altura da realização do filme “The Meaning Of Life”.
Ainda hoje se fala de uma eventual reunião. Eric Idle diz que os Monty Python estão a negociar com o agente de Chapman, São Pedro, para ver se é possível a reunião.
Eric Idle que de resto é o dinamizador principal da informação sobre os Monty Python, bem como as reedições do material existente. É também responsavel pelo site oficial do grupo.
Terry Jones realizou alguns filmes menores em Inglaterra e dedicou-se à encenação de peças de teatro.
Terry Gilliam é agora realizador de cinema autor de filmes como “Os Irmãos Grimm”, “Brazil” e “O Imaginário de Doctor Parnassus” que está para estrear em breve.
John Cleese participou em Faulty Towers. Mais recentemente editou um livro sobre vinhos e protagonizou o Dr. Q nos últimos filmes de 007.
Michael Palin viajou por todo o mundo e fez uma série de documentários sobre os sitíos mais fascinantes do planeta. Um dos documentários era centrado em recrear a viagem de Mr. Phylleas Fogg à volta do mundo, do livro “A Volta Ao Mundo em 80 Dias” de Júlio Verne.
Eric Idle, dedicou-se ao cultivar dos Monty Python na geração contemporânea, com as edições dos Personal Bests e a reedição completa de todas as séries de Flying Circus. Escreveu um livro chamado “O Caminho Para Marte” e vive em Los Angeles.
Bem tudo isto para dizer que Monty Python foi, provavelmente, o maior acto de comédia que aconteceu e provavelmente não volta a acontecer. Não quero parecer aqueles que dizem que agora não há nada de jeito. Não sou saudosista até porque quando eu nasci já os Monty Python tinham realizado a sua última obra. Mas acho, e penso que é a verdade, que Monty Python é algo de inigualável.
P.S – Escrevi este artigo com algum nonsense em homenagem aos Monty Python, mas sei bem que não cheguei nem perto de ter um milésimo da piada dos Monty Python.
E depois de ter falado sobre o EP desta banda belga falo agora do primeiro disco de longa duração dos Evil Superstars. Contextualizando. O EP foi lançado em 1994. Na onda do sucesso que haviam sido os dEUS, que tinham sido assinados pela Island Records, também os Evil Superstars foram assinados pela Island para o lançamento do primeiro album completo. A formação continuava a ser mesma apenas com a adição de um novo guitarrista descoberto por Mauro Pawlowski. Tim Vanhamel, um jovem de 16 anos por muitos considerado nos dias de hoje como o mais prodigioso guitarrista belga.
Assim sendo a banda grava um disco, novamente totalmente composto por Pawlowski. Se eu tivesse de descrever numa palavra o disco diria “desconcertante”.
O disco começa com No More Bad People. Punk rock hardcore logo a abrir a música antes de se transformar numa ladainha de fanfarra passando por fases de rock normal e terminando numa apoteose de descoordenação e desvario. É estranho mas estas músicas exercem um certo fascínio porque tal como eu já disse sobre o Hairfacts, também neste disco continua a revelar-se a capacidade de criar ambientes com a música e criar sensações.
The Power Of Haha é uma música mais sincronizada, mais 'normal' digamos. Transporta-nos para uma nostalgia um pouco tristonha entre os Haha's alegres e a letra estranha acompanhada de uma sonoridade que nos embala em pensamentos sobre coisas passadas.
Go Home For Lunch, é uma bela música. Nesta música é possível ver algo que Mauro Pawlowski faz com mestria. Há duas linhas de guitarra completamente diferentes, mas que juntas funcionam na perfeição e é bastante interessante porque há momentos na música em que uma das linhas fica sozinha e parece que aquilo não está bem ali, mas logo que tudo recomeça dá para ver que está bem, aliás, muito bem.
A seguir vem Parasol que é uma música curta que nos transporta para algures no fundo do mar, pelo menos a mim, e que vai-se transformando em bom hard rock.
É aqui que aparece para mim a música mais desconcertante do disco. Eu poderia comparar esta música a grandes canções de grandes senhores da música, como Leonard Cohen ou John Lennon. A música em si é apenas em piano e bateria. Grande grande composição. Apenas uma coisa estranha. A letra. Parece que foi escrito por alguém extremamente afectado.
“Tons of marshmallows I sell
Still there's one that I can't tell
When you smile at me oh well
It started to snow in hell,
Three hundred miles and now
I daydream about this pirate wedding bell
I farted as hard as I can
And you smiled at me again
Your lybrary of kicks
Your indoor fireworks
Your collection of ancient wine
Tell me what's it going to be on your dumb or mine...”
Bem, eu só escrevi esta parte mais extensa da letra porque demosntra bem o tipo de letra que faz a música. A acrescentar a tudo isto a interpretação de Mauro que faz dele, para mim, um dos melhores intérpetres da música europeia. Já agora, o nome da música é Your Dumb Or Mine. Tudo isto junto torna a música muito desconcertante.
Rocking All Over sucede-se numa música com uso exaustivo de harmónicos. Bem conseguida. Seguida por Pantomiming With Your Parents que dança entre aquele pop 80's feito de uh uh's, uma secção mais calma e um momento de hard rock, também bastante bem conseguida. Depois desta música começa a parte declinante do disco. Músicas como We Need Your Head e Miss Your Disease estão alguns furos abaixo do resto do disco. Pelo meio ainda 1,000,000 Demons Can't Be Wrong (analogia a um best of the Elvis Presley chamado 50,000,000 Elvis Fans Can't Be Wrong) uma boa música com uma aura negra à sua volta.
A penúltima música do disco viria a tornar-se uma música de assinatura dos Evil Superstars. Chama-se, nada mais nada menos que, Satan Is In My Ass. Uma música que vem do inferno para dizer que afinal o demo fica chateado porque a gente não sabe que ele veste um vestido de bailarina e usa um Fez na cabeça. E ficamos também a saber nesta música que, passando a citar “Somewhere in a fortress / He hide's his mistress / I'm talking about a plankton eating robotcow in a cardboard chest”. A música é desconcertante do sinistro ao gozão. Do jazzy ao hard rock a razar o heavy metal. É o espelho do disco.
A última música é uma música em que eu imagino um tipo, vamos imaginar neste caso um estudante, que no fim do verão, no fim de todas as borgas esta sozinho numa praia, com a barba por fazer, com a camisa suja e o cabelo despenteado, apercebendo-se que o verão chegou ao fim e está sozinho sem nada de importante no fim do verão tão agitado. A música chama-se Death By Summer e não tem letra. Apenas piano e bateria.
Resumindo. Love Is Okay é um misto de sensações. Em Hairfacts os Evil Superstars resumiram em quatro músicas todo o espírito da banda. Em Love Is Okay penso que encontraram algumas dificuldades em preencher o disco todo sem enveredar por caminhos não tão bem sucedidos. Mas no geral é um bom disco que contem algumas músicas excelentes, dentro do género absurd-rock, fundado e adoptado pela banda.
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