Evolução

É engraçado pensar nas evoluções que se dão em diferentes pessoas. No meu caso é também um ponto frequente de reflexão.

Quando olho para a vida dos meus pares (amigos e pessoas que são mais ou menos da minha idade e que conheço minimamente) reparo numa tendência quase unânime. Quando éramos jovens havia uma série de pontos coincidentes entre a maior parte dos meus pares dos quais apontarei apenas dois pontos, nomeadamente, convicções políticas e música.

Maior parte deles era politicamente de esquerda (legalização de marijuana, legalização do aborto, igualdade, etc., etc.) ouviam música bastante "forte" (Placebo, Rage Against the Machine, Led Zeppelin, Black Sabbath). Bandas com sonoridades fortes e por vezes com mensagens "anti-establishment". Havia um sentimento alargado de "Fuck the rules" ou "Fuck the police", revolução etc.

Por minha parte eu era a antítese disto. Apesar de talvez vir do ambiente socialmente mais desfavorecido (não pobre, mas com menos benefícios) eu era um centrista orgulhoso. Forte defensor da União Europeia e das democracias europeias no limite de me alistar na Juventude Socialista. Pois bem, politicamente as minhas visões eram extremamente moderadas.

Musicalmente ouvia pop-rock, Bon Jovi, U2, Coldplay, a certa altura etc. O total oposto dos meus pares.

Contudo, o tempo passa e as pessoas mudam. E é curioso como.

Os meus pares, hoje em dia, já não querem revolução. Agora querem é "estabilidade". Agora são centristas que nem um governo de esquerda aceitam (ou aceitam mas com muitas dores). Agora quando há um ataque em França já põem a bandeira de França no seu Facebook. Já não são preocupados pela desconfiança dos nossos governantes. São aquilo a que muita gente chama de acomodados. Não quer dizer que estejam acomodados à sua vida profissional, mas sim acomodados à sua situação social e política sem qualquer desejo de saber o que se passa e de contrariar e apontar o que dantes achavam errado.

Musicalmente os seus gostos são um distante exemplo do que eram antes. Muitos já estão naquela fase da vida em que acham música brasileira (do género Tom Jobim etc.) interessante. Longe dos gritos de agressão da juventude. Nada tenho contra a música brasileira, atenção, é apenas um exemplo.

Agora eu sinto que caminho num sentido oposto. Hoje em dia os meus ideais políticos andam nos limiares da anarquia e das suas variadas opções. Desprezo a "superioridade" da sociedade ocidental e da nossa concepção de excepcionalismo na qual a nossa sociedade é que é evoluída e perfeita e para além de qualquer reparo. Uma explicação para a minha mudança tem a ver com acesso à informação. Claro que se só seguimos as notícias na TV nos anos 2000 é fácil ficar com a percepção que eu tinha das coisas. Adicionalmente é fácil ser-se revoltado, como os meus pares, porque basicamente fumar charros era proibido então aliam-se à facção que defende a legalização disso.

Musicalmente agora sou eu que oiço Black Sabbath, Led Zeppelin, Rage Against the Machine etc. Hoje sou eu que me junto aos gritos da revolta. Hoje sou eu que quase avalio o que gosto mais pelas convicções do que pela música propriamente dita.

Curioso não é, como a evolução segue em direcções opostas?

É curioso...

De facto um dado revelador:

"Nesta série de ataques à faca – pelo menos seis, só entre sexta e sábado –, um dado revelador. A polícia israelita deteve na sexta-feira um homem judeu que apunhalou, com uma faca e uma chave de fendas, quatro árabes (três palestinianos e um beduíno). Este homem, porém, foi detido sem ferimentos aparentes, ao contrário dos atacantes palestinianos, que nos últimos dias foram quase todos atingidos a tiro e quase sempre de forma fatal."

In "O Público"
http://www.publico.pt/mundo/noticia/policia-israelita-mata-quatro-palestinianos-ao-decimo-dia-de-violencia-1710783

Não que haja dúvidas do uso de força excessivo por parte de Israel contra os Palestinianos, mas é sempre bom realçar.


Força Marcelo

Fora de brincadeiras. Para mostrar toda a minha falta de apoio à candidatura do Marcelo Rebelo de Sousa criei a mais perfeita campanha eleitoral. Uma simples imagem.


Procura-se cardeal para dar a missa de Domingo à noite. Será que os portugueses vão deixar de ter opinião, agora que o Marcelo vai ser presidente?

Quando virem refugiados entre aspas, podem começar a sair

Por estes dias vive-se na Europa uma crise relativamente aos refugiados que chegam até nós.

O que me leva a escrever é este vídeo.
Podem ver o mesmo vídeo com legendas em português aqui.

Neste vídeo é feita uma exposição acerca dos refugiados, indicando que os mesmos não são refugiados, mas sim apenas pessoas à procura de uma vida melhor e que virão perturbar a Europa secular, pois não estão habituados aos nossos costumes e forma de estar.

Antes de me dedicar ao vídeo quero dizer que eu próprio fico um pouco apreensivo. É claro que é sempre uma alteração grande ter de receber um grande fluxo de pessoas que vêm com a mente formada e, certamente, terão dificuldades de integração em alguns casos. É natural. Faz parte da condição humana temer que as suas vidas venham a ser, de alguma forma, afectadas. Eu compreendo isso.
Contudo, é indigno deixar que pessoas morram ao largo da Europa e é indigno tratar essas pessoas como temos visto nos últimos dias, como se de animais se tratasse.

Mas, naturalmente, não há só estas preocupações. Há depois as preocupações nacionalistas que conjuram os mais incríveis argumentos e que não creio que se devam deixar passar. Se lerem os comentários, principalmente o das legendas em português, dos quais destaco um que diz que tudo no vídeo está baseado em factos!

Vamos então ao vídeo.

Começa com "European citizens have spent the last two years voting to reject the failed policies of multiculturalism and mass immigration" continuando depois com um absurdo em que se argumenta que os partidos de esquerda estão dispostos a receber estes refugiados/migrantes porque os mesmos irão votar nos partidos de esquerda no futuro.
Para começar, enquanto esta frase é proferida está acompanhada de uma imagem deste artigo no The Telegraph
O que vem na notícia em nada corrobora a ideia de que nos últimos dois anos se tenha andado a votar contra a imigração em massa. Na verdade a notícia refere-se a uma sondagem que nada tem de oficial ou vinculativa. Aliás, no próprio artigo é colocada em causa a credibilidade da mesma.
Em segundo lugar, é preciso entender a especulação que é dizer que, por terem sido acolhidos, vão votar em partidos de esquerda. Isto não é um facto.

Depois mostra um artigo do Sydney Herald a reportar que muitos paquistaneses estão a deitar fora as suas identificações para se fazerem passar por sírios. Neste caso, cabe à UE tomar medidas para certificar que quem vem está a vir de facto de zonas em que há guerra e risco para a vida humana, sendo assim de facto refugiados. Não quer isto dizer que não se devam aceitar migrantes em busca de uma vida melhor, mas estes devem ser sujeitos a outro controlo, que, acredito, será feito.
Tendo em conta que, segundo as últimas notícias, a Europa irá receber 120 000 refugiados, é bom que, de facto, sejam controlados os que ficam para garantir que quem fica é quem mais precisa. Sendo que falamos de um total de refugiados que, segundo a UNHCR, provem de um número que entre refugiados e pessoas que foram desalojadas ascende a 11 milhões de pessoas (http://www.unhcr.org/pages/49e486a76.html). Obviamente isto não quer dizer que vêm aí onze milhões de pessoas mas quer dizer que é preciso certificar que os 120 000 que vão entrar são refugiados legítimos.

Prossegue com um tweet a dizer que um determinado rapaz que aparece numa foto é africano. Contudo, é preciso ter em conta que entre refugiados e desalojados há 2 milhões de pessoas na Somália e 416 mil da Eritreia. Mais uma vez, é certo que é necessário verificar a legitimidade dos pedidos, mas isso não certifica uma caça às bruxas deste género.

Depois vem a melhor parte. No vídeo diz-se que os sírios não querem ficar em países pacíficos que não lhes atiram dinheiro. Bem, por isso é que é necessário que a Europa se entenda em relação aos refugiados e como é que vão ser distribuídos pela União Europeia. Dessa forma não caberá ao refugiado ficar onde quer mas ficar no sítio que lhe oferecerem.

A melhor parte vem de facto nesta frase "Muitos dos refugiados nem sequer parecem refugiados, de todo. São na maioria homens em idade activa, bem alimentados, não emaciados, não esfomeados. Não estão vestidos com farrapos. Muitos deles até trazem consigo o último modelo do iPhone."
Se não fosse sério dava para rir. Aqui está a primeira pessoa que olha para ti e diz-te se tens fome ou não. Aliás, até diz que estás bem alimentado, sendo que isso deve significar que levas uma dieta saudável. Se calhar. E o bolo em cima da cereja, o último modelo do iPhone.
A foto é esta https://twitter.com/PrisonPlanet/status/640599812317052929/photo/1?ref_src=twsrc^tfw
Há alguém que me consiga garantir que se trata do último modelo do iPhone? É mesmo um iPhone? Não é um Wiko? Este tipo de argumentos é ridículo.

A seguir vem a pergunta. Como é que isto faz lembrar os judeus a fugir do regime Nazi? Não faz. Por isso é que se deve entender que sendo Nova Iorque uma cidade com uma pesada influência de judeus, e sendo o artigo citado no New York Times, contendo testemunhos de judeus a dizer como aquilo os relembrava de Auschwitz, temos de entender o contexto do artigo. Porque para além desse artigo, pouco mais há a não ser spin-offs deste artigo que comparem esta crise de refugiados com a crise de refugiados da 2ª Grande Guerra.

Fala-se então de como é incrível como a Arábia Saudita, o Qatar, Oman, Emirados Árabes Unidose  Koweit, não tenham recebido refugiados. Bem, vamos fazer a pergunta de outra forma. O que diferencia a Europa destes países? Supostamente seria a consciência social, igualdade, fraternidade, etc.

Mas já que se fala disto vamos falar de números. Diz o nosso interlocutor (que se chama Paul Joseph Watson) que a Alemanha sozinha recebe 800 mil refugiados. Esse número fala-se por aí, mas factualmente a Alemanha tinha no final de 2014 cerca de 400 mil refugiados (http://www.unhcr.org/pages/49e48e5f6.html#). Se a UE estabelece que vai receber 120 mil refugiados que serão redistribuidos, é difícil que a Alemanha chegue a esse número. Portanto, não é factual que a Alemanha receba 800 mil. O vice chanceler Sigmar Gabriel disse que a Alemanha poderia receber 500 mil por ano durante vários anos, mas nunca foi dito que ia efectivamente receber esse número.

Mas vamos a outros números mais interessantes. De acordo com a UN Refugee Agency quais são os números de refugiados sírios? No final de 2014 entre refugiados e desalojados o número ascende a 11 milhões (http://www.unhcr.org/pages/49e486a76.html).
E onde estão esses refugiados? 132 mil no Egipto. 249 mil no Iraque. 629 mil na Jordânia. 1 milhão e 100 mil no Líbano. 1 milhão 900 mil na Turquia. Total de 4 milhões de refugiados.  (http://data.unhcr.org/syrianrefugees/regional.php)
E agora pergunto, a Europa "borra-se" por 120 mil refugiados?

Nesta exposição, fala-se também de que o Estado Islâmico ameaçou enviar 500 mil migrantes para a Europa para infiltrar milhares de terroristas na Europa. Mas vejamos a notícia, da qual ele mostra parte.

"Transcripts of telephone intercepts published in Italy claim to provide evidence that ISIS is threatening to send 500,000 migrants simultaneously out to sea in hundreds of boats in a 'psychological weapon' against Europe if there is military intervention against them in Libya."






As transcriçoes escutas publicadas em Itália mas que só um jornal diz ter visto, afirmam ter provas que o EI está a ameaçar etc.

Não creio que seja sério estar já a assustar as pessoas. É claro que no meio de tudo vai haver sempre ovelhas negras. Isso, contudo, continua a não ser razão suficiente para trocar a vida das pessoas que têm morrido ao fazer a travessia pela segurança.
Mais ainda, o Estado Islâmico tem adoptado a estratégia de fighting at the source, privilegiando a guerra nos lugares que lhes interessam ao invés de realizar ataques terroristas, ao estilo da Al-Qaeda, em países estrangeiros. Não quer dizer que não venha a acontecer, mas não me parece muito provável. Vindo da Al-Qaeda faria mais sentido.

Finalmente, vem a questão da diversidade e como estamos a aceitar a entrada de pessoas que são contra a diversidade. Eu creio que este argumento apenas dá força à necessidade de redistribuir os refugiados por vários países. Depositá-los em campos de refugiados nada irá fazer para inserir estas pessoas. Cabe, mais uma vez, à Europa definir estratégias para integração destas pessoas.
Noto, contudo, o sensacionalismo de mostrar homens a segurar uma tarja a dizer "Behead those who insult Islam!". Rotular as pessoas de nada serve. Como mostrar um tipo com uma t-shirt a dizer "Fear for your wife". Já vi piores por cá, deveriam ser essas pessoas expatriadas?
E adoro a frase "They have no concept of western liberal democracy!"

No final o vídeo fala como ninguém aborda a origem desta crise de refugiados. Contudo, se a Europa é retratada como vítima durante todo o vídeo, aqui não é tratada como criminosa como merecia ser pela sua colaboração na deposição de regimes que caindo (ou resistindo como no caso da Síria) provocaram o caos que agora origina este fluxo de pessoas. Como é que é? Western liberal democracy?

Mas bem, quero só finalizar dizendo que nacionalistas vão ser sempre nacionalistas. E acho curioso como se tem de recorrer a estes argumentos manhosos para defender uma ideia sem parecer Neo-Nazi. Simplesmente digam que são nacionalistas. Que acham que o país onde se nasceu é vinculativo do país onde se tem de crescer e que ninguém deve entrar nesse país, pois só merece viver lá quem lá nasceu.

Quanto aos refugiados, são só pessoas. Humanos, como nós. É fácil condená-los mas ninguém quer estar na pele deles. A minha opinião é que se apoie quem precisa e quem não precisa deve ser encaminhado de volta para o seu país. Mas independentemente do destino final, é preciso assegurar, incondicionalmente, a dignidade dessas pessoas.

Um dia no Planeta naMEC (Bonus)

Sobras.

http://www.publico.pt/mundo/noticia/je-suis-charlie-1681501
"Não se pode matar a Charlie Hebdo. Não se pode matar a valente e hilariante revista que goza com tudo e com todos desde os tempos em que se chamava Hara-Kiri. Muitos poderosos tentaram censurar os satíricos da Charlie Hebdo. Nunca conseguiram. Nunca conseguirão."
Excepto quando Siné fez um cartoon a gozar com os judeus e foi para a rua. Isso é que foi uma gargalhada!

"O que se pode matar é a liberdade de expressão. Ou reforçá-la: foi o que fizeram os estúpidos assassinos que reagiram a desenhos satíricos massacrando os autores com metralhadoras. Desencadeou-se imediatamente uma onda de solidariedade francesa e internacional para reafirmar a liberdade de expressão."
Uma ditadura militar mata mil egípcios. O Charlie Hebdo goza com os egípcios mortos na sua capa 1099. Alguém se importou que uma ditadura fuzilasse mil pessoas que, por serem contra a ditadura, morreram? Não, porque é engraçado (supostamente) tal como seria engraçado, então, um cartoon com o Charb com o Charlie Hebdo na mão a dizer "Le Charlie Hebdo cést de la merde, ça n'arrête pas de balles"

"Mostraram-se quando foi o caso de Salman Rushdie e mostrar-se-ão outra vez dentro em breve. Quem será o primeiro idiota entre nós a dizer que a culpa foi dos assassinados da Charlie Hebdo? Tem todo o direito de dizê-lo. É isso a liberdade de expressão. Ser-se estúpido também é um direito. Até os assassinos o têm."

MEC antecipa logo a opinião contrária e põe um filtro no seu leitor. Se não és Charlie és contra Charlie e achas que os jornalistas morreram bem! Só um ignorante para ver as coisas desta forma e para ter o atrevimento de, no meio de tanta liberdade de expressão, condenar desde já aquela que os outros potencialmente vão usufruir. Porque, não se esqueçam, vão ser estúpidos .

MEC nunca vai entender opiniões diferentes da dele, porque ele é a preto e branco. E o preto nunca entende o branco (as cores, atenção), e vice-versa. Mete na cabeça uma coisa e depois nunca muda. Não interessa quantas pessoas exponham factos que apontem para outra direcção de pensamento.

Eu também já fui assim e era mais fácil. Viver toldado pelas concordâncias é mais fácil, porque quando toda a gente está junta é fácil ter uma opinião, mas se estamos juntos só em algumas coisas já somos postos de parte e MEC como tem de cultivar a legião não pode fazer isso. E não só não pode como não quer porque está impossibilitado de arranjar espaço no feijão para acomodar ideias diferentes e conflitos dentro da sua cabeça. Não se rebela, não se importa que o passem na caixa de supermercado, não se importa que o mecânico não lhe diga o preço certo... Enfim, a felicidade é dos ignorantes. Isso será sempre verdade e acho que MEC, e os seus ávidos leitores, são das pessoas mais felizes que se poderão encontrar nesta vida.

Um dia no Planeta naMEC (versão para maiores de 18)

Miguel Esteves Cardoso. O colosso entre os colossos. Aquele pelo qual, todos os dias, pessoas rastejam para ler a sua crónica (posso levar o Público de ontem para ler a crónica do MEC? Claro, é um favor que me fazes). Após o primeiro post que é sobre a, por assim dizer, incompetência deste colosso para escrever crónicas, dedico-me agora a um ponto em concreto cuja opinião de MEC é me particularmente repulsiva.

(Leiam os originais nos endereços que aqui deixo, porque isto é tão mau que nem sequer quero conspurcar o meu blog.)
http://www.publico.pt/mundo/noticia/escolher-israel-1666913
Vamos começar pelo fim, pode ser? "O resto é cobardia, aldrabice, desprezo e estupidez." (liberdade de linguagem reconhecida)

Vamos agora enquadrar. MEC escreve isto na fase em que Israel estava a executar a Operação Protective Edge (OPE).
MEC começa por dizer que Israel é condenado por se defender dos ataques dos foguetes do Hamas. Mas vamos recapitular a história.
Ao fim de dois anos de tréguas, cumpridas na plenitude por parte do Hamas, o Hamas decide aderir a um governo de unidade com a Fatah concordando com todos os pontos requeridos pela Autoridade Palestiniana para a resolução do conflito, significando isto que aceitam o Two State Solution dentro das linhas da resolução 242 das Nações Unidas.
Três jovens israelitas desaparecem e são mortos por militantes dissidentes do Hamas (embora a confirmação da teoria só viesse bem mais tarde) e Israel decidiu culpar de imediato o Hamas e começou as suas próprias investigações. (Embora muitos apontem este como o momento que despoleta o início do conflito, alguns, incluindo o notório historiador do Médio Oriente Ilan Pappé, defendem que o início foi um mês antes quando dois palestinianos foram mortos pela policia israelita)
As "investigações" consistiram na detenção de centenas de pessoas e em bombardeamentos na Faixa de Gaza.
Resultado final.
Civis palestinianos mortos - +/- 1500
Combatentes palestinianos mortos - +/-600
Infraestruturas civis palestinianas destruídas (em dólares) -  4 000 000 000 $
Casa palestinianas destruídas - 18 000
--
Civis israelitas mortos - 5
Combatentes israelitas mortos - 66
Infraestruturas civis israelitas destruídas (em dólares) -  55 000 $
Casa israelitas destruídas - 1

Mas bem, quem é que desatou a prender pessoas a e bombardear sem deixar a justiça funcionar normalmente?

MEC depois diz umas tretas sobre os israelitas de um lado e os palestinianos do outro e que por cada amigo Israel há mil amigos da Palestina.

E depois diz "Nas guerras pelos underdogs, basta fazer contas para perceber que, de todos os pontos de vista numéricos, geográficos e políticos, é Israel que é o underdog."
Pena que não refira que do ponto de vista militar Israel é um dos mais poderoso exércitos do mundo e dispõe de armas nucleares (as únicas não incluídas nos acordos de não proliferação das potências nucleares), e do ponto de vista político tem do seu lado uma superpotência mundial com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU (são só os EUA, que vantagem política é essa?)

"Por cada cem israelitas que querem um estado da Palestina quantos palestinianos querem Israel ao lado da Palestina? Um. Só os mais inteligentes e humanistas. Felizmente ainda são bastantes. Mas não são do Hamas.". Isto é uma idiotice.
Quando o Hamas aderiu ao governo de unidade com a Fatah concordou com as formas de procurar paz da Autoridade Palestiniana que passa pela existência de dois estados. Palestina e Israel. Portanto, MEC só pode ser burro ao afirmar isto.
E adicionamos que por cada civil israelita que morreu, morreram 300 palestinianos. Mas essas contas não interessam a MEC, porque ele não tem qualquer interesse pela vida humana e pelo drama que se vive numa zona superhabitada e debaixo de um bloqueio que até chocolates impediu de passar para Gaza a certo ponto.


http://diariodoanthrax.blogspot.pt/2006/08/ns-tambm-somos-israel-por-miguel.html

No artigo citado no endereço que deixo acima, MEC é por Israel, aja bem ou aja mal. E nem se preocupa em defender a posição dele porque basta-lhe ler e usar os mesmo argumentos que existem na imprensa israelita.
Depois:
"Os israelitas têm, em comparação com aqueles com que guerreiam, algumas grandes vantagens. Não querem a destruição completa do povo a que pertence o exército adversário."

Israel em 1948 e 1967 fez o que muitos historiadores israelitas chamam de limpeza étnica. E desde então (1967) desrespeita como quer as convenções de Genebra e a resolução 242 que defende uma solução de dois estados na fronteira de Junho 1967, com a mudança de estatuto da cidade de Jerusalém, dividindo-a em dois, e uma justa resolução do problema dos refugiados (palestinianos). Desde então o que vemos? Construção de colonatos em território palestiniano ocupado. Recorrentes "operações" que resultam em milhares de mortes do lado dos palestinianos. Resumindo, uma clara intenção em não resolver o conflito da parte de Israel, apoiado pelo grande aliado EUA.
Se os israelitas não querem a destruição de um povo, para quê esta frase?

"If I'm elected, there will be no Palestinian state".

Houve quem dissesse que ele só disse isso para agradar aos votantes, mas então que raio de intenção é que os votantes têm? É que Netanyahu ganhou inequivocamente as eleições. Posso então assumir que grande parte dos israelitas não quer que exista um estado palestiniano.


"Gostam da liberdade de expressão; da democracia liberal; dos direitos humanos."

Quando a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch, repetidamente condenaram ao longo dos anos Israel pelas suas violações dos direitos humanos, eis que vem MEC e diz que Israel gosta dos direitos humanos. Podem ler aqui 22 days of death and destruction.
Liberdade de expressão - De acordo com o site Reporters Without Borders, Israel fica em 96º no ranking de liberdade de expressão, atrás de países como o Quénia, Zâmbia, Libéria, Mongólia etc. Gostam muito da liberdade de expressão. Definitivamente há piores, mas para o país avançadíssimo que MEC retrata, esperar-se-ia melhor.

"Pensam no que fazem; têm problemas de consciência; dúvidas que exprimem publicamente e debatem sem pudor."

Como é que MEC espera que um país destruído pela guerra, sem economia, sem ensino, como a Palestina, que está em suspenso desde 1967, possa ter qualquer ambiente construtivo de debate público? Por acaso a culpa disso é dos palestinianos?

"Votam e deixam votar."

Hora para lembrar esta frase excelente de Benjamin Netanyahu "“The right-wing government is in danger. Arab voters are heading to the polling stations in droves, Left-wing NGOs are bringing them in buses.”" Porque, decerto, os árabes não têm direito e nós temos que evitar que qualquer influência que eles tenham seja anulada.

"Enfim, Israel é como Portugal, como a Europa, como os Estados Unidos, como o Japão, como a Austrália e todos os países onde o indivíduo é livre de discordar, rebelar-se e ser do contra. Ou, no meu caso, de não se rebelar - nem sequer contra os que se rebelam."

E aqui MEC atira pela janela aquele que é o único argumento válido para Israel fazer guerra. Afinal, Israel é como Portugal. Então o que têm a temer? Grande parte da opinião de Israel manter o conflito tem a ver com o facto de estar só entre países árabes e o receio de ser atacado. Mas pelos vistos é tudo igual.
Excepto que eu nunca vi o Sócrates ou o Passos Coelho a dizer "As pessoas do Alentejo estão a votar, os comunas foram buscá-los de autocarro!"
MEC é engraçado, porque para além da pretensa intelectualidade está latente esta convicção em deixar tudo como está. Talvez porque a MEC  lhe falte o arcaboiço para discutir objectivamente algo, não sei, mas é muito estranho.

"Faz lembrar Portugal há muitos séculos atrás, quando a ideia de Portugal ainda não era aceite. Os israelitas têm os americanos como nós tínhamos os ingleses. E os restantes europeus, como sempre, vacilam em volta, confundindo a própria confusão."

MEC está confuso. Em 1386 já Portugal era Portugal há 200 anos. MEC confunde a pretensão de conquista por parte dos castelhanos, com a falta de aceitação de que Portugal existe.
Os americanos também eram aliados do apartheid (Mandela era considerado um terrorista até 2008!!!) até deixarem de apoiar. Eram apoiantes da Indonésia, até deixarem de ser. E o que aconteceu quando deixaram de apoiar? O apartheid acabou e a Indonésia deixou Timor Leste em paz. MEC fala de duas alianças. Uma medieval entre dois países cuja preocupação era França e Espanha, e a outra entre uma superpotência, que domina o mundo, com Israel. Quando Israel deixar de ser útil aos EUA o que acontecerá?
Ah e os outros países vacilam. Isto é mais uma parvoíce. Só o que MEC diz que está bem é que está bem. Os outros não têm direito à liberdade de expressão e decisão. Se têm opinião ou uma visão diferente dos assuntos "vacilam".

"Não é em Israel nem aqui que existe unanimidade ou se procura alcançá-la. Essa é a razão do meu apoio: poder concordar. Também é uma liberdade. É onde há unanimidade - e onde se procura impô-la - que está o que se deve temer e contrariar. "

Mais uma vez, MEC troca-se todo. Entre a Fatah e o Hamas não há unanimidade (nota que o artigo é de 2006, altura em que não existia qualquer governo de unidade). Portanto mais um desvario incrivelmente idiota do intelectualóide português.
Já agora, no blog onde está a transcrição deste texto há três comentários todos em concordância. Espero que o MEC vá lá contrariar.

http://www.publico.pt/mundo/noticia/viva-tuvia-tenenbom-1706134
"Não conseguiu entrar nem no Hamas nem no Hezbollah mas foi muito bem recebido por outros dirigentes palestinianos que elogia e defende, apesar de confirmar o que já se sabia: que não são anti-semitas nem anti-judeus mas, por não aceitarem o estado de Israel, acabam por ser."

Reparem bem. Eu já disse antes, que a resolução que a Autoridade Palestiniana procura baseia-se numa solução de dois estados. Palestina e Israel. É incrível como apesar de procurar essa solução, os palestinianos, mesmo assim, querem a destruição de Israel. Quando Israel tem o poderio militar que tem, o que tem Israel a temer da Palestina?
Não conseguiu entrar no Hezbollah. O Hezbollah desde 2006 que nem representa perigo para Israel, quando Israel invadiu o Líbano com o propósito de destruir o Hezbollah. Hezbollah é libanês e não palestiniano, mas a burrice de MEC tolda-o de ver o óbvio. (note-se que MEC refere-se a um livro escrito por alguém que foi a Israel)

"Nem os palestinianos nem os israelitas são sempre as vítimas. A União Europeia e, dentro dela, a Alemanha intrometem-se muito mais do que deveriam."
O MEC tem de ir aprender a escrever. Se os palestinianos e os israelitas não são sempre as vítimas, quem são elas então? A UE e a Alemanha intrometem-se?! Espectacular.

Conclusão
MEC, não tem qualquer pudor pela vida humana. Para ele as coisas são a preto e branco e não consegue aceitar as nuances e os factos que destroem qualquer teoria que ele tenta erigir. Chega ao ponto ridículo de dizer que aja bem ou mal eu apoio na mesma. É uma lógica tão idiota e absurda que me pergunto, mais uma vez, o que é que MEC tem de extraordinário.
Eu compreendo que hajam pessoas a apoiar Israel, porque o lado palestiniano está longe de ser perfeito, mas não compreendo a insensibilidade e a maldade com que MEC dispara acusações sem se dar ao trabalho de justificar. É assim porque é assim. Que se lixem as crianças que estavam a jogar à bola na praia e foram bombardeadas na praia. Que se lixem as pessoas que tinham uma casa e ficaram sem ela e agora andam a endireitar ferro dos escombros para, quem sabe, reconstruir qualquer coisa da sua casa. "O resto é cobardia, aldrabice, desprezo e estupidez." A cobardia de MEC em nunca assumir uma posição sólida baseada em factos é incrível e isso é também uma aldrabice. O desprezo de MEC pela vida humana é outra coisa incrível e para qual não há palavras. A estupidez é patente em toda e qualquer palavra que se leia de MEC.
Ainda gostava de um dia compreender este tipo de pessoas, mas, francamente, ultrapassa-me o nível de maldade e indiferença para com o próximo. E impressiona-me a ignorância com que Miguel Esteves Cardoso o faz.

Um dia no Planeta naMEC

Viste o que o Miguel Esteves Cardoso escreveu. Já dizia o Miguel Esteves Cardoso "(citação de MEC)". Toda a gente diz esta merda. Então de há uns meses para cá tenho vindo a ler o ancião. E, embasbacado com semelhante palhaçada, escolhi várias crónicas de MEC, todas recentes para não dizerem que andei a escolher as piores do homem, e decidi, de certa forma analisá-las e mostrar que as crónicas pouco mais têm para além do nome.
Ainda vai haver alguém que um dia diga que isto é um ataque com inveja (95 simples que é mais barata) como combustível. Mas não é. Tento ser o mais objectivo possível e, no fim de tudo, é a minha opinião.

http://www.publico.pt/sociedade/noticia/ticiano-kardashian-1704857

Informação e aquela afirmação que de nada serve "Hoje em dia um crítico conseguir provocar é ainda mais difícil do que um artista chocar." Há-de haver muita gente a citar isto. Isolado até parece interessante.

Falar do selfie (ou da selfie) da Kim Kardashian e pôr-lhe defeitos do género "mal enquadrado e mal iluminado". Já estou a ver muitos casais no meio do seu sexting "Querida, belas mamas, mas, citando o MEC, está mal enquadrado e mal iluminado.
Afinal o que é que o MEC queria, uma obra de arte?
3º e 4º
Kim Kardashian daria tesão a Ticiano diz o sub editor do Guardian. E esta foto teria impressionado Ticiano. Mas MEC diz que é tímido, banal - e comercial (duas grandes semelhanças com uma certa crónica)
Ficamos então a saber que MEC queria uma foto bem enquadrada e iluminada, com a Kim esparramada de pernas abertas, um butt plug enfiado e com os dedos na xoxota a mostrar o feto dentro do seu útero para provar que estava grávida enquanto o Kanye "rappava" freestyle.

Mas "Ah, é a silly season" bem sabe MEC e dá as boas vindas ao clube. Não sei se o clube dos que reconhece a silly Season ou o que fabrica a Silly Season, mas os grandes homens são assim. Falam por metáforas.
Depois diz "Mas, para começar a ser provocador, não basta dizer que Ticiano ficaria impressionado com KK. É preciso dizer que o selfie de KK é superior a Ticiano ou melhor por ser mais actual e menos pintado e preocupado com a luz do que o obsessivo, masculino e antiquado Ticiano."
Eu li o artigo e não li lá nada disso. O artigo falava de mulheres sentirem-se liberadas com o seu corpo, principalmente as mais gordas e põe em equaçao "modelos" de vários pintores, um deles Ticiano, que assim eram e eram consideradas sexy. (Podem ler o artigo aqui)

Kardashian é uma nulidade (verdade de La Palisse) que não se torna mais interessante porque algum crítico se finge interessar nela. Exceptuando o que disse acima. Podemos concordar ou não, mas o artigo acaba por ser menos sobre Kim Kardashian do que MEC quer fazer parecer.

Conclusão: MEC ficou indignado porque Jonathan Jones ficou excitado com a fotografia (deve ter-se divertido com ela) e decidiu escrever um post sobre a foto e as percepções de beleza na arte antes e agora. MEC, não ficou excitado (ou ficou e não quis admitir, porque ele é demasiado inteligente para isso) e decidiu vingar-se distorcendo um artigo do Guardian. Tiramos MEC da equação e isto é cómico.

http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/tudo-sera-como-antes-1705252


Introdução, whatever.

McEwan fez-se de parvo e Pinker espalhou-se ao comprido, e, de repente, MEC fala de assuntos que o seu comum leitor não quer saber. Obviamente alguns conhecerão, mas MEC nem sequer se importa de referir o quê, o quando e o porquê da sua afirmação. Quando a coisa poderia ser interessante, MEC actua altivo e continua em frente.
3º e restantes
Longa citação sobre a especialização científica ser cada vez mais fragmentada e depois MEC diz que essa citação também se aplica às "teorias sobre tudo". É quase como dizer "Um pc velho trabalha mal, mas isso também se aplica a um pc novo".

Conclusão: MEC faz de uma citação uma crítica sem explicar porquê. ("Ah tem pouco espaço!" oiço dizer, mas não podia ele dedicar um bocadinho do seu espaço em dias seguidos para nos iluminar sobre a má interpretação de Wittgenstein?) E depois faz de outra citação o resto da sua crónica adicionando uma generalidade no fim. Mais uma crónica digna de um site irrelevante qualquer.



http://www.publico.pt/sociedade/noticia/ate-ela-voltar-1705433
Nem vou por parágrafos nesta e nas seguintes. Leiam e vejam.
MEC teve de ficar à espera de alguém enquanto via uma série. E depois escreveu uma crónica. isso também já me aconteceu a mim. Contratem-me por favor.


http://www.publico.pt/sociedade/noticia/as-condicoes-do-banho-1705633
MEC estava na praia e decidiu inventar parâmetros para ir ao banho para poder dizer no dia seguinte que foi à Praia das Maçãs e apanhou limos. E então explana a sua teoria sobre o que é necessário para tomar banho na Praia das Maçãs. Isto é cómico. Há mais alguém que seja pago para escrever este tipo de material em Portugal?

http://www.publico.pt/portugal/noticia/nao-custa-nada-1705781
MEC vai ao mecânico. Pergunta o preço da reparação e o mecânico diz que é barato e MEC não tem coragem (fazendo justiça a MEC que por razões obscuras livremente traduz "turn on" para tesão, noutra crónica, deveria substituir coragem por tomates?) para perguntar quanto. Então anda a arranjar aquilo a que ele chama coragem e eu chamo arrogância para proferir a seguinte parvoíce.
"Não me interessa nada saber se vossa majestade acha barato ou caro o artigo em questão. Diga-me imediatamente o preço concreto, sua abstrusidade!" (SEM POR FAVOR)
Porque dizer "Mas dê-me só uma estimativa, para eu poder ficar a contar com a despesa" é demasiado marciano para MEC.
Pelo caminho ficamos a saber que ele tem um Volkswagen. Eu também tenho um Volkswagen e nunca me perguntaram se achava que a Volkswagen é uma caridade. Assim sendo, tenho mais tempo para me preocupar com coisas interessantes e objectivas em vez de devaneios sobre idas ao mecânico.

http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/a-musica-1706044
MEC encontra um post sobre as músicas mais ouvidas por década. Só o 5º lugar é que anima a fé na humanidade porque é de uma banda que tem muito mais notoriedade pela morte do seu vocalista (o que é natural e justificado, mas não deixa de ser verdade) do que propriamente pela sua música.
MEC sobrevaloriza o digital face ao não digital e supervaloriza os dados do artigo que encontrou caracterizando isto como aquilo que "...o povoléu eterniza".
MEC ainda vai a tempo de dizer que este post deixa de fora os anos 50 e para trás que é onde está a melhor música. Alguém tem de dar a este homem uns óculos de massa e um chapéu tipo Fédora

http://www.publico.pt/sociedade/noticia/amigos-ausentes-1705931
MEC fala de amizades. Dá-nos a sua teoria sobre perder amigos que estão vivos ou perdê-los para a morte. A amizade é superior ao amor, porque apesar de inquantificáveis e intangíveis, a amizade está a oferecer 50% grátis nas suas embalagens.
E francamente, a teoria de amigo e amor fazerem confusão porque começam com as mesmas duas letras, significa que para MEC os países de língua latina são constituídos por semi-extraterrestres. O que diriam os ingleses sobre este mirabolante ideia? Love and friend?! That doesn't make sense pal! A amizade e o amor variam de país para país, às tantas.


http://www.publico.pt/sociedade/noticia/benditos-sustos-1706395
Esta é gira.
"Que vamos todos morrer é uma certeza. Mas o que é que esse facto chato tem que ver com a vida?"
Tanto quanto a crónica tem a ver com esta afirmação.
MEC, egocentricamente, como de costume, fala de como as suas filhas nasceram prematuras e ficou assustado. Alguém lhe dê um troféu, porque isso não acontece a mais ninguém e mais ninguém se assusta com coisas do género.
E depois fala de como os sustos servem para nos preparar mas não nos preparam. E o que é que a morte tem a ver com a vida? Tem tudo e não tem nada. É o é e não é. Quantas palavras faltam? Ah, pois, mas sabem e o que é que a vida tem a ver com a morte. Tem nada e tem tudo. Já chega?

http://www.publico.pt/sociedade/noticia/estar-a-frente-1706239
MEC deu o seu lugar a alguém na fila. E depois diz que ninguém se atreve a pedir para deixar passar à frente, apenas usam o "Não se importa que...". MEC, obviamente nunca nos cruzamos, porque eu faço a pergunta toda. E mais, recuso, às vezes, ceder à pressão de quem está atrás, por causa das palavras mágicas. E se de acaso um por favor não é seguido de um obrigado espero que caiam por uma ravina no regresso a casa.
Mas bem. Mais uma vez, alguém acharia isto interessante se não fosse escrito pelo Miguel Esteves Cardoso?

http://www.publico.pt/tecnologia/noticia/viva-o-bookerly-1706333
MEC lê em Kindle e agora custa-lhe a ler em papel. A mim acontece-me ao contrário, mas o Público ainda não me pagou para escrever essa crónica. Adiante.
Ficamos a saber que tem não um, não dois, mas três kindles! meninas e meninos, senhoras e senhores.
Eu tenho três guitarras e a mim o Público não me paga para escrever crónicas (esqueçam o pagamento, não me dão o espaço).
Depois MEC, signatário da superioridade do digital ao não digital profere.
"Os livros impressos só têm uma maneira de resistir: serem bem impressos."
Esqueceu-se de adicionar o "não arderem". E curiosamente, tenho alguns livros que têm uma impressão um bocado fanhosa. Quando chegar a casa vou verificar se ainda existem.

Conclusão das conclusões.

MEC escreve sobre temas banais, com um estilo de escrita banal, desinteressante e desprovido de factos ou informações que deêm qualquer tipo de vontade de continuar a ler. Sempre que fica perto de ficar interessante perde-se em mais tretas irrelevantes, sempre sem chegar a nenhuma conclusão interessante ou dignificante do espaço que dispõe.
Em si, isto não tem nada de mal. Mas há alguém que sinceramente ache isto interessante? Farto-me de ver pessoas a citar MEC, todos os dias alguém me fala das crónicas do MEC. Na minha opinião as pessoas já não leem as crónicas, mas sim Miguel Esteves Cardoso, o tipo interessante que escreve sobre parâmetros para tomar banho na Praia das Maçãs. Não há nada de interessante nisto. É quase como aquelas pessoas que gostam incondicionalmente de uma banda e que, seja um bom disco ou um mau disco é sempre espectacular, e quem lê MEC é assim. Lê de olhos fechados e procura soundbites que poderá mais tarde reproduzir no seu blog ou twitter ou nas suas conversas do dia-a-dia. "Ya pois, já dizia o MEC, mal enquadrada e mal iluminada".
Talvez MEC nem tenha tanta culpa porque escrever todos os dias sobre algo para leitores ávidos que ficam à porta da morte sem a sua dose, é difícil. Tal como as bandas que acabam por se editar coisas que não têm interesse nenhum, MEC publica crónicas que para nada servem e em nada nos enriquecem
Só que MEC, intelectual, já devia ter percebido isto devia já ter parado de publicar este spam. Ter a noção de si próprio e saber ajustar é o que distingue, muitas vezes, as pessoas inteligentes das não inteligentes. É ter a noção de si próprio e saber ajustar.
Os leitores, obviamente, ficam já diagnosticados de morte cerebral, porque, por amor de deus. Até me sinto revoltado quando essas pessoas falam como pseudo-intelectuais e sobre o que o MEC disse.
O que eu disse em relação a alguns posts é verdade para quase todos. Alguém acharia mérito nestas crónicas sem o nome do autor associado?
Finalmente, não me venham com os livros. Eu não estou a falar dos livros e, sejamos francos, por muito que tenham vendido, a grande falange de seguidores de MEC segue-o através das suas (ahem) crónicas. 

Enfim. Há uma parte dois.

O Inexistente Conflito de Gerações - Parte 3

Muitos, que tenham lido os dois posts anteriores, estarão a imaginar, "mas o que tem uma coisa a ver com a outra?" É uma pergunta legítima. Passamos de um vídeo "feel good" para um cenário dantesco de morte e vingança.

Mas este cenário dantesco aconteceu num local onde as pessoas pouco mais têm do que a ligação à natureza. Onde as pessoas apenas podem sair de casa para procurar diversão. Onde não há computadores como cá. Onde não há telemóveis como cá. E em que é que isso melhora a vida deles?

Se equacionarmos o vídeo anteriormente referido, deveriam ser mais as vantagens do que as desvantagens. A oportunidade de brincar no meio da floresta. Sem carros a passar constantemente, sem casa para incomodar. Não é isto que é bom?

Contudo, com isto vêm outras questões. O isolamento. A inacessibilidade à educação. A inacessibilidade à tecnologia. A inacessibilidade a certos confortos, etc.

A verdade é que tudo tem os seus prós e os seus contras. E é uma condição irreversível da condição humana, achar que a nossa situação e o que nós fazemos era melhor do que o que outros fazem agora. É fácil eu pegar numa criança e deixá-la dizer que joga duas ou três ou quatro horas por dia e retratá-la como um viciado, obcecado que não sai de casa para nada porque fica em casa a jogar. Mas há jogos e jogos. Há jogos incipientes e há jogos que são marcantes nas vidas das pessoas, não só pela experiência mas também, como pela mensagem. Pensemos em jogos como um filme, até porque muitos têm argumentos que nada ficam a dever em relação a argumentos de grandes filmes. Não é essa influência positiva?

O facto de as crianças hoje viverem de forma diferente dos seus antepassados não é nada que mereça reflectir. É o que é. E daqui a vinte anos será diferente. E somos melhores ou piores por isso? Claro que não. Só mentes distorcidas é que perdem tempo a reflectir profundamente sobre tal disparate. O meu pai aos 10 anos já trabalhava. Devíamos voltar a esse tempo? Não. Tal como o meu pai agora aprendeu a mexer basicamente num computador e agora quando chego a casa ele, volta e meia, está lá a mexer e a passar o seu tempo no youtube a encontrar as raridades que ele quer ver e ouvir.

As coisas más que acontecem raramente vêm de um comportamento estilizado. Vêm sim de incidentes. O árbitro do jogo tinha perdido a mãe num atropelamento que ele nunca conseguira assimilar e entender e no jogo tudo isso foi despoletado. Enquanto atado ao poste perguntaram-lhe "Porque fizeste isto" e ele respondeu "Para vingar a morte da minha mãe". Não faz sentido para nós que vemos de fora e podemos raciocinar com a calma do nosso sofá. Mas são sempre pequenos incidentes.
Agora há pouco houveram três mortos por causa de um cão. Há uns anos lembro-me de uma história em que na auto estrada um rapaz apitou a um carro à sua frente porque o mesmo ia a fazer muito fumo. O condutor desse carro perseguiu o rapaz até casa e matou-o a tiro à porta de casa. Qual é a explicação para isto?

Nenhuma. Há-de existir algo por onde se pegue, mas nunca será o suficiente para ser explicado ou aceite apesar da situação.

Finalizando. Não há qualquer correlação entre o modo de vida das pessoas de hoje ou de antigamente, e a forma como elas serão melhores ou piores no futuro. É uma conversa inócua. Esvaziada de interesse e que nada contribui para o nosso avanço. E se por um lado tolero ouvir os meus pais ou familiares e conhecidos mais velhos a dizer "no meu tempo é que era", porque a nostalgia existe em todos, nunca aceitarei estas teorias de bolso, que para nada servem a não ser para empatar a nossa evolução.

O inexistente Conflito de Gerações - Parte 2

No dia 30 de Junho de 2013 aconteceu algo que só se soube uma semana mais tarde.

No Brasil, nomeadamente numa localidade chamada Centro do Meio, no Maranhão, durante um jogo de futebol, um jogador foi morto e o árbitro foi esquartejado e a sua cabeça enfiada numa estaca. A notícia em Portugal foi ligeira. Dada pelo JN e pelo CM de resto, nada se falou em Portugal e as notícias que foram dadas, fruto de serem "frescas" muito escondem e muito mal informam sobre o que realmente se passou. Para saber o que se passou foi preciso esperar até Outubro de 2013 por esta peça do NY Times.

Originalmente as notícias inferiam uma espécie de multidão enfurecida que invadiu um campo para procurar vingança de um árbitro que acabara de agredir mortalmente um jogador. Mas na verdade não foi isso que aconteceu.

Como muito bem descrito no New York Times, tratava-se de um jogo entre conhecidos. Aliás, o árbitro que fora assassinado, tinha jogado durante a primeira parte até se ter magoado e trocar lugares com o árbitro inicial. Diz-se até que árbitro e jogador eram conhecidos e davam-se bem, tendo jogado juntos muitas vezes sem qualquer problema. Resumindo, estas mortes, foram tudo menos acerca de futebol, como as notícias iniciais quiseram inferir (e reforço que sem culpa nenhuma dada a proximidade de tal acontecimento).

Se não é sobre futebol, então sobre o que é?

Todos sabemos, com mais ou menos detalhe, que o Brasil é um país de desequilíbrios muito acentuados. Um em particular, mencionado em páginas sobre este incidente é o do Índice de Desenvolvimento Humano que no local do incidente é 0.541 ao passo que nas cidades mais desenvolvidas é de 0.800. Este índice é medido através do PIB per capita, condições de acesso ao ensino e expectativa de vida. Sendo que 0.541 é um valor muito baixo, indicando que as condições de vida nesta localidade são más.

E então sobre o que é? Porque aconteceu o incidente. Segundo a reportagem, muito bem auxiliada pelas fotografias, trata-se de um local que pouca gente em Portugal conseguirá imaginar que ainda existe. É um lugar remoto, com um avanço tecnológico minúsculo e onde reina uma vida esvaziada de tudo o que nós temos. Seja internet, automóveis, boas estradas, bons telemóveis etc.

Trata-se de um jovem, com problemas, que assassinou um igual, mais velho, porque uma discussão chegou à palavra mais grave que se diz sobre as nossas mães. O mais velho chamou puta à mãe do mais novo. Acontece que a mãe do mais novo havia sido mortalmente atropelada uns meses antes e essa cicatriz acompanhava o árbitro desde então, não só pela morte, mas pela incapacidade em assimilar tamanha tragédia que, aleatoriamente, ceifou a sua mãe. No meia da acalorada discussão, motivada por um cartão amarelo, e após ser também agredido o árbitro puxou de uma faca e esfaqueou o jogador duas vezes. O jogador, Josemir Abreu, viria a falecer a caminho do hospital, enquanto os jogadores chamaram a polícia e prenderam, o árbitro Otávio Cantanhede, a um poste para que ele não fugisse.

Tudo normal, excepto que quatro pessoas, relacionadas de uma forma ou outra com o jogador assassinado, espancaram, primeiro com uma garrafa de cachaça, depois com um pau, depois passaram com uma mota por cima do árbitro três vezes, esfaquearam-no na garganta e finalmente um último, com uma foice, cortou a cabeça e as pernas e enfiou-as em estacas à volta do campo, tendo ainda tentado cortar os braços, contudo, não finalizando o trabalho deixando-os, basicamente, pendurados do resto do corpo.

E isto foi em 2013. Não foi em 1513. Foi em 2013 no nosso "país irmão". E vamos ser francos, no Séc. XX já passamos por fases em que o desenvolvimento das nossas zonas rurais era do género desta que vemos agora. Aliás, diria até que a certa altura todos os países enfrentaram ou enfrentarão este nível de vida.  Não se ouvem ainda hoje, em Portugal, casos de mortes por causa de um curso de água. Ou por causa de cães?

Há, contudo, um factor a salientar, que foi a demora da chegada das autoridades. Se as mesmas tivessem chegado mais cedo, talvez nada disto tivesse acontecido. Mas aconteceu.

E agora, o que tem isto a ver com a Parte 1?

O inexistente Conflito de Gerações - Parte 1

Já todos nos cruzamos com esta lengalenga com frases chave do género:

"Dantes é que era bom"
"A juventude de hoje já não é o que era"
"Agora só querem é jogar computador"
"etc.etc.etc."

Para ilustrar melhor, fica aqui um vídeo.



O que se pode tirar deste vídeo, é que a evolução tecnológica leva-nos para pior enquanto pessoas. Seja porque saímos menos de casa, ou porque damos menos atenção ao mundo que nos rodeia, ou ainda, porque nos relacionamos menos uns com os outros.
As gerações anteriores cultivavam mirtilos e melancias e bananas. Cuidavam de peixes e eram perseguidos por ursos. Jogava às escondidas e faziam fortes e brincavam com os amigos.

Depois, pegam nas crianças, e fazem delas autênticas bandeiras ridículas, que nada têm para se defender, e obviamente elas limitam-se a responder "Videogames", "Telemóvel", "Conversar e mandar emails", "Ver vídeos de pessoas a jogar videojogos", três horas e meia, cinco horas, vinte e três episódiso em quatro dias.
Eu esqueço-me de tudo quando estou a jogar, esqueço-me que estou em casa. Etc..

Este tipo de vídeos é engraçado. Porque na primeira parte, colher mirtilos e cuidar de peixes é giro (na parte dos mirtílos até vem acompanhado de "Que fofo"). Nada é quantificado. É algo que é intangível. Eles brincavam a isto e àquilo e era maravilhoso. Ninguém lhes perguntou quantas horas passavam nisso. Na segunda parte tudo é quantificado. Respostas sintéticas e inócuas, típicas de crianças que, de resto, pouco mais têm a dizer, o que é natural. ("Eu morreria se ficasse sem o tablet!!!!!!!!")

A seguir vem o vaticínio. O inferno descerá à terra porque eles nunca sairão de casa, o que os meus netos fazem hoje é de fritar os miolos, eles estão a perder o que está lá fora.
E depois a chave de ouro. A natureza faz parte do crescimento das crianças e devemos lutar para que nunca deixe de fazer.

Basicamente, está tudo perdido.

Bem sei, que este vídeo é de uma companhia de produtos alimentares e não é mais do que publicidade. Mas eu encontrei isto numa página pessoal que dizia "Para reflectir..." e após ter dado umas boas risadas (porque eles não saem de casa, e por isso dei-lhe um tablet para as mãos) reflecti, de facto, e cheguei a algumas conclusões. Mas antes das conclusões, há a parte 2.

JM Coetzee - A Desgraça

*Spoilers*

Nunca fui muito de fazer reviews de livros, e, digo desde já, que não se trata de um review mas sim de uma reflexão acerca deste livro de John Maxwell Coetzee.

Li-o há coisa de um mês e, francamente, o livro deixou-me extremamente impressionado. Não posso dizer que tenha uma história fantástica, não é nenhum thriller. Não posso dizer que tenha gostado particularmente de nenhum dos personagens. Mas há algo de extremamente magnético no livro.

O quê? Não sei bem, mas talvez uma mistura de factores que inclui o facto da história não ser incrível e os personagens serem apenas pessoas normais. O realismo é tão premente ao longo do livro e a evolução é tão constante que faz parecer tudo normal como se fosse a história do nosso vizinho do lado. É um pouco difícil de explicar, mas neste livro a impressão da vida que é normal, rotineira, com os "Guilty pleasures" do personagem principal leva-nos atrás dessa linha até sermos esbofeteados na cara com um acontecimento extraordinário que, ao não ser descrito, é descrito na perfeição. A cena do assalto e da violação nunca são descritas em pormenor. Ficam os detalhes no ar o que torna tudo muito mais horrível e asqueroso, pois é deixado à imaginação do leitor decidir os detalhes sórdidos. Tal como na vida real. Quando ouvimos estórias de alguém a quem aconteceu qualquer coisa, costuma ser assim, uma imagem borratada da qual nunca teremos a percepção exacta. E onde muitos autores descreveriam a cena em detalhe (o que não tem mal nenhum, realce-se), aumentando o conteúdo de choque, Coetzee ao não detalhar nada recorre ao realismo mais cortante. Nós não estivemos lá e, por isso, nunca saberemos a verdade do que se passou, mas nunca deixaremos de imaginar e formular a nossa verdade.

Coetzee trata o leitor como um igual. Não condescende interpretações ou explicações. Segue em frente com o seu personagem sem contemplação, sem explicações alongadas. Nâo sou especialista literário mas na minha humilde opinião este livro é o mais realista que já li. Talvez A Morte de Ivan Illitch se lhe equipare, mas A Desgraça é cortante. O ritmo do livro é incrível, lento o suficiente para nos dar a sensação de tempo a passar com as peripécias de Lurie, que nos envolvem até ao momento em que (tal como na vida real) quando menos se espera, há um acontecimento extraordinário a pôr tudo em perspectiva que acontece a uma velocidade que nos deixa indecisos sobre o que pensar. E o realismo continua, com os motivos escondidos dos personagens. Lucy que não quer falar sobre o assunto e escolhe estranhos caminhos diferentes, Petrus críptico em relação a tudo a deixar mil e uma dúvidas no ar, o aparecimento de Pollux, tudo coisas difíceis de entender, mas lá está, de forma realista, nós nunca saberemos o que vai na mente de outra pessoa, por muito próxima que ela nos seja e Coetzee verga o leitor a ter de se resignar que a vida assim funciona. Por vezes, até Lurie, é difícil de entender apesar de narrar e expressar muito do seu pensamento.

E a realidade é que é tudo assim. Tudo vai e tudo vem, de forma inevitável ao sabor do tempo, sempre a contar e que nunca vai parar. E no meio de tudo, muito fica por compreender e pouco é linear. E temos de lidar com isso da melhor forma, imaginando as nossas verdades e as nossas conclusões ou deixando as coisas no ar, aceitando que nunca poderemos decifrar os verdadeiros motivos. No final, A Desgraça está no que não sabemos e não compreendemos.

O cuco que não quis comer as couves

Ontem, surgiu este artigo no The New York Times que foi prontamente contrariado por este utilizador do LinkedIn.

O artigo do NYTimes fala de vários pontos, sendo que, alguns deles estão potencialmente exagerados. Mas o que me chama mais a atenção é a pressão aparente sobre os funcionários e isto é uma questão recorrente em qualquer local de trabalho, dos que eu frequentei até hoje.

A parte mais impressionante do artigo é quando são contadas as histórias de pessoas que passaram por uma tragédia pessoal, abortos involuntários, cancro (no trabalhador e num familiar) e que foram tratados de forma completamente sub-humana.
Na resposta do LinkedIn, aparentemente de um actual trabalhador, o mesmo fala de todos os pontos do artigo do NYTimes mas passa completamente ao lado desta questão da desvalorização e desumanização do trabalhador, limitando-se a dizer que se aconteceu não devia acontecer.

Da minha experiência profissional e da experiência profissional daqueles que me são próximos o tema é recorrente e é o seguinte: Está tudo bem até deixar de estar tudo bem,

O actual trabalhador da Amazon conta como no primeiro dia de trabalho a Amazon oferece um laptop, um pequeno-almoço entre outras coisas relativamente sem importância. Quer ele dizer que as condições que a Amazon oferece são boas e adoça-nos essa percepção com os brindes dados exclusivamente no primeiro dia de trabalho. Mais à frente no artigo conta como têm "Nerf wars" e jogam uns com os outros etc. Aparentemente, o trabalho perfeito.

Contudo, este tipo de recepção é comum. Trata-se daquela questão que as empresas modernas querem levar muito a sério acerca da motivação dos funcionários, mas é nesta questão, precisamente, que a maior parte delas falha e, devo eu dizer, muito. E porquê? Porque, digo eu, a motivação de uma pessoa não é nem nunca poderá ser um trabalho part-time. Não é algo que se possa discernir quando acaba e onde começa. A motivação deve ser sempre considerada em todas as partes do dia, pois, de outra forma, não faz sentido absolutamente nenhum.

De que é que adianta na Amazon darem tudo isso no primeiro dia e nas primeiras semanas é tudo ouro sobre azul, mas chegar à primeira dificuldade e ouvir um "desenrasca-te"? Isto não aconteceu na Amazon (pelo menos, não que se saiba). É apenas um exemplo prático. De que é que adianta dar o litro e estar motivado se quando eu ou um familiar meu tiver cancro (ou outro problema qualquer de menor valor, que também têm impacto, por vezes) vierem dizer que os meus problemas pessoais estão a prejudicar o trabalho? Acham que o trabalhador pensa "pois, mas aqueles brindes no primeiro dia...". Não, não pensa, para o trabalhador isso já lá vai, porque na maior parte dos trabalhos, os brindes nem sequer são coisas propriamente tangíveis. São normalmente coisas que têm um significado mais simbólico do que propriamente material, e, dessa forma, só fazem sentido num contexto de motivação. Se o trabalho de motivação parar a qualquer ponto essas coisas simbólicas, nada significam.

O que as pessoas, e as empresas, não entendem, é que os brindes e os dias dedicados a algo como acontece noutras empresas, ou noites grátis em hotéis, no caso da hotelaria, não aliviam o fardo do trabalho. Na Amazon, como em qualquer outro trabalho, há pressão. Mas sendo a Amazon uma empresa de serviço ao público há sempre um sector que tem mais pressão e esse sector é aquele que lida directamente com o cliente, sendo que a pressão está completamente no soldado raso que tem de atender as chamadas e lidar com o cliente pessoalmente. E podem perguntar: porquê? Porque é o único funcionário que lida não só com as expectativas do superior como com as expectativas do cliente. É o único que está emparedado, muitas vezes, em situações em que não pode satisfazer o cliente e, consequentemente, não pode satisfazer a chefia porque não pôde satisfazer o cliente tornando o cliente num mau cliente. E onde entra a motivação no meio disto?

Eu trabalho na hotelaria, hoje em dia. A certa altura na empresa onde trabalho foi imposto uma classificação alvo a ser recebida por parte dos funcionários até final de determinado mês. Essa classificação, gerida por um famoso site de reservas ao qual recuso fazer publicidade, sendo que a classificação dos funcionários era, à data, a mais alta, e por isto depreende-se dos funcionários se são prestáveis ou não etc.
E agora eu deixo esta simples questão. Se há várias áreas de classificação, como funcionários, limpeza, localização etc. e os funcionários são os que têm a pontuação mais alta, o que é que isto nos diz? Diz-nos que, obviamente, o problema não está nos funcionários mas sim em outros pontos de condição intrínseca à unidade hoteleira. Um exemplo prático. Eu recebo um check-in. Faço o check-in com a maior das simpatias e o cliente nesse momento vai muito satisfeito. Quando ele encontra lixo no balde do quarto (que supostamente deve estar vazio), quando encontra um quarto cheio de humidade, quando quer usar algo que está avariado, como é que acham que ele reage? Eu diria que 80% dos clientes ficam muito aborrecidos e a partir daí não há nada a fazer. Esse cliente está perdido e vai classificar tudo mal. Porque a má imagem é contagiante. Já tive clientes que se vieram queixar porque não tinham cama de casal e depois escreveram uma reclamação e aí os horrores iam ao ponto de cabelos na banheira.

Isto para explicar que aquilo que em inglês é o tão apregoado "Costumer Satisfaction" não depende nunca só da pessoa que atende o cliente porque é uma questão subjectiva e não objectiva. Como é que é possível tornar maus clientes em bons clientes? Nem sempre o é, e devo eu ser criticado e punido por causa disso? Não, não devo, porque circunstâncias são circunstâncias e nada as pode mudar. Há pessoas que simplesmente querem chatear-se. Se eu for criticado, como já fui e muitos outros já foram em questões que não têm culpa nenhuma, o que é que quer dizer as noites grátis que me oferecem? Nada. Porque a partir daí qualquer trabalhador fica com a sensação que é tudo apenas para inglês ver, porque está tudo bem até deixar de estar. E porque quando esperamos por vezes compreensão relativamente a algum erro esporádico ou algo que simplesmente correu mal, não temos compreensão mas sim repressão à base do medo.

O que move o mundo do trabalho é o medo. É o medo de perder o emprego. É o medo de ser deslocado. É o medo de ser repreendido. Medo.

Aqui é que entra a estória do cuco que não quis comer as couves. Começa assim:
Era uma vez um Cuco
Que não gostava de couves.
Mandou-se chamar o pau
Para vir bater no cuco
O pau não quis bater no cuco
O cuco não quis comer as couves
Ele ia sempre a dizer: “Couves não hei-de eu comer!


E acaba assim:
Mandou-se chamar a morte
Para vir matar o polícia
A morte quis matar o polícia
(Substituir morte por patrão) 
O polícia já quis prender o homem (Substituir polícia por vice presidente)
O homem já quis ralhar com o boi (Substituir homem por director)
O boi já quis beber a água (Substituir boi por director regional)
A água já quis apagar o fogo (Substituir água por director da unidade)
O fogo já quis queimar o pau (Substituir fogo por assistente de direcção)
O pau já quis bater no cuco (Substituir pau por chefe de secção)
O cuco já quis comer as couves

Era uma vez um cuco
Que já gostava de couves!


Explicando. No mundo do trabalho de hoje em dia, é frequente encontrar pessoas que não fazem ideia do que se passa no seu local de trabalho, mas, mesmo assim, ocupam cargos de decisão. E tudo corre mais ou menos bem se se tratar de uma equipa de trabalho experiente e calejada. Excepto quando há situações que escapam ao âmbito dos trabalhadores e carecem de decisão superior. Já tive superiores meus a perguntarem-me o que é que eu faria no lugar deles em relação a decisões exclusivamente da sua responsabilidade. Ao que eu não respondi, porque eu não ganho para fazer o lugar deles. Mas quando estas decisões, que são, normalmente, importantes no âmbito do trabalho (daí que não possa ser o fundo da hierarquia a decidir), ficam em suspenso criam-se problemas. E aí começa o cuco a não comer couves. E as coisas vão passando até que chega a morte personificada na imagem do mega chefe impossível de aturar e completamente intratável. E então vem tudo por aí abaixo. E qual é o problema com isso? O problema é revelar a incompetência nas unidades intermédias da hierarquia em resolver um problema, muitas vezes simples.
Uma analogia é aquela em que os enfermeiros podem dar uma sugestão ao médico para prescrever o medicamento, mas se o médico não o prescrever chega a morte (embora neste caso o cuco nunca mais coma couves). Eu posso sugerir a resolução fácil de algo, mas apesar da resolução potencialmente simples a mesma tem de ser aprovada.

O mesmo se pode dizer quando os funcionários adquirem vícios. Como o posto imediatamente acima sabe menos do que os funcionários só quando chega a morte é que as coisas se endireitam.

Resumindo, o que eu quero dizer é que a gestão de humanos não é uma ciência palpável. Não é algo que venha nos livros e depende sempre de pessoa para pessoa. A mim, entusiasma-me pouco uma promoção na conjuntura actual da empresa onde laboro. Outros não conteriam a excitação. Cada pessoa tem as suas motivações e a falha em perceber como é que as pessoas reagem a diferentes estímulos é a perda de qualquer empresa a nível de recursos humanos. E acaba por ser curioso, que a disciplina de recursos humanos tenha conseguido tantos "avanços" ultimamente, mas que esses avanços acabam por esvaziar de humanidade muitos locais de trabalho. As empresas fazem o que vem no livro e depois dizem "Eu já fiz a, b e c, agora têm de render!", lá está, está tudo bem até deixar de estar.

The prince of peace! He's back! But he's pissed off!

Três meses depois volto a escrever aqui. Escrever aqui depende do trabalho e se houver muito trabalho escrevo menos. Portanto, whatever.

Durante este tempo cruzei-me com muitas coisas estúpidas dignas de referência. Ainda hoje, na garagem do meu prédio para um lado estava um tipo com camisa aberta até à barriga dentro de um carro atravessado no meio do caminho. Vou pelo outro lado, contorno a esquina e aí está um carro a bloquear a saída sem ninguém lá dentro, com vários lugares de estacionamento vagos. Eu sei que estavam a essa magnificente distância de cinco metros e talvez não tivessem gasolina, mas por favor, para a próxima vez, previnam-se.

Que mais aconteceu? Fui extremamente mal educado para uma pessoa na rua. Estava a segurar o casaco da minha querida namorada quando fui abordado por um indivíduo com um aspecto um bocado seboso que estendeu a mão para me cumprimentar. Traumatizado pelos meus anos de juventude em que recorrentemente nesse sítio era abordado por tipos a querer extorquir dinheiro e como agora já não sou jovem e até tenho uma fisionomia assinalável (não muitos músculos mas mais porte, ombros largos e pelos do peito a sair da camisola pelo pescoço*) recusei o cumprimento e disse relativamente alto e de forma bastante imperialista "Não fale para mim se faz favor!". A isto obtive a resposta "Ai é assim? É?". "É!" respondi. "Deus o abençoe" disse o tipo e eu disse "Obrigado".
Obviamente fui mal educado e o tipo afinal só estava a pedir para uma daquelas instituições que acolhem toxicodependentes. Mas a questão é que, primeiro, estava a segurar a bolsa da minha namorada para ela vestir o casaco e segundo aquele estender de mão para cumprimentar teve tudo de manhoso pelo que reagi daquela forma.
*Não tenho pelos do peito a sair pela camisola. Felizmente.

Mas enfim, eu vim aqui para criticar pessoas. Não para contar a minha vida.

Hoje quero criticar aquelas pessoas que dizem "Pessoas felizes são mais bonitas". Este tipo de frase falaciosa irrita-me para lá de Saturno. Porque primeiro implica um ideal de felicidade único. Isto é, estabelece um parâmetro. E depois põe um resultado em função desse parâmetro. Passo a explicar com um exemplo prático.

No outro dia vi uma foto que era um casal com a legenda "Pessoas felizes são mais bonitas!". O cenário era um casamento em que estavam os dois sorridentes a segurar um coraçãozinho (atenção que não eram os noivos, eram apenas uns convidados, provavelmente penetras, pelo nível de burrice) e a sorrir de forma protuberante. A beleza deles é indiferente.

Portanto o parâmetro estabelecido de estar num casamento a sorrir e a "curtir" cria o seguinte problema, é que agora, se eu os criticar, é porque não sou feliz. Eu não vou a casamentos, aliás, há duas coisas que agradeço que nem me convidem, casamentos e apadrinhar crianças.
A questão de que se não socializares não és feliz. A questão de que eu sou melhor que tu, porque tu não és feliz e não vais a casamentos e outras tretas que tal. E se não és feliz não és tão bonito. E este é um tema recorrente. Eu sou melhor que tu. Toda a gente pensa isto, mas pouca gente verbaliza este pensamento. Eu sou daqueles que verbaliza este pensamento sempre que acho que é verdade, mas também faço ressalvas sempre que acho que o que eu estou a dizer soa presunçoso. Porque não é do meu interesse ser superior a ninguém, mas ao mesmo tempo, factos são factos.
Contudo, a maior parte das pessoas não verbaliza e cinge-se a estes momentos em que passivamente afirmam a sua superioridade não afirmando completamente mas claramente dizendo, eu sou melhor que tu.

E já oiço ao longe os sons da discórdia "Mas só estavas a partilhar a nossa felicidade naquele momento!" ao que eu respondo, se estivessem só a partilhar diriam "Estamos felizes por estar não sei onde" e não "Estou feliz/sou mais bonito" como se houvesse real correlação.

A existência deste tipo de declarações é como os cadeados de amor. Cria um parâmetro de medição. Eu nunca deixaria um cadeado onde quer que fosse (excepto na minha bicicleta para não ma roubarem ahah). Agora a conversa seria "Pus um cadeado em Paris" ao que eu responderia "Parvoíce". Inacreditavelmente muita gente responde (e isto é verdade, já me aconteceu a mim) "Ah, é porque não amas verdadeiramente a tua namorada".
E agora eu pergunto, o que é que pôr cadeados feito idiota tem a ver com amar alguém? E os humanos estão satisfeitos consigo próprios sabendo que não conseguem um argumento melhor do que este para justificar algo? Francamente!
Mas bem, mais uma situação em que eu que ponho cadeados sou melhor que tu porque não amas suficientemente a tua companheira para o fazer. É risível.

Outro exemplo, e para acabar, conversa real.
"Quero ter um filho" ao que eu respondo "Não gosto de crianças e não quero ter filhos" (eu não gosto de crianças no sentido de não gostar de estar ao pé delas e não gostar de lidar com crianças, para mim, desde que não me incomodem são indiferentes e nunca faria mal a criança nenhuma). Resposta da outra pessoa "Fogo, tu não és humano". Enough said!

Resumindo esta atitude passiva em que aqui e ali as pessoas expressam algo em que não é óbvio mas no fundo a consequência passa por uma clara afirmação de superioridade é a meu ver uma desgraça para o ser humano. É o topo da arrogância. E porquê? Porque olha de cima para baixo para os outros sem sequer ter a contemplação de o estar a fazer. São afirmações levianas que passam outra imagem. Eu sei que pouca gente vai admitir isto, mas é verdade. Porque e aquelas pessoas que estão na solidão e olham para essa imagem, o que sentem? E o que sentem todas as outras pessoas. Claro que ninguém pede para que tenham cuidado com tudo o que afirmam na internet. Mas em vez de fazerem essas afirmações passivas digam de frente que estão felizes porque etc. e tal.

Vai uma grande diferença da pessoa que é segura de si própria ao ponto de o dizer abertamente até à pessoa que nunca o diz abertamente mas proclama constantemente essa superioridade.

Gaza - Cópia de mail enviado à SIC

A SIC transmitiu um dia destes uma reportagem acerca de Gaza. Enquanto é verdade que muitos se poderão sentir comovidos pela reportagem a mesma falho em alguns pontos que considero importantes. Assim sendo, enviei um email à SIC que segue abaixo e fica aqui registado.

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Exmos. Srs.

Na sequência da vossa Grande Reportagem acerca da faixa de Gaza, venho com a presente expor alguns pontos que me parecem relevantes na reportagem.

1º Ponto - Na sequência das mortes das crianças palestinianas na praia vítimas de um ataque da IDF (Israel Defense Forces) é dito que Israel estava a investigar o incidente. E quais os resultados? Estamos em Março de 2015 e isso aconteceu em Julho de 2014. Oito meses.

2º Ponto - É dito que o Hamas controla a Faixa de Gaza. Verdade. É dito que o Hamas expulsou a Fatah da Faixa de Gaza. Também verdade mas isso foi em 2007. 

3º Ponto - Aquando da invasão de Gaza tinha sido estabelecido um acordo de unidade nacional entre o Hamas e a Fatah (1). Este governo de unidade nacional foi considerado legítimo para negociações pela União Europeia e pelos EUA (2). Facto acerca do qual muita insatisfação se manifestou por parte de Israel (3).

4º Ponto - Posto isto, como pode a vossa reportagem saltar de 2007 (altura em que nenhum país aceitaria negociar com o Hamas) para o conflito de 2014 sem explicar que nesse momento as circunstâncias já eram de unidade em vez de divisão? E não ter em conta o desconforto que isso causou dentro de Israel.

5º Ponto - Militantes do Hamas mataram os três jovens israelitas que despoletaram a última guerra. 
Enquanto isso pode ser verdade de certa forma o que ficou concluído é que alguns operacionais do Hamas tenham colaborado. Contudo, não ficou provado que os líderes do Hamas tivessem conhecimento ou participação no planeamento do sequestro e consequente homicídio (4) (Tal como admitido pelo líder exilado do Hamas (5)). Pode parecer irrelevante mas tendo em conta as consequências devastadoras do ataque israelita que ocorreu de seguida seria uma ressalva obrigatória. Será que é justificável matar dois mil palestinianos porque uns radicais mataram três israelitas? Certamente é condenável mas nada que não se pudesse investiga e resolver através de tribunais normais. Talvez pudéssemos fazer a comparação entre acção reacção das mortes das crianças palestinianas na praia (oito meses e a contar) e a reacção às mortes dos jovens israrelitas.

6º Ponto - Iron Dome. Intercepta mais de 90% dos ataques? Qualquer jornalista sério iria verificar esta efectividade. O físico Theodore Postol de Boston declarou o seguinte:

THEODORE POSTOL: Well, we know—we have videos of the contrails—by contrails, I mean the smoke trails left by the Iron Dome rocket motor—that indicate the geometry of the engagement between the Iron Dome interceptors and the incoming artillery rockets. So, for example, if you see a contrail that ends with an explosion of an Iron Dome, and the contrail is traveling parallel to the earth, this means that the Iron Dome attempted to engage an artillery rocket from what you call a side-on geometry, because the artillery rocket is falling in a highly vertical trajectory. In a side-on geometry, the probability of destroying the artillery rocket warhead is essentially zero, for all practical purposes. We also see Iron Domes chasing artillery rockets from behind. The probability of destroying an artillery rocket warhead in that geometry is also zero. We occasionally, very occasionally, see an Iron Dome intercept arising in a near-vertical trajectory. That is the only engagement geometry where the Iron Dome has a non-zero chance of destroying the rocket—the artillery rocket warhead." (6)

Acho que era interessante fazer um contraponto. É muito bonito dizer que a Iron Dome é que defende, quando muito provavelmente os ataques não são assim tão brutais como querem fazer parecer e o que funciona realmente são os abrigos anti bomba.

7º Ponto - Ainda bem que falara sobre o Breaking Silence. Um resumo geral de violações dos direitos humanos nas últimas décadas também seria interessante para mostrar como Israel aterroriza os palestinianos. (7)


Dados os pontos acima referidos, tenho pena que a SIC não tenha sido mais assertiva em referir a brutalidade da invasão israelita. A protecção diplomática que é dada a Israel nas Nações Unidas bloqueando quase todos os anos as resoluções com vista à resolução do conflito. Como os palestinianos estão bloqueados mas não há um embargo às armas israelitas, que devemos lembrar que é um estado agressor.

Eu compreendo as restrições de tempo, mas 35 minutos do nosso tempo não são nada em relação aos quase 50 anos que dura a ocupação israelita e esses 35 minutos deveriam ter sido aproveitados para sublinhar com provas sólidas a brutalidade israelita na Palestina, para que todos vissem e todos ficassem cientes de como este conflito está errado e deveria acabar (já deveria ter acabado) o mais depressa possível.

Com os melhores cumprimentos,

João

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7 - Para um resumo de algumas das violações e crimes de guerra ver Beyond Chutzpah de Norman Finkelstein de 2005.
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A RESPOSTA
Caro Senhor João,

Recebemos a sua mensagem, que mereceu a nossa melhor atenção.

Agradecemos o seu interesse pela nossa estação televisiva e a disponibilidade demonstrada para nos transmitir a sua opinião. Só com a opinião dos nossos telespectadores podemos continuar a melhorar e a ir ao encontro das suas necessidades e interesses. Informamos que a sua insatisfação foi encaminhada para as áreas responsáveis, que tomaram nota da mesma.

Sem outro assunto de momento, agradecendo o seu contacto, e colocando-nos à sua inteira disposição para futuros contactos, apresentamos os nossos melhores cumprimentos, em nome de toda a equipa da SIC.


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Comentário Final

Ao contrário do que a resposta da SIC possa inferir, eu não em sinto insatisfeito. Para me sentir insatisfeito era necessário que em primeiro lugar eu tivesse qualquer tipo de expectativa, que não tinha. 
A esta carta não obtive qualquer resposta. Obviamente, ninguém é obrigado a responder e as pessoas têm mais do que fazer, mas juro que gostava de perceber quais as razões para algumas escolhas na reportagem.