Roma

Terminamos esta semana de ver a série realizada em colaboração pela HBO e pela BBC. Roma. Uma série baseada na história da civilização romana, nomeadamente os tempos de Júlio César, antes e depois da sua morte.

Primeiro destaque para a série. Caracterização. Todos os pormenores são acautelados nesta série. Desde o guarda roupa aos cenários e maquilhagem das personagens. Nesta série é até possivel assistir ao envelhecimento das personagens, deveras fantástico.

Pois então o enredo centra-se sobre dois legionários. Titus Pullo e Lucius Vorenus. Dois legionários da histórica 13ª legião de Julio Cesar. Estas personagens são baseadas em dois soldados descritos nos livros de Julio César escritos durante as invasões na Gália. Julio Cesar descreve Titus Pullo como sendo um legionário intempestivo e com problemas com a hierarquia, este soldado sai da formação e ataca alguns gauleses matando-os mas depois fica encurralado, Lucius Vorenus, chefe da formatura vai atrás de Titus Pullo e mata alguns adversários acabando ele próprio cercado quando Pullo aparece e ajuda Vorenus a sair da armadilha e voltam os dois para a formação. Pullo foi posteriormente castigado mas os dois ficaram bons amigos permancendo esta história como um exemplo de amizade e lealdade. Estes soldados pertenciam à 11ª legião gaulesa, contudo, na série para adaptar esta história à história dos últimos anos de Júlio Cesar estes soldados são caracterizados como sendo da 13ª.

Estas duas personagens são bastante interessantes pela dissonância de comportamento. Vorenus disciplinado, verdadeiro, casado e sem trair a mulher desde há oito anos longe dela, crente nas suas ideias Catónicas e defensor da republica era o oposto de Pullo boémio, inconsciente e intempestivo. Contudo ambos partilhavam a lealdade e eram fortes e corajosos sendo descritos como dois dos melhores soldados da legião.

A história destas duas personagens desenrola-se durante e à volta da história de Júlio César.

Outra virtude desta série é a desmistificação da figura de Júlio César. Nas aulas de história e no senso comum, Júlio César é considerado um ditador impiedoso e cruel que matava todos os seus opositores.

Na verdade Júlio César estava na Gália quando o seu mandato de Consul estava a acabar, para quem não sabe Consul era o lugar mais alto da hierarquia da República havendo dois Consuls, o outro era Pompeu Magno. Sendo assim e tendo os adversários medo que Júlio César voltasse a Roma com o seu exército (a 13ª legião) Catão, Cipião, Bruto, Cícero entre outros senadores importantes, convenceram Pompeu a declarar Júlio César inimigo do estado, todos estes senadores eram considerados por Júlio César amigos, mas especialmente Pompeu e Bruto, com quem Júlio César partilhava amizade profunda.

Depois de declarado inimigo, Júlio César marchou sobre Roma perseguindo os seus adversários que fugiram de Roma até ao Egipto. Contudo Júlio César acolheu Bruto e Cícero de braços abertos e com toda a hospitalidade não permitindo que o pequeno desentendimento afectasse a sua relação de amizade. Mais tarde e depois de saber que Pompeu havia sido assassinado ao receber a cabeça como presente de Ptolomeu, rei do egipto, César levou o acto como insulto e fez questão de se vingar dos assassinos de Pompeu.
Regressou a Roma e tomou medidas para restituir a República, contudo e dada a confusão que estava instalada, pediu que lhe fosse atribuido o cargo de Imperator para um período de 10 anos para restabelecer a normalidade.
Bruto, Cícero, Cássius Longinus e outros senadores começam a planear um plano vergonhoso contra uma das maiores mentes da história. Júlio César implementava medidas para beneficiar os mais pobres em deterimento dos mais ricos, e obviamente esta medida não agradava aos ricos senadores de Roma. Assim sendo, nos Idos de Março, Marco António, aliado de César e militar de categoria superior é travado na entrada do senado, onde são proibidas armas. Júlio César entra sozinho e os senadores interpelam o Imperator esfaqueando-o até à morte nas escadas do senado. O último golpe foi dado por Bruto. A nós pelo menos causa repulsa que se tome tal acto contra homem tão nobre e requintado como Júlio César que perdoou os seus inimigos, para quê? Para que se desse tal traição e assassinarem-no da forma mais bárbara na casa da república.
Voltando ao início, fica provado que Júlio César não é impiedoso nem cruel, apenas é mais inteligente que todos os outros e ninguém o conseguiria vencer numa luta pública justa. Assim sendo planeou-se uma traição horrível para o matar.

A história da primeira série desenrola-se essencialmente à volta disto com os dramas de Vorenus e Pullo à mistura que não revelamos pois serão spoilers. Há, obviamente, várias partes bastante ficcionadas na série e que não devemos levar como certas, para isso aconselho toda a gente a informar-se sobre a verdadeira história antes de tomar tudo o que acontece na série como sendo verdade.

A segunda série centra-se no pós morte de Júlio César. A confusão é instalada e Marco António e Octaviano, sobrinho de César, aproveitam para ficar com o poder de Roma. Realçar que Marco António sempre foi leal a Júlio César e apenas aproveitou a oportunidade para impedir que os traidores assumissem o poder e declarassem Júlio César um tirano. Depois instala-se a discórdia entre Marco António e Octaviano, este último considerado no testamento de Júlio César como filho legítimo do Imperator. Octaviano quis receber os méritos desse testamento que lhe contemplava todos os bens que restassem de Júlio César após a doação de uma porção de dinheiro ao povo de Roma, também prevista no testamento. Assim sendo Octaviano parte para norte e trava uma luta com Marco António, vencendo a luta com o apoio do senado. Bruto e Cassius foram obrigados a sair de Roma e Octaviano declara-os inimigos do estado e assassinos de Júlio César. Alia-se a Marco António e derrotam os assassinos sendo que depois a discórdia volta a instalar-se e termina com a victória de Octaviano.

Toda a série está perfeita, a ficção está perfeitamente misturada com a verdadeira história de Roma, não estando nem de mais nem de menos, permitindo assim que a série tenha um enredo bem mais interessante do que aconteceria se restringisse apenas à história real. Os actores são de excelente qualidade e adequam-se perfeitamente aos perfis das personagens.

Série que para nós, é a melhor série a nível histórico que se pode ver. Excelente.

dEUS - A Biografia Completa

Para começar o nome. Há várias versões quanto ao nome, há quem diga que Tom Barman se baseou num disco das Sugarcubes, das quais faziam parte Bjork, chamado Lifes too good que continha uma faixa chamada Deus. Há também a hipótese de querer dizer mesmo Deus no verdadeiro sentido que a palavra assume em português. Contudo o nome tem ainda a questão das Maiúsculas invertidas. dEUS. Maiúsculas invertidas são um simbolo do diabo. Mas há cinco hipóteses.

dEUS

dEUS é escrito com D pequeno porque eles não pretendem ser deuses.
dEUS é escrito com D pequeno porque é fixe.
dEUS é escrito com D pequeno porque sobressai na impressão.
dEUS é escrito com D pequeno porque o tecnico de impressão esqueceu-se do Caps Lock ligado quando escreveu o nome.
dEUS é escrito com D pequeno para que fiquemos todos a pensar porquê com D pequeno.

Versão oficial de Tom Barman diz que foi só para parecer melhor pois ele não gostava da forma normal de escrever Deus. A maneira de se pronunciar em inglês é como Play Us.

Pois então. dEUS foram formados em 1991 por Tom Barman e Stef Kamil Carlens semanas depois de terem tocados juntos numa jam session em Antuérpia.
A primeira formação consistia nos seguintes elementos que atingiriam a Final da Humo Rock Rally na Bélgica. Tom Barman (vocal e guitarra), Stef Kamil Carlens (vocal e baixo), Klaas Janzoons (violino), Oliver Defossez Deajean (harmónica), Mark Mayers (guitarra) e Mark Willems (bateria). Ficaram em nono na competição e fizeram uma pequena tour em Espanha.

No regresso a Antuérpia Mark Willems e Mark Meyers saíram e entraram Julles de Borgher (que era o condutor da carrinha de material dos dEUS) e Rudy Trouvé pintor e guitarrista bem mais experiente que os outros membros da banda. Assim esta formação partilhava influências por bandas como Captain Beefheart, Tom Waits e influências do Jazz como John Coltrane e apresentavam o seu show de uma forma totalmente livre e quase que improvisada acentando num estilo que abrangia desde prog rock a folk, jazz e punk. Na Bélgica abriram para várias bandas. Gravaram as suas primeiras demos que acentavam numa música ziguezagueante e irregular atravessando imensos estilos. Ainda em 1992 Peter Vermeersch (X-Legged Sally) e Pierre Vervloesem produziram o EP lançado em nome individual chamado Zea. Uma publicação muito rara entre fans portugueses que contava com três faixas. Zea, Great American Nude e Right as rain. Este Ep apenas foi lançado em 1993.

No fim do ano assinaram pela editora BANG e foram pra estúdio gravar o seu primeiro album lançado em Fevereiro de 1994. As actuações em Glastonbury e na abertura de um concerto da banda Girls Agains Boys chamaram a atenção da Columbia e da Island sendo que no final de Junho assinaram pela Island em Julho foi lançado internacionalmente o primeiro single. A caótica e brilhante Suds & Soda.

WCS

Seguiram-se vários concertos pela Europa em que nunca tocavam a mesma música duas vezes da mesma maneira e os shows incluiríam até artistas circenses em palco numa encenação caótica e nem sempre bem sucedida. Em Outubro de 94 foi lançado na Europa o disco Worst Case Scenario por mão da Island. O disco foi aclamado pela crítica recebendo até nomeação para os prémios MTV. O disco é uma mescla de estilos misturados com muita loucura e e um caos tremendo tornando cada musica mais imprevisível que a outra.

Uma extensiva tour por 17 países se seguiu sem Julles de Borgher nos primeiros 4 meses devido a uma fractura do tornozelo. Didier Fontaine, baterista de sessão, substitui-o. Nessa altura sai também o bootleg Hard Nights Daze. Gravado na capital inglesa em 15 de Março de 1995. Os outros singles foram a enigmatica Via, e a cinematografica e tensa Hotellounge (be the death of me). Refira-se que este bootleg não é oficial.

MS=

Junho de 1995 é lançado My sister = My Clock. Um trabalho quase surreal que consiste numa faixa de 25 minutos em que vêm 13 esboços de projectos de todos os membros da banda. Só disponivel por encomenda postal. Este lançamento marca também a saida de Rudy Trouvé que saiu para se concentrar nos seus imensos projectos.Foi susbsituído em Agosto pelo escocês Craig Ward que tocava com Tom Barman e Carlens na banda tENERIFE e já havia participado em algumas músicas dos dEUS.

A banda pára de dar concertos para se concentrar na gravação do seu segundo disco In a Bar Under The Sea. Escrito depois de Pukkelpops e Lowlands, Barman compôs 7 músicas, Ward 1 e Klaas uma também.

Porduzido por Eric Drew Feldman dos Captain Beefheart, este disco teve a sua primeira audição em Theme From Turnpike.

IABUTS

Baseada num riff de Charlie Mingus (Far wells, Mil valley) os dEUS adicionaram camada sobre camada de instrumentos, com uma voz sombria e distorcida a culminar num climax quase industrial. O video desta música abriu para o filme Trainspoting por toda a Europa e consistia em Seymour Cassel a caminhar pelas ruas de Paris com Sam Louwick, dançarino, a fazer figuras quase esquizofrénicas no percurso. Este video foi filmado como abertura de um filme inexistente. Refira-se também que este videoclip foi exibido em toda a Europa antes do filme "Trainspotting". Em Agosto de 1996 lançaram a "poppy" Little Arithemtics que só não teve mais sucesso comercial muito provavelmente por causa do caos que se instala no final da música.

Stef Kamil Carlens deixa a banda logo a seguir para se concentrar na sua banda Beatband, mais tarde Moondog Jr. e actualmente Zita Swoon. (versão não-oficial é de que terá deixado os dEUS depois de um desentendimento entre a namorada dele e Tom Barman). Para substituir veio o não tão original, mas não menos virtuoso Danny Mommens que também tocava nos tENERIFE. Perto do fim do ano é lançado Roses como single.

Uma música bastante calma com uma aceleração chocante de dois segundos que é o interruptor que liga o caos paranóico que evolui daí até ao fim.

No Reino Unido abriram shows de Placebo e nos EUA abriram para os Morphine e os Blur tendo tocado no South by Sothwest em Austin, concerto que lhes valeu excelentes críticas.
O último single deste disco foi Fell off the floor, men! que é uma musica que consiste numa mistura de rock e rap com harmonizações e batidas complexas. No final de 1997 Tom Barman e Craig Ward deram vários concertos acústicos na Bélgica terminando assim o periodo In a Bar under the sea.

Ainda neste disco está aquela que é considerada pelos fans a melhor música de sempre dos dEUS. O épico Gimme the heat.
Também neste disco está aquela que é considerada a pior música de sempre dos dEUS. A realmente esquisita Shocking Lack Thereof, a única música apenas escrita pelo violinista Klaas Janzoons.

Grande parte do ano de 1998 foi passado em Ronda, Espanha.

dEUS com a produção de David Botrill lançaram o disco mais regular da banda mas não menos brilhante.
The Ideal Crash é um disco que alterna entre a sombra e a luz onde aparece aquela que é para mim a pérola mais brilhante dos dEUS. Magic Hour.

TIC

O primeiro single, Instant street, uma música muito fácil de se gostar, bastante alegre e de uma simplicidade aparente apaixonante que se esborracha num final extasiante e caótico. Foi lançada em Fevereiro de 1999.

Este é também o primeiro disco sem a participação de Carlens e Trouve. É um disco que revela mais em cada audição e considerado por alguns uma obra prima do pop-rock. Não tem uma música má.
Uma extensiva tour com mais de 100 concertos se seguiu. Os concertos desta altura eram muito bons sendo uma das melhores bandas ao vivo da Europa e também uma banda estabelecida como uma das melhores bandas alternativas numa altura em que dominavam os Radiohead. Alguns críticos musicais belgas consideram que se os dEUS fossem Ingleses ou Norte Americanos teriam facilmente atingido o estatuto de bandas como os Radiohead ou R.E.M. cujo vocalista Michael Stipe é um admirador confessos dos dEUS.

Sister dew uma música sobre um homem que assassinou a sua namorada e que passa por três estados de espírito diferentes foi o segundo single. O terceiro e último single foi The ideal crash que consiste num carrossel de som assinalando uma pequena incursão electrónica da banda.

Cerca de 800.000 discos vendidos e o fim da década marcam o fim do glorioso ciclo dos dEUS. 5 anos de interregno se seguiram onde Barman aproveitou para realizar a sua primeira longa metragem "Any way the wind blows". Em 2004 a banda lança No more loud music e No more video, um cd e um dvd respectivamente com os maiores sucessos da banda. A nova música Nothing really ends figura no disco mas foi lançado em single também para que os fans não tivessem de comprar um cd por causa de uma música.

No more loud music

A banda reúne-se mas o ego de Barman e o ego de Julles de Borgher chocam numa absurda discussão sobre quem era o dono da banda (não oficial). De Borgher deixa a formação e é substituído por Stephen Misseghers ex soulwax. No fim da participação nos dEUS De Borgher diz que o momento mais alto da carreira dele foi quando no fim de um concerto o baterista de Radiohead, Phil Selway, o abordou e disse que dEUS era uma das suas bandas de eleição.

A banda começa a ensaiar para o novo disco num período conturbado onde o enorme ego de Barman terá levado à saida de Craig Ward e Danny Mommens. Craig Ward argumentou não querer mais fazer tournees extensas pois queria dedicar-se à família. Curiosamente poucos meses depois Carig Ward lança dois discos com Mauro Pawlowski e Rudy Trouvé, The Love Substitutes e um disco experimental intitulado "Pawlowski/Trouvé/Ward". Danny Mommens juntamente com a sua esposa formam os Vive La Fete e Danny sai dos dEUS para se dedicar exlusivamente ao projecto.

Assim Barman para terminar as gravações chama Alan Gevaert, baixista belga com pouco currículo e o improvável Mauro Pawlowski. Improvável porque esperava-se que Tim Vanhamel fosse o escolhido pois havia feito a tour do Ideal Crash com os dEUS e é considerado o mais talentoso guitarrista rock da Bélgica. Mauro Pawlowski que tocou com Tim Vanhamel nos Evil Superstars é também considerado uma lenda na Bélgica dada a sua extraordinária capacidade de lançar material novo sendo que consta que já tocou com 432 bandas diferentes, para além dos Evil Superstars e Mitsoobishi jackson. Os trabalhos deste homem vão desde música para teatro de marionetas até composições para musicais.

Pocket Revolution sai em 2005 e é um disco totalmente sombrio. Bad timing é o primeiro de três singles pessimamente escolhidos. Bad timing é uma excelente música mas peca por ter SETE minutos, embora a sua composição seja extraordinária dada a forma como se adiciona camada sobre camada para atingir o topo.
7 day 7 weeks sucede. Uma música banal demais para a banda em questão, isto quando no disco se encontram músicas como Nightshopping, Cold sun of circumstance, Sun Ra e If you don't get what you want e até a prórpria Pocket Revolution.
Por fim What we talk about (When we talk about love) é uma música sofrivel no disco mas bastante interessante ao vivo.

Pocket Revolution

Barman durante a tour e depois de um concerto em Lille decide acabar com os dEUS no fim da tournée. No show seguinte em Paris volta atrás na decisão após ter experienciado (segundo ele) um dos melhores concertos de sempre da banda.

Uma tour com 150 concertos em 4 continentes serviu de acentação para a formação actual que partiu para a composição de um novo disco.

0110

O fim desta tour foi no evento 0110 organizado por Tom Barman e consistia num festival de 1 dia em Antuerpia, Bruxelas, Charleroi e Gent com várias bandas belgas numa manifestação a favor da tolerância e contra o racismo. Do qual falaremos mais noutro post.

Após o final da tournée os dEUS entraram de imediato em estúdio, Tom Barman, contagiado pela velocidade com Mauro Pawlowski lança material em projectos diferentes, esperou apenas um ano para lançar um novo disco. A tour acaba em 2006 e nos finais de 2007 o album está quase pronto.
Durante a produção deste album os dEUS conseguiram também concretizar o projecto de criar o seu próprio estúdio ao qual chamaram Vantage Point.
Este estúdio localiza-se numa propriedade do violinista Klaas Janzoons e podem ser vistas algumas partes do mesmo no espectacular website que a banda criou com vistas panorâmicas do estúdio e das suas divisões. O disco que saiu chamou-se também Vantage Point.

Vantage Point

A qualidade deste disco é boa mas não compete com as pérolas Ideal Crash, Worst Case Scenario ou In a Bar Under The Sea. É um disco obviamente diferente numa vertente mais light. É um disco bastante mais fácil de ouvir que os primeiros e até mesmo que o antecessor Pocket Revolution. Os destaques deste album vão para o single Slow, uma música bastante sinistra com cantos gregorianos lá pelo meio e que conta com a participação de Karin Dreijer Anderson dos Knife.
O outro single foi Architect, uma música para pôr toda a gente a dançar. Simples mas viciante. Favorite Game foi o útlimo single e é uma música de rock bastante bem feita e conjugada com um lirismo um pouco ácido.

Das restantes citamos Oh Your God, psicadelismo e velocidade numa música exfusiante, Eternal Woman, a qual ganhou prémios para melhor videoclip em vários festivais de cinema. Lá no meio do disco aparece uma música fenomenal, Is a Robot. Excelente música desde a letra à sonoridade um pouco ácida e agridoce. Depois há Smokers Reflect, Vanishing of Maria Schneider, When She Comes Down que são músicas bastante aceitáveis. A última música chama-se Popular Culture, uma música bastantes furos abaixo do nivel da banda, mas bem, a gente perdoa.

Os concertos desta fase são de excelente qualidade, a banda firme e segura começa com setlists onde essencialmente figuram músicas dos dois últimos albuns de originais deixando os três primeiros albuns desprezados, essencialmente The Ideal Crash cuja única música presente nos concertos era a inevitável Instant Street. Fez-se notar descontentamento entre alguns fans dos dEUS e a banda na sua tour de outono introduziu jóias mais antigas como Little Arithmetics, Let's see who goes down first, Everybody's Weird, Magdalena, Morticiachair e até a mítica Gimme the Heat. Durante o Outono a banda também tocou uma música nova chamada, Dark Sets In. Neste momento os dEUS são uma banda afirmada no cenário europeu e são das melhores bandas europeias ao vivo. A mistura da exuberância de Tom Barman, com a postura e calma de Klaas Janzoons e a ausência permanente em que Mauro Pawlowski parece viver fazem desta banda um exemplo de mistura de ideias. Sempre com muita humildade e respeito pelos fans.

Uma banda simples e que os verdadeiros fans têm dificuldade em partilhar pois é tão especial que dá vontade de guardar só para nós.Agora a banda está em processo de criação e gravação do próximo disco, ainda não se sabe absolutamente nada do novo disco nem sequer uma data aproximada de publicação. Apenas que será em 2010, dado que até então Mauro Pawlowski vai estar ocupado com a companhia de teatro a Ultima Vez de Wim Wandekeybus.

Entretanto e comemorando os 15 anos da edição do primeiro disco da banda os dEUS reeditaram Worst Case Scenario com o disco original remasterizado, um cd de b-sides e um dvd com um documentário chamado "Time is the state of my jeans" e algumas performances ao vivo da época.

The Raconteurs - Consolers Of The Lonely

Olá, a quem quer que leia isto. (Acho que ninguém, mas não quero que me acusem de ser mal educado!)

Hoje falo do segundo disco da curta carreira dos Raconteurs. Banda formada por Brendan Benson, Jack White, Jack Lawrence e Patrick Keeler.

Primeiro os membros. Jack White, guitarrista e vocalista da banda, nem vou dizer muito mais senão que é o lider dos White Stripes, productor dos seus próprios projectos e quem não o conhece é melhor conhecer porque estão a perder o trabalho de uma pessoa que certamente será uma lenda daqui a uns anos.
Brendan Benson é um autor a solo com alguns trabalhos lançados, é guitarrista e vocalista. Patrick Keeler e Jack Lawrence, baterista e baixista, respectivamente, são ambos de uma banda de jazz chamada Greenhorns.

O disco insere-se num estilo rock/country bastante leve e agradável. Todas as músicas foram escritas em colaboração entre Brendan Benson e Jack White.
Um dos detalhes que mais me agrada nesta banda é o cuidado de composição. Nenhum pormenor da música é deixado ao acaso e todas as músicas dão a sensação de estarem completas e na melhor forma possivel. Este pormenor, deve-se, a meu entender, muito à combinação de processo criativo entre Benson e White, White mais explosivo e Benson mais requintado.
Outra coisa que me agrada bastante é a uniformidade do disco. Não há altos e baixos, há sim um nível que se mantém durante todo o disco. Desde a primeira faixa à última faixa encontra-se um trabalho homogéneo. Note-se que com isto não quero dizer que as músicas são todas parecidas.

No álbum destaco a Consolers of the Lonely, primeira música do disco e também a que dá o nome ao mesmo. Uma música rock, com um tom divertido e com um fim espectacular com Jack White a mostrar que os grandes solos não são só os complicados. You Don't Undestand Me, uma balada com uma letra no mínimo incomum para uma música romântica "Why don't you turn it around, it might be easier to please me", sintomático.
Old Enough e Top Yourself, uma mistura futurista de guitarras acústicas num estilo country com uma música rock. As letras são bastante engraçadas e revelam uma visão que normalmente não se contempla em muitas bandas. Enfatizamos a riqueza e a diferença de lirismo em relação a outras músicas do género na Top Yourself com os versos iniciais "How you're gonna top yourself when there is nobody else, How you're gonna do it by yourself cause I’m not gonna be here to help you". Deveras inesperado!

Many Shades of Black, é uma música grandiosa por toda a carga emotiva que a acompanha. Mais uma vez a letra é inversa ao normal, usualmente em musicas românticas ouvimos o citar da dor e do mal estar pelo fim da relação, nesta é mais assim: "Everybody sees and everyone agrees that you and I were wrong and it's been that way too long, So take it as it comes and be thankful when it's done, there's so many ways to act, and there's many shades of black".
Continuando, outra das pérolas do disco é Rich Kids Blues, uma música perfeita e bastante tocante que vai num crescendo até ao final exfusiante.
No final, Carolina Drama, uma música que retrata uma história, segundo eu apurei, recorrente no estado da Carolina do Norte, de uma mescla de relações proibidas e violência doméstica. Se quiserem saber o final da história, perguntem ao senhor do leite. Interpretação espectacular de Jack White.

Estas são as que destaco, mas obviamente as restantes são também de óptima qualidade. A mistura das vozes e alternância das mesmas entre Benson e White confere um colorido enorme ás músicas. A mesma mistura se pode observar na guitarra com dois estilos totalmente diferentes mas que combinam de forma bastante interessante neste disco. Nota também para Jack Lawrence que toca baixo e proporciona um som bastante forte, às vezes quase como uma guitarra. Patrick Keeler, toca bateria e quase que livremente, não alinhando nas linhas comuns de bateria rock, o que é natural dado ser um baterista de jazz.

Se puderem ouçam.

Os Sopranos

Já há dois meses que terminamos de ver a série da HBO "Os Sopranos". Depois de digerirmos tudo muito bem digerido escrevemos agora uma opinião.

Quando compramos a caixa com todas as séries sabíamos à partida que era uma série de grande qualidade, sabíamos um pouco do enredo até porque acompanhamos parcialmente a série quando passou na rtp2. Obviamente esperávamos o melhor de uma série por muitos rotulada a melhor de sempre.

Sem entrar em pormenores da história porque são seis séries e nunca mais sairíamos daqui podemos dizer que a série é de facto fenomenal. Vai desde o guião e enredo a toda a uma série de pormenores fascinantes e quase escondidos que tornam a série um vício assinalável. Destaque para a interpretação fenomenal de todos os actores. Os nossos favoritos são James Gandolfini e Edie Falco no papel de casal Soprano. Tony Soprano é uma personagem super interessante que conseguimos adorar e odiar, mas acabámos sempre por perdoar as coisas menos correctas que ele fez. É interessante como o personagem nos leva a defender uma entidade tão dúbia e criminosa como a máfia, nos aspectos relativos à série. Ao ponto de odiarmos os polícias que estão sempre em cima do clã Soprano e da máfia em geral. James Gandolfini tem uma bela bota para descalçar, desligar-se completamente da personagem, não em relação a ele mas sim em relação ao público. Já vimos excertos de algumas interpretações dele e estamos sempre à espera que aquele homem expluda a qualquer momento num ataque de fúria "a la Tony Soprano".

Carmela Soprano é uma mulher de armas que vive com várias coisas com que poucas mulheres conseguiriam, contudo sem ser totalmente fútil. Quase sempre é possível verificar que ela põe sempre o interesse dos filhos em primeiro lugar, até quando se separa de Tony. Torna-se também ela uma personagem fascinante com todos os altos e baixos durante a história. E obviamente pelos seus "Oh my God!!!"

Os Sopranos são certamente a melhor série no que toca ao presente, isto é, excluindo aquelas séries históricas e de época pois não é possível estabelecer uma comparação entre Sopranos e, por exemplo, Roma. Mas em relação a séries contemporâneas Sopranos é sem dúvida a melhor. Tudo é humano e em quase todas as reacções de todas as personagens podemos encontrar justificações nas virtudes e defeitos das mesmas, sem que isso esteja completamente explicado. A série deixa muitas coisas no ar para o espectador entender e interpretar por si próprio.

Os Sopranos são uma série que aconselhamos vivamente. Genial. Criada por David Chase e produzida pela HBO. Vale a pena.

Cinema - Coisas que devemos saber

Fomos ao cinema. E apercebi-me, novamente, porque é que normalmente não vamos ao cinema.

Primeiro. O bilhete custou 5.80€. Não vou dizer que seja exagerado. Contudo, eu paguei por um serviço. Paguei para ver um filme por isso ainda não me entrou na cabeça porque é que à hora de início do filme começou a dar anúncios de outros filmes. Menos ainda quando começa a dar publicidade. É que há uma suposta grande vantagem que à primeira vista se tem quando se pensa em cinema, que é: "Bem, ao menos livro-me da publicidade que apanharia se esperasse para ver este filme na tv!". Pois, desenganem-se, a publicidade está lá. O que eu acho bastante mal. Nem me vou dar ao trabalho de fazer as contas sobre lugares e respectivo preço de cada lugar para ver que as companhias de cinema não têm qualquer direito, ou não deveriam ter (pelo menos de moral) de fazer publicidade.

Segundo. Fomos ver um filme que estava apenas há alguns dias em exibição. Pois então, nunca façam isso. Por duas razões, mesmo que vão à sessão da meia noite vão sempre apanhar umas quantas pessoas, algumas delas obviamente incómodas pois está provado cientificamente que onde há dez pessoas que sabem estar há cinco que sabem estar de forma parola e incomodativa. Ao intervalo as luzes acenderam e de imediato houve um tipo que se chegou para a frente para estar constantemente a desviar o olhar para trás para ver o que se passa. Eu no lugar dele faria o mesmo, sabe-se lá quem é que está atrás de nós! Pode estar um bombista! Nunca se sabe... Ir ao cinema é perigoso!
A outra vantagem de ver o filme quando já está em exibição há alguns dias é que podemos ler reviews e saber o mínimo da história do filme. A isto chama-se - "Reduzir as probabilidades de deitar 5.80€ ao lixo" por João X e Efémera. Mas bem. Se não o fizerem há uma probabilidade de verem uma porcaria de um filme o que é raro (os filmes de hollywood são quase todos espectaculares!!!!!) (ou talvez não).

Terceiro. Quando vejo filmes na tv revolto-me sempre com o intervalo que é sempre prometido bastante curto e acaba a demorar meia hora. Pensava eu (eu sei, que inocente) que no cinema não havia intervalos longos. Mas SURPRESA há intervalos de 7 minutos. Isto em si já é abusivo, contudo a música que passam ainda é mais abusiva e pior ainda, o intervalo demorou 15 minutos. Que eu tenha reparado ninguém disse para deixar os relógios à entrada, para não controlarmos o tempo.

Mas bem, para aqueles que estão curiosos acerca do filme que nos despertou tanta atenção que nos permitiu reparar nestes pormenores todos eu deslindarei já o enigma.

Fomos ver o filme desse "so-called" humorista Sascha Baron Cohen. "Bruno".

O filme conta a história de um homossexual de Viena que quer ser famoso. Uma história muito simples, contudo, mal contada. Aliás, custa-me um bocado dizer que aquilo era um filme, era mais uma mescla de piadas contadas e re-contadas sobre homossexuais e respectivas vidas. Um punhado de imagens obscenas e ridículas sem sequer uma ponta de qualidade artística de filmagem. Posso admitir que o Ali-G tinha a sua piada pois brincava bem com estereótipos, contudo o Bruno cai na repetição de piadas velhas e sem sabor. No fim a pseudo-moralidade com uma canção onde entram Elton John, Slash, Bono Vox, Sting, Chris Martin e Snoop Dog, apoiando a causa homossexual e a paz mundial com outros temas como a fome à mistura. Para mim uma prova do pedantismo das referidas figuras. Se querem defender tais temas, pelo menos usem um espaço ou algo com mais qualidade e conteúdo. Pois referindo a homossexualidade, se nós fôssemos homessexuais sentiriamo-nos humilhados em certas partes do filme.
Para quem gostar de piadas ordinárias misturadas com cenas obscenas e argumento com intuito de ser apenas e só escandaloso, então este é o filme que procuram.
Se, como nós que devemos ser espécie rara (isto porque éramos os únicos que não esboçávamos qualquer sorriso) então guardem o vosso dinheiro. Não vale a pena pelas poucas partes engraçadas que derivam da estupidez total.

P.S. - Se querem rir com algum humor de qualidade comprem o mais depressa possível "Monty Python Flying Circus" as séries completas. Depois digam qualquer coisa sobre o que é que é o humor no mundo.

Filmes

Na última semana eu e a Efémera vimos dois filmes, dos quais esperavamos serem dois filmes que documentassem dois momentos da história mundial.

O primeio que vimos foi "A Queda - Hitler e o Terceiro Reich". Este filme documenta os útlimos dias de Hitler no bunker em Berlim. É um filme extremamente bem feito e que revela vários pormenores interessantes das últimas horas vividas no epicentro da actividade nazi. Proveniente de um testemunho de Traudl Junge, secretária de Hitler, é um filme essencial para se perceber as monstruosidades impostas por Hitler. Não se espere deste filme uma descrição da ascenção do regime nazi. Apenas trata da queda e do fim de todas as personagens principais intervenientes de um capitulo lamentavel da história mundial.
Um filme alemão com uma qualidade de imagem excelente, planos bem executados e bastante realistas. Cenários extremamente bem conseguidos e um guarda roupa que apesar de não ser exuberante cumpriu todos os propósitos requeridos para a realização de um filme da época. Destacar o guarda roupa de Eva Brawn que dispunha dos vestidinhos rurais alemães, característica registada pela secretária e amante de Hitler em várias filmagens feitas por ela própria (Há um documentário bastante interessante feito a partir das filmagens de Eva Brawn em Berghof, base de Hitler nos Alpes intitulado "A vida privada de Hitler". Filme a recomendar e que prova que não é só na América que se conseguem fazer grandes produções.

O segundo filme foi "Marie Antoinette" realizado por Soffia Coppola. Primeira metade do filme é de excelente qualidade. Documenta bastante bem a passagem de Marie Antoinette de Áustria para França e os costumes da época em relação à mulher que se tornaria a "Delfina" de França por casamento com o "Delfim" D. Luis que viria a ser Luis XVI. O filme reflecte o drama da rainha por não conseguir gerar um filho de Luis XVI. A corte não via com bons olhos esse impasse na criação de um Delfim herdeiro do trono de França. Aqui é onde o filme sofre uma transformação bastante discutivel. De uma banda sonora clássica e perfeitamente adequada ao ambiente passamos para uma banda sonora baseada em música contemporânea independente figurando bandas como New Order ou Strokes. Nada a apontar à qualidade das bandas em questão que está mais que comprovada mas em relação ao filme revela-se totalmente desadequado e influencia sobremaneira a vivência que se tem do filme tornando-o quase infantil e adolescente. De apontar também o total alheamento do guião aos acontecimentos que se passavam em França e que levaram ao desfecho do filme onde apenas se vê o rei e rainha dentro de uma carruagem a sair de Versalhes, sem sequer se entender se eles fogem ou se são levados à força. Muito menos mostra o julgamento e dacapitação da rainha. Final ambiguo e relativamente incompreensivel para entender o final da personagem principal, pelo menos para quem não conhece a história.
É uma pena. Condições maravilhosas para a rodagem de um excelente filme histórico. Guarda roupa espectacular e cenários edílicos no Palácio de Versalhes gentilmente cedido pelo governo francês para a rodagem do filme. Contudo estas duas grandes qualidades do filme são anuladas pelo guião pouco revelador e pela banda sonora lamentavel.