Viva

10 Vivas para o livreiro que me disse que o livro Viúvas de Eastwick de John Updike não era sequela de qualquer outro, facto que me levou a comprá-lo.

Para minha felicidade fui verificar que este livro é a continuação, ou sequela, do livro Bruxas de Eastwick e agora não posso ler o livro porque acabei de o comprar, não posso agora comprar o outro.

A sério, muito obrigado.

Snob ou lógico?

Hoje num famigerado programa de TV alguém disse a uma das concorrentes "Não sejas snob em relação à música pop".


A frase é brilhante. Ora bem uma pessoa snob é alguém que aparenta e faz por aparentar ser melhor do que aquilo que realmente é. E eu não vejo mal nenhum em ser snob em relação a uma coisa snob. Porque a música pop de hoje é a snobice (não sei se isto existe mas vai assim) total.

E quando se diz "eu não gosto" ou "acho que é fraco" não se está a aparentar ser melhor do que nada. Está-se a expressar uma opinião. A sorte é que eu não sou a favor do wikileaks porque senão convocava já uma manifestação!!!!

Mas bem, na sequência disto li um artigo sobre esse concerto que passou por Lisboa um dia destes. Da autoria de Nuno Galopim. Podem ler o artigo na integra algures na internet. Procurem que eu não sou vosso pai.

Quanto a mim vou destacar algumas frases e comentar. Vou ser Marcelo por uma hora. Ora então:

"(...)na noite de sexta- -feira, perante um Pavilhão Atlântico cheio e rendido desde bem antes da entrada em cena da rainha da noite.(...)" - Rainha da Noite é um belo tema dos D'Arrasar, ora vejam lá aqui http://www.youtube.com/watch?v=X7COxfC8L0M
Se a Lady Gaga visse esta coreografia e soubesse quantos discos eles venderam nunca mais cá vinha. Ou se calhar vinha cá mais vezes.

"(...)não perdendo nunca a oportunidade para expressar uma atitude política, mais que uma vez trazendo a Lisboa uma mensagem de firme apoio à comunidade LGBT (lésbica, gay, bissexual e transgénero) que tem defendido desde os primeiros passos da sua carreira pública. (...)" Carreira essa que antes de ser pública se limitava a ser uma pianista de jazz. Quem diria. "Be yourself" - That's what she said! Ah! E Nuno então. Isso é política? Vá lá, o que é que aprendemos na faculdade? Eu acho que isso é mais uma questão social. A consequência da sociedade torna-se lei. A lei não é consequência da política. Ai ai ai.

"(...)Lady Gaga não deixou de mostrar porque muitos dela fizeram um ícone de absoluta referência.(...)" Tenho todo o prazer em explicar. O porque é parvoíce. Dela e dos que gostam.

"(...)Tratando os presentes como os seus "monstrinhos" e integrando a palavra Portugal em inúmeros instantes ao longo de todo o concerto(...)"
Tenho a dizer que não gosto desta parte. Há drogados que o nome carinhoso que lhes davam era monstrinhos. Se eles lêem isto vão apanhar uma overdose de desgosto. Tenho a dizer também que 90% da população diz que o país deles, Portugal, é uma porcaria. Mas bem, no concerto é maravilhoso. Já eu vivo num país chamado Portugal e o meu país é extraordinário. Sobretudo do Mondego para cima.

"(...)transportando até a dada altura uma bandeira portuguesa, Lady Gaga mostrou que quem a reduz a uma ideia de estrela para aparato visual e ponto final mais não faz senão expressar um preconceito mal informado. (...)" Fantástico. Eu quando vejo os corredores a ganharem medalhas de ouro penso "Hey, deve-se achar o maior" Mas quando eles pegam nas bandeiras dos países sobem imediatamente na minha consideração. Mas bem, não é só aparato visual, é também música igual a qualquer outra. Aliás, há várias acusações de plágio. E não creio que ela tenha feito plágio, mas só há esse tipo de acontecimentos se as coisas forem bastante parecidas. Acho que isto é bastante claro.

"(...)De facto, e ao contrário de outros grandes espectáculos de grande produção do nosso tempo, ficou claro que a Monster Ball Tour não se limita a uma ideia de monumento para encher o olho.(...)"
Só tenho a dizer. Led Zeppelin - Royal Albert Hall 1970. Só havia uma luz para cada músico. Isso é um espectáculo. Obviamente que a Monster Ball para além de encher o olho enche a paciência.

"(...)ela mesma tocando piano (com uma espantosa atitude showbiz, cruzando diálogos com a plateia com a canção que nos ia apresentando) (...)"
Ah. Que saudades. Do tempo em que eu tinha uma banda e adoptava a minha atitude showbiz. Era eu a tocar uma música e depois parava para contar a história do lobo mau, depois continuava e parava novamente para contar a história da Branca de Neve. O que faz de mim um artista bastante completo. Só que bem, eu não sou protegido do Akon e não tenho jeito para vestidos estúpidos. Desisti da música.

"(...)Lady Gaga é um ícone pop dos nossos dias e a Monster Ball é talhada à imagem e personalidade da figura que já inscreveu na história recente da cultura popular.(...)"
Gostava de entender o que é que foi inscrito. Deve ser parvoíce.

"(...)É uma diva vestida a excesso e glamour, mas também a figura magoada.(...)"
É a primeira vez que vejo alguém dizer que um soutien e umas cuecas é uma indumentária excessiva.

"(...)Do jogo de contrastes nascendo uma voz que a si chama incompreendidos e diferentes, com eles partilhando o baile que, se por um lado é festa e libertação(...)"
É engraçado que quando vi as reportagens pareciam ser o mesmo tipo de pessoas que foram ver os U2, só que ainda mais parolos e havia mais gente com mais de 30 anos.

"(...)apresentando uma colecção de criações de fazer inveja a muita passagem de modelos(...)"
Se a Chanel não estivesse morta, agora morria de vez. Comentário ridiculo. Tal como as "criações".


Enfim.

Há comentários que dizem que ela é a Rainha da Arte, mais do que rainha da pop. Eu tenho a dizer, que Mozart não é só um marco porque o nome dele acaba em art(e) é porque bem, ele compôs música fabulosa. Tal como muitos outros artistas clássicos. Tal como outros artistas pop, rock e de todos os estilos. Lady Gaga é mais um cliché. Tal como a Rihanna tem sucesso por ser protegida do Jay-Z. Tal como a Nelly Furtado por ser protegida do Timbaland. A Lady Gaga é uma protegida do Akon. Infelizmente aqui na Europa tudo pega. E a Lady Gaga passa a mensagem fabulosa de que somos todos iguais, mas agora desafio qualquer pessoa que goste dela a contar as bandas não americanas que tiveram sucesso nos Estados Unidos.
Porque somos todos iguais até certo ponto. Nos EUA há muito poucas bandas europeias a vingar. Tirando U2, Rolling Stones, Beatles, Pink Floyd e, acima de todos, Led Zeppelin, são poucas as bandas que realmente lá chegaram. O que prova que não somos todos iguais e nós, aliás, a maior parte das pessoas aqui come sempre a mesma merda com cheiros diferentes.
Eu não gosto especialmente de U2, Roling Stones e Pink Floyd, mas temos que admitir, todas elas são bandas drasticamente diferentes. E acho que é impossível todas as porcarias que saem dos EUA serem boas ao ponto de merecerem airplay internacionalmente.
Portanto não me venha dizer que Lady Gaga é diferente. É a mesma coisa disfarçada. A música pop de hoje em dia é uma fórmula esgotada. Paradoxal é que continua a vender bastante, apesar de ser uma fórmula repetida. Continua a vender bastante porque continua a haver gente que se deixa levar pela porcaria.
Lady Gaga defende aqueles que são diferentes, mas na verdade entregou-se ao público daqueles que são iguais. Caso contrário não vendia tantos discos como vendeu. E acham mesmo que as pessoas realmente diferentes gostam da música que ela faz? Se eu me for a lembrar de artistas com problemas próprios, relativos à sexualidade lembro-me por exemplo de Placebo. Agora vejam as similaridades.

Eu sei que eventualmente haverá gente que dirá que a minha opinião é má língua, mas é esta a minha opinião, sem preconceitos mal formados. Simplesmente analisando os factos que temos à nossa disposição e estabelecendo um padrão lógico de acontecimentos. Só não vê quem não quer.

Incongruências

Há coisas que me repugnam na sociedade de hoje em dia.

No youtube circula um vídeo de um casal que fazia sexo na Rua de Santa Catarina. Toda a gente sabe mas para quem nunca lá tenha passado é uma rua central da cidade do Porto onde passam todos os dias milhares de pessoas.

Posto isto uma senhora intervém junto do casal (ou bêbedos ou pedrados) no sentido que parem com aquele acto (vergonhoso). Posto isto a tipa que estava deitada no chão pôs-se a pé e ripostou como se tivesse muita razão. Em menos de nada já tinha levado uma chapada e já estavam a agarrar o cabelo uma à outra. O macho do casal pôs-se a pé preparando-se para agredir a senhora que tentou acabar com a vergonha. Nisto aparece um quarto interveniente que lhe atesta um soco que atira o macho ao chão partindo de seguida uma garrafa da qual o casal estava a beber.

Muito bem. Se lermos os comentários do youtube há gente a condenar aqueles que intervieram no sentido de acabar com a pouca vergonha. O que é fabuloso. Porque bem "coitadinhos só estavam a fazer sexo na rua". E as pessoas e crianças têm que aturar com coisas dessas? Será que hoje em dia não há limites para o respeito?

Ora, maior parte das pessoas que defendem a não violência e que as pessoas em vez de partir para a agressão poderiam ter chamado a polícia assumem-se como de Lisboa ou de localidades que não na zona norte.
Tudo bem que se podia ter chamado a polícia mas aquilo mais que um caso de polícia é um caso de civismo. E o civismo é imposto pela sociedade civil, na qual se inclui a polícia, obviamente, mas também se inclui uma coisa mais importante ainda. As pessoas.

Se as pessoas não fizerem nada as coisas vão piorar. Se ignorarmos as nossas responsabilidades civis a civilização vai desaparecer e seremos apenas um bando de animais sem qualquer regra social e sem qualquer respeito.

Já se sabe que para o bem ou para o mal as pessoas no norte são menos tolerantes com este tipo de actos. E sim, sobe mais a mostarda ao nariz as essas pessoas e agem de forma mais inconsequente e bruta. Mas uma coisa é certa, em dois minutos resolveu-se aquele problema. Em vez de esperarmos quinze, vinte ou trinta minutos que a polícia aparecesse e entretanto todas as pessoas que por ali passassem, velhos, adultos e crianças tinham que assistir ao espectáculo degradante. É uma palhaçada.

Consequentemente ontem foi realizada uma manifestação contra o encerramento do wikileaks.

Eu pessoalmente sou contra uma organização como a wikileaks. A liberdade de expressão é algo de valioso. Mas a nossa liberdade é algo de valioso também.

Este tipo de liberdade de expressão poderá acarretar riscos perigosos a curto prazo. A eventual revelação de alguma informação importante pode levar à precipitação de confrontos entre países cujas relações são periclitantes.

Depois há aquela questão de já terem sido revelados 20 000 ficheiros, mas desses quantos são realmente relevantes? Eu não consultei nenhum portanto não faço ideia mas temo que, pelas notícias relacionadas a esse site, dos 20 000 ficheiros pelo menos 10 000 deverão ser irrelevantes.

Finalmente há a questão de maior parte dos documentos serem informações confidenciais. Isso quer dizer que a wikileaks ultrapassa o limite da liberdade. A nossa liberdade acaba quando interfere com a liberdade dos outros. Eu penso que qualquer país deverá ter a liberdade de comunicar livremente dentro das suas próprias instituições.

Apesar disto tudo e de todos os argumentos que se possam dar a favor ou contra a wikileaks é estranho pensar que há pessoas que se virem um casal na rua a fazer sexo descaradamente em frente a crianças e tudo mais, não faz nada, mas se fecharem um site que pouco ou nenhum impacto tem na felicidade comum, é apenas um (mais um) instrumento jornalístico incendiário, nesse caso já fazemos alguma coisa.

Eu sei ou pelo menos suponho que as pessoas que se manifestaram a favor da manutenção do wikileaks poderão não ter nada a ver, ou nem sequer concordam com a falta de acção contra a pouca vergonha que se passou em Santa Catarina. Mas há aqui um padrão, que é bastante grave e é preciso ter noção de isso.

Hoje maior parte das pessoas se vir alguém a ser assaltado, vira a cara, não acode a vítima do assalto. Se vir alguém a ser violado, desvia o caminho, não acode a vítima de violação. Se vir alguém a ser agredido gratuitamente, faz de conta que não é nada com ele, em vez de defender aquele que basicamente está a ser espancado. Isto é preocupante.

Já as pessoas manifestarem-se a favor da manutenção de um site que pouco mais faz do que espalhar brasas (e ainda bem) são só pessoas estúpidas e sem qualquer objectividade.

Remodelações

A todos os leitores eu e a Efémera pedimos desculpa, desde já. Estamos a tentar mudar algumas coisas no nosso (e vosso) querido e adorado blog.

Portanto como não somos masters destas andanças vai levar um bocadinho. Mas prometemos que em breve poderão ver aqui novamente as fotos da Pantufinha, do Kafka, do Castor, da Kita e do Gato. E todas as outras coisas como vídeos etc voltarão a funcionar novamente.

Entretanto pode ser que apareçam novos posts, por isso vão passando.

Saudações citrinas para todos.