Quando Marcelo Rebelo de Sousa se candidatou à presidência, eu fui dos que fiz campanha contra. Na verdade porque Marcelo defendeu coisas que deixou cair após ser presidente.

Quando MRS se candidatou dizia que estava tudo bem na Europa e que lutar por uma mudança seria ficar como a Grécia e, esse argumento foi o que mais me irritou, em par com um certo sentimento, que continuo a ter, que ele esteve a planear a presidência há muito tempo.

Após a eleição, MRS é diferente. De imediato reconheceu que a UE tem problemas que devem ser resolvidos e tornou-se um presidente próximo das lutas do povo, sem virar a cara e sem sacudir responsabilidades.

Defendeu também um cenário de estabilidade institucional, para desalento do PSD e PP, que estavam à espera de ter um aliado incondicional na busca de dinamitar a "geringonça". Isto, porém, é confundido com apoio, e devemos recordar que MRS é um social democrata e vai ser sempre, com alguma naturalidade, por isso, aguardemos os próximos episódios.

Acima de tudo o maior mérito de MRS é mostrar que é possível ser um presidente com intervenção, mas sem criar instabilidade institucional. O que, a meu ver, era óbvio, mas espero que assim se quebre o tabu de que os presidentes devem estar em silêncio e serem apenas uma figura de estado sem qualquer relevância. O papel do presidente é importante e deve ser vincado a cada intervenção e o presidente deve ter, não uma opinião, mas uma agenda para cada um dos assuntos importantes e deve agir de acordo, e é isso que MRS, tem feito.

Até ver, bem. Espero que continue assim.