Hoje em dia o Youtube já não é mais aquele site, sem anúncios, em que as pessoas punham os seus vídeos amadores ou gravados da TV para que toda a gente pudesse ver.

O Youtube, desde a sua venda à Google, transformou-se num meio de negócio sustentável.

Actualmente para além dos vídeos que qualquer um já colocava à disposição, como videoclips, excertos de concertos ou vídeos pessoais (Videoblogs) há um outro universo paralelo de vídeos.

Vídeos com conteúdo original, apenas disponíveis no Youtube através dos "partners" com quem o site tem uma relação recíproca. Nomes como Ray William Johnson, KassemG, Nigahiga, MysteryGuitarMan, entre muitos outros, sendo os que eu referi principalmente comediantes, são agora nomes conhecidos e bem conhecidos no espaço cibernáutico.

A maior parte destes artistas é suportada por uma rede de estúdios que têm contratos com o Youtube e que recebem dinheiro para fazer os vídeos e fazem dinheiro com esses vídeos. O site é sem dúvida um dos mais populares da Internet. Talvez apenas o Google e o Facebook sejam mais populares.

Contudo este formato de Youtube não é para continuar, principalmente para os produtores de conteúdo que pretendem que um dia a TV online ultrapassa a TV convencional.

Maior parte das pessoas que eu tenho ouvido falar está bastante certa que isto vai acontecer num futuro muito próximo, o final das emissões televisivas em prol de emissões online "On Demand".
Eu contudo tenho as minhas dúvidas que a TV seja totalmente aniquilada. Por vários motivos,

O primeiro é saber até que ponto os produtores de vídeos de cinco minutos conseguiram reinventar os seus conteúdos para que durem vinte, trinta ou sessenta minutos. É uma questão que a mim, olhando primariamente para os melhores artistas de comédia do youtube não me parece viável. É preciso que deixem o conceito de vídeo curto para adoptar o conceito de vídeo de longa duração. Sendo que muitos fazem um ou dois vídeos de cinco ou seis minutos por semana tenho dúvidas que o consigam fazer de forma continuada em vídeos mais longos.

O segundo, é saber até que ponto a população mundial está disposta a, dentro de um ano por exemplo (é uma perspectiva dada como viável para muitas produtoras), abdicar da facilidade do televisor com emissão contínua, até porque muitas pessoas, inclusive eu faço isso, simplesmente ligo a televisão para ouvir o barulho como se de uma estática se tratasse.

A terceira questão é saber se é possível financiar uma tv on demand sem exigir uma grande prestação por isso. A questão do financiamento é importante porque se for demasiado cara estará condenada ao fracasso ou ao desconhecimento, pelo te que arranjar novas formas de se financiar, como por exemplo publicidade, mas mais uma vez têm de o fazer de forma cuidada porque ninguém gosta dos anúncios na TV normal e se os anúncios da Tv On Demand se tornarem tão fastidiosos como os da TV bem as pessoas preferem ver TV.

A quarta questão é saber se em inglês e esporadicamente em espanhol a coisa funcionará. Apesar de a maior parte das pessoas hoje em dia conseguir falar, ou aprender a falar o que é certo é que é sempre uma barreira de distanciamento. Vão as pessoas querer ver sempre programas noutra língua que não a delas?

A quinta questão é o facto de muito do conteúdo exibido e mais visto ser normalmente conteúdo protegido como desporto etc. Será que se vai conseguir criar um canal que tenha poder financeiro para garantir por exemplo a transmissão de jogos da Liga dos Campeões? 

Finalmente há a questão do espectador por vezes gostar de ver programas fracos. Não porque gostem deles mas porque há uma certa necessidade de ver coisas que não prestam para depois voltar às coisas "boas". Estarão os espectadores com vontade de ao fim de 30 minutos escolher outro programa, ou preferem as emissões corridas dos canais actuais?

Eu pessoalmente acho que ainda falta muito tempo e quando muito acredito numa espécie de fusão entre a TV e a Internet. Vejo as emissões normais a continuarem mas espero também o aumento e eventual cobrança em conteúdos On Demand e talvez um dia a TV convencional desapareça, mas não creio que seja tão cedo.